Nos meses de novembro e dezembro, período das chuvas, estão sendo realizados plantios com semeadura direta nos estados de São Paulo e Mato Grosso

Dsquerda para a direita: Samuel Terenciani Campoy, encarregado agrícola da Usina Santa Isabel; Emerson Viveiros, engenheiro de meio ambiente na AES Tietê; Eduardo Malta, Coordenador Técnico de Restauração Florestal dos Programas Xingu e Ribeira, do ISA; Laura Antoniazzi, sócia da Agroicone e coordenadora geral da Iniciativa; Severino Silva, gerente da Flora Santa Helena e coletor de sementes e o Analista de investimentos na Partnerships For Forests Latin America © Nina Jacob

A recuperação da vegetação nativa com uso da semeadura direta pode ter um custo até três vezes menor do que os métodos convencionais, mas ainda assim é pouco conhecida por proprietários rurais e empresas interessadas em fazer restauração. Para apoiar o método e demonstrar seus benefícios a produtores rurais e empresas interessadas em restauração, a Iniciativa Caminhos da Semente está realizando plantios, durante os meses de novembro e dezembro, em áreas dos estados de São Paulo e Mato Grosso. No Estado de São Paulo, um dos plantios foi realizado pela AES Tietê Energia e Usina Santa Isabel, dia 29 de novembro, no município de Adolfo, em uma área de APP (Área de Preservação Ambiental) da Usina Santa Isabel.

A Iniciativa Caminhos da Semente é coordenada pela Agroicone, com apoio técnico do Instituto Socioambiental (ISA) e apoio técnico e financeiro do programa do Reino Unido Partnerships For Forests (P4F). Os plantios integram o Plano de Ação estratégico, que foi elaborado com a contribuição de mais de 250 especialistas atuando em mais de 160 organizações interessadas em apoiar a semeadura direta em diversos estados. “Nós verificamos que a semeadura direta ainda é um método pouco usado no Brasil, apesar de suas vantagens econômicas e socioambientais, porque existem barreiras importantes para serem resolvidas, sendo uma delas o baixo conhecimento do método em São Paulo”, explica Laura Antoniazzi, sócia da Agroicone e coordenadora geral da Iniciativa.

 

Como funciona – O método consiste em plantar, em solo previamente preparado, uma mistura de sementes de diversas espécies nativas, adequada a cada bioma e fitofisionomia.Para cobrir rapidamente o solo e competir com o capim, a mistura de sementes inclui também espécies de leguminosas usadas como adubação verde, como feijão guandu. Assim, as leguminosas promovem uma cobertura durante os primeiros dois anos, o que favorece o desenvolvimento das árvores.Outra característica é que o plantio pode ser feito com máquinas e tratadores já usados em propriedades agrícolas, como plantadeiras de grãos, ou calcareadeira e adubadeira, sem necessidade de investimento adicional com equipamentos e acompanhamento de agricultores. A partir de dois anos aparecem árvores e arbustos pioneiros, e no período de 10 anos completa-se a recuperação da mata, com uma formação semelhante à vegetação original.

Plantio com semeadura direta © Nina Jacob

No Dia de Campo na Usina Santa Isabel foi feito um plantio dois hectares em uma APP. A Usina Santa Isabel possui duasunidades industriais, localizadas no município de Novo Horizonte/SP e no município de Mendonça/SP, e tem realizado a recuperação de vegetação de suas áreas nos últimos 12 anos, mas essa será foi primeira experiência com a semeadura direta. “Estamos bastante entusiasmados com os diferenciais da semeadura direta e para observar os resultados nessa primeira área. A expectativa de fazer a restauração com redução de custos é muito animadora, porque viabiliza ampliar a área de restauração com um mesmo investimento”, afirma Samuel Terenciani Campoy, encarregado agrícola da Usina Santa Isabel.

“Divulgar a semeadura direta também é um fomento florestal. Para nós, é muito importante mobilizar e motivar todos esses parceiros do entorno a desenvolverem a técnica que faz parte do nosso programa ambiental. Desta forma, aproveitamos para potencializar os resultados do programa Mãos na Mata da AES Tietê. A semeadura direta é uma das técnicas que utilizamos e que atende a licença ambiental de operação. Somos um dos pioneiros em São Paulo na utilização da técnica de semeadura direta de árvores nativas, método que consiste em uma mistura de várias sementes, espécies e tipos de crescimento, e consideramos fundamental a troca de experiência entre diferentes pessoas, organizações, grupos, todos com o mesmo objetivo, que é a restauração florestal”, afirma Emerson Viveiros, engenheiro de meio ambiente na AES Tietê.

 

Importância das redes de sementes – Incentivar a demanda por semeadura direta fortalece o mercado para as redes de coletores de sementes, que geralmente são formadas por comunidades rurais, indígenas, quilombolas, assentados e outras populações tradicionais, com forte participação das mulheres. “A coleta de sementes é uma oportunidade de geração de trabalho e renda para as comunidades e ao mesmo tempo promove o engajamento dos coletores na preservação ambiental. Queremos contribuir para fortalecer e profissionalizar essas redes”, afirma Eduardo Malta, Coordenador Técnico de Restauração Florestal dos Programas Xingu e Ribeira, do ISA.

Na região Centro-Oeste já existem redes de coletores de sementes nativas bem estruturadas, com apoio de organizações como ISA, Instituto Centro de Vida, Instituto Ouro Verde e outras organizações. Em São Paulo, existem experiências também com o ISA no Vale do Ribeira, com a UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos) e Embrapa. Uma das ações da Iniciativa Caminhos da Semente é fortalecer, ampliar e profissionalizar essas redes.

A Iniciativa Caminhos da Semente é coordenada pela Agroicone, com apoio técnico do Instituto Socioambiental (ISA) e apoio técnico e financeiro do programa do Reino Unido Partnerships For Forests (P4F). Com o propósito de ampliar o uso do método de semeadura direta para a recomposição de vegetação nativa no Brasil, elaborou um Plano de Ação estratégico,em conjunto com 250 especialistas de 160 organizações dos setores privado e público. A partir de outubro iniciou-se a implementação, com atividades de capacitação, assistência técnica para novos plantios, aumento da oferta de sementes, soluções regulatórias e divulgação de conhecimento sobre o assunto. O processo de elaboração do Plano de Ação entre fevereiro e julho de 2019 foi registrado em documentário.

O Partnerships for Forests (P4F) é um programa do governo do Reino Unido que visa catalisar negócios no setor de uso sustentável da terra. É um programa de três anos de duração na América Latina, com foco inicial em Brasil e Colômbia e financiado pelo Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial (BEIS). Possui também operações iniciadas em 2016 em países da África Central, Oriental e Ocidental e no Sudeste Asiático. É implementado pela Palladium e pela McKinsey&Company.
Fundada em 2013, pela união de um grupo de especialistas do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (ICONE) que, desde 2003, produz estudos e pesquisas aplicadas e promove debates qualificados em temas do agronegócio brasileiro e mundial. A Agroicone atua nas áreas de economia agrícola, bioenergia, conservação ambiental, comércio e negociações internacionais, trabalhando junto ao setor privado brasileiro e com diversas organizações internacionais de pesquisa e de políticas públicas.
Há 25 anos o ISA atua para alcançar o equilíbrio entre a sociedade e a natureza e para valorizar a rica diversidade socioambiental brasileira. Lado a lado com comunidades indígenas, quilombolas e extrativistas, parceiros históricos, desenvolve projetos que protejam seus territórios, fortaleçam suas culturas e saberes tradicionais, fomentem seu protagonismo político e desenvolvam alternativas econômicas sustentáveis à exploração predatória de suas terras. O ISA tem escritórios e equipes permanentes em quatro estados da Amazônia e compromisso de longo prazo com parceiros das regiões do Xingu e do Rio Negro, além do Vale do Ribeira (SP), e escritórios em Brasília e São Paulo.
A história da Usina Santa Isabel S/A inicia-se em 1977 no município de Novo Horizonte, interior de São Paulo, com uma pequena destilaria com o nome Santa Isabel. A princípio a destilaria era voltada apenas a produção de água ardente de cana-de-açúcar, mas seis anos depois, com uma nova planta, iniciaram a produção de álcool hidratado carburante. Em 1998, com a instalação da fábrica de açúcar, iniciou-se a produção de açúcar VHP e açúcar cristal e, dois anos depois, a produção de álcool anidro, visando o aumento da demanda para adição à gasolina. Em 2006 foi inaugurada a Usina Santa Isabel S/A – Unidade II – instalada no município de Mendonça/SP. As duas unidades juntas são capazes de processar 30 mil toneladas de cana-de-açúcar por dia, produzindo por ano 9,5 milhões de sacas de açúcar e 220 milhões de litros de etanol. Sua infraestrutura é capaz de estocar 2,20 milhões de sacas de açúcar e 64 milhões de litros de etanol. A Usina Santa Isabel S/A exerce atualmente grande responsabilidade social na região, influenciando o desenvolvimento social e financeiro da população de Novo Horizonte, Mendonça e cidades ao redor. Em período de safra a empresa gera mais de 4.500 empregos diretos, além de oferecer projetos de socialização e sustentabilidade à comunidade. Anualmente realiza investimentos em projetos culturais e educacionais através de leis de incentivo e patrocínios.
A AES Tietê atua como uma plataforma integrada de energia com soluções sustentáveis e customizadas de acordo com as necessidades de seus clientes. Está entre as maiores companhias de geração do Brasil, atuando no país há 20 anos. No seu portfólio, com capacidade instalada total de 3,3 MW, estão 9 usinas hidráulicas e 3 pequenas centrais hidrelétricas, localizadas no Estado de São Paulo, que alcançam 2,6 MW de capacidade, o Complexo Eólico Alto Sertão II, com capacidade instalada de 386 MW, na Bahia, e, os recém inaugurados Complexos Solares Guaimbê e Ouroeste, em São Paulo, que somam aproximadamente 300 MW de capacidade. O Centro de Operações de Geração de Energia (COGE), localizado em Bauru (SP), é o mais tecnológico do setor no país e opera remotamente todos os ativos da companhia.

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