De carunchos e traças a ratos e baratas, diversas pragas podem infestar nossos alimentos – mesmo aqueles com prazo de validade maior

Apesar de alguns tipos de alimentos normalmente não necessitarem ir à geladeira, cuidados no armazenamento são essenciais para evitar a presença de insetos ou roedores, que, além de estragar o produto, podem ser vetores de doenças. “As principais pragas que ocorrem em alimentos secos ou desidratados, como os grãos, farinhas, farelos, achocolatados, bolachas, temperos e ervas, massas secas, rações animais e castanhas, dentre outros, são as traças e os carunchos”, contam Marcos Potenza e Francisco Zorzenon, pesquisadores do Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Conforme explicam os pesquisadores, que atuam na Unidade Laboratorial de Referência em Pragas Urbanas do Instituto, as traças são pequenas mariposas que podem colocar seus ovos diretamente nos alimentos ou em suas embalagens. Se estão do lado de fora, as minúsculas lagartas recém emergidas dos ovos irão procurar um acesso ao alimento, através de embalagens mal fechadas, com falhas, ou mesmo perfurando-as. Os carunchos, também chamados de gorgulhos, são pequenos besouros que costumam colocar os ovos diretamente no alimento e para isso acabam perfurando as embalagens, podendo também infestar uma ampla gama de produtos. “Apesar de comuns, traças e carunchos não são considerados vetores de doenças, pois se alimentam e reproduzem diretamente no próprio ambiente, quer seja no ambiente de fabricação ou de armazenamento do alimento”, esclarecem os pesquisadores do IB. “Tais insetos promovem, entretanto, a depreciação dos grãos, farelos, farinhas e produtos à base dos mesmos, o que leva as pessoas a descartá-los. Alimentos altamente infestados estariam em estágio avançado de deterioração e com elevada carga fúngica, portanto impróprios para o consumo”, ressalvam.

Situação oposta, na visão dos pesquisadores, é a das baratas, moscas e formigas. “São consideradas vetores mecânicos de patógenos (transportam micro-organismos capazes de causar doenças), portanto oferecem risco à saúde, uma vez que transitam por áreas contaminadas como esgotos (baratas) ou pousam em fezes, carcaças de animais e materiais em decomposição (moscas)”, alertam Potenza e Zorzenon, enfatizando que alimentos com indícios da presença desses insetos não devem ser consumidos em hipótese alguma. O mesmo alerta vale para a presença de ratos ou pombos.

 

Como evitar as pragas em casa? – “Ao adquirir um produto infestado, talvez o consumidor não perceba logo de início, pois os ovos são de difícil visualização e as larvas muito pequenas. O ciclo de desenvolvimento, de ovo a adulto, de algumas espécies de traças, por exemplo, pode variar de menos de 30 até 50 dias, dependendo da temperatura em que estão armazenados”, apontam os pesquisadores.

Limpeza, organização e atenção na hora da compra são apontadas pelos especialistas como essenciais para impedir que as pragas se multipliquem em nossa despensa. Confira algumas dicas sobre os cuidados que devemos ter:

    • Antes de comprar novos alimentos, faça uma vistoria nos locais onde você os armazena, como despensa e armários, a fim de identificar produtos infestados ou insetos no ambiente. Aproveite para fazer uma limpeza e organizar, separando os enlatados e em embalagens de vidro dos demais
    • Para produtos a granel faça uma lista do que pretende consumir no período de 30 ou 60 dias, evitando comprar mais que o necessário
    • No estabelecimento que costuma comprar seus alimentos, verifique as condições de limpeza e higiene, presença de insetos voando ou nas prateleiras e de fios de seda em recipiente de produtos a granel. Estes indícios representam maior risco de adquirir um produto infestado. Caso o consumidor venha a adquirir o produto e constate a presença de pragas, deve pedir a troca do mesmo no estabelecimento comercial, munido da nota fiscal.
    • Faça uma inspeção quinzenal no seu estoque de alimentos. Um produto infestado poderá ser a causa da infestação em muitos outros, industrializados ou não, uma vez que muitas espécies são generalistas (atacam diversos produtos diferentes).
    • Mesmo no atual período de isolamento social, não é aconselhável estocar grandes quantidades de alimentos. Isso pode aumentar o risco de infestação cruzada, ou seja, as pragas passarem de um produto para outro.

 

O que fazer se meu alimento já está infestado? – Caso a família perceba que o alimento que tem em casa já manifesta a presença das pragas, os pesquisadores do IB orientam que seja feito o descarte. “No caso de carunchos e traças, se o produto não estiver mofado, coloque em uma sacola plástica resistente e mantenha no freezer por 24 horas, a fim de eliminar ovos, larvas e adultos, com posterior descarte no lixo doméstico”, orientam Potenza e Zorzenon. Se estiver mofado ou com indícios da presença de outras pragas, que podem transmitir doenças, a indicação é que se descarte diretamente no lixo. Outra recomendação dos especialistas é não aplicar inseticidas aerossóis nos produtos infestados, pois isso pode causar efeito de repelência e disseminar os insetos pelo ambiente. Tampouco se deve destinar grãos ou farinhas infestados para alimentação de animais domésticos ou de criação. Por fim, fica a recomendação dos pesquisadores de não consumir alimentos com alterações de odor e aparência, ou com a presença de mofo.


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