Seminário Técnico do Trigo reuniu no Paraná mais de 100 empresas da cadeia do trigo. Debates envolveram a introdução de novas tecnologias na cultura, pesquisas sobre o manejo pré e pós-colheita e qualidade da farinha
Cerca de 400 pessoas participaram da 8ª edição do Seminário Técnico do Trigo do Paraná, nesta quarta-feira, 10 de abril. O evento reuniu todos os elos da cadeia de produção de trigo em Campo Mourão/PR – uma das mais tradicionais regiões produtoras do cereal no Estado, com cerca de 10% da área e da produção. Participaram agricultores, produtores de sementes, cerealistas, técnicos e moinhos dos estados do Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal, Goiás e Paraguai.
Os efeitos da temperatura e do tempo de secagem dos grãos na qualidade da farinha foi o tema da palestra da supervisora de qualidade industrial da Biotrigo, Kênia Meneguzzi. Ela citou os primeiros dados de uma pesquisa iniciada na safra de 2018 da Biotrigo em conjunto com o Instituto Federal do Rio Grande do Sul, Campus de Ibirubá, que testou diferentes tempos e temperaturas de secagem dos grãos e os efeitos na qualidade da farinha. “Um processo de secagem mal feito compromete a qualidade tecnológica da farinha, porque altas temperaturas ou exposição excessiva ao calor desnaturam as proteínas presentes no grão e os efeitos são percebidos na massa, que perde extensibilidade e força”, explicou. Um dos testes realizados é a alveografia, que permite analisar características como Força de Glúten (W), Tenacidade (P), Extensibilidade (L) e a relação entre Tenacidade e Extensibilidade (P/L). “A condução inadequada desta importante etapa, pode comprometer a comercialização dos lotes de trigo, pois limita a utilização dos grãos pela indústria. É importante saber que o trigo é diferente da soja, por exemplo, que tolera temperaturas maiores. Para o trigo, o controle do secador e a temperatura da massa de grãos são imprescindíveis para que a qualidade entregue pela genética e construída no campo cheguem até a indústria”, concluiu.
Giberela do trigo – Ainda falando sobre qualidade dos grãos, um dos temas em discussão foi a importância do manejo da Giberela do trigo e como os cuidados no campo, além dos processos de armazenagem, beneficiamento e secagem dos grãos, podem comprometer ou valorizar um lote de grãos. O tema foi introduzido na palestra do fitopatologista da Biotrigo Genética, Paulo Kuhnem, que ressaltou as mudanças estabelecidas pelo Ministério da Agricultura no que se refere as toxinas produzidas por esta doença. O manejo para a adequação destes níveis de DON inicia-se no campo pela utilização de cultivares com maior nível de resistência genética à doença. “Por não se dispor ainda de cultivares imunes é muito importante que os produtores e assistência técnica estejam monitorando o desenvolvimento da cultura e as condições climáticas para realizar aplicações de fungicidas no florescimento e reduzir os teores de micotoxinas nos grãos colhidos”, disse.
Cuidados no pós-colheita – O gerente de produção de sementes, Bruno Moncks da Silva, deu seguimento ao tema abordando a importância dos cuidados no pós-colheita. Ele citou os primeiros dados de outra pesquisa da Biotrigo, realizada em parceria com a Universidade de Passo Fundo (UPF), que avaliou o uso de equipamentos, comuns no fluxo de beneficiamento de sementes na redução do DON em trigo. Segundo Bruno, a partir do momento que as cargas colhidas entram na unidade de recebimento, os processos de pós-colheita se tornam indispensáveis para preservar e/ou melhorar a qualidade de um lote de grãos. “Os dados preliminares da pesquisa com a utilização de equipamentos no beneficiamento são muito positivos. É preciso estudar a viabilidade de ações como estas, para somar-se aos esforços do melhoramento genético e do manejo no campo e termos no final um resultado positivo”, disse.
Uma das análises da pesquisa foi avaliar os teores de DON nos grãos e suas respectivas farinhas, com o intuito de verificar se as formas de separação foram eficientes na redução da micotoxina, especialmente porque em 2019, o Ministério da Agricultura, introduziu novos limites de DON, reforçando a necessidade de ferramentas que reduzam os teores da micotoxina da matéria prima colhida. “É importante saber que em anos agrícolas com alta incidência de Giberela nos campos, o trigo colhido será composto por grãos giberelados e não giberelados. Por isso a importância de separar tais grãos de acordo com as suas características de forma, tamanho e peso. Essa etapa não vai melhorar um grão ruim, mas vai selecionar os bons”, concluiu.
Diagnóstico e impactos do pousio “sujo” – Outro tema abordado no evento nematoides no sistema produtivo. A Nematologista Ana Paula Mendes Lopes comentou que os nematoides causam perdas estimadas em R$ 16,2 bilhões na cultura da soja e com o sistema de sucessão comumente adotado em algumas regiões do Brasil, sobretudo com soja-milho, este problema tende a aumentar progressivamente, visto que a maior parte dos híbridos semeados de milho pode multiplicar algumas espécies de nematoides importantes para a cultura da soja.
Ana Paula ressaltou que o pousio “sujo” (quando nenhuma cultura é implantada em um período do ano, especialmente no inverno) é outro problema que pode contribuir para o aumento de populações de neumatoides na estressafra, podendo representar um risco ao sistema, especialmente para a conservação do solo. “Diferentes espécies de plantas daninhas comumente encontradas em lavouras produtivas e com resistência a alguns grupos de herbicidas podem multiplicar nematoides e, com isso aumentar o inóculo e consequentemente prejudicar a safra seguinte. Além de multiplicar nematoides, essas plantas podem ser hospedeiras de diferentes pragas e doenças”, explicou.
O controle de nematoides é complexo, sendo necessária a adoção de diferentes métodos de manejo com destaque para o controle biológico, químico, genético e cultural. “No caso na cultura do trigo, o uso de cultivares com fator de reprodução baixo é uma boa opção de manejo, visto que vai diminuir a população na entressafra, o que consequentemente diminui os impactos na soja”, comentou.
Trigo recordista em qualidade industrial – Ottoni Rosa Filho, melhorista e diretor da Biotrigo Genética, apresentou uma novidade para a safra de trigo de 2021. A linhagem BIO 141275, que tem como nome sugerido TBIO Astro, é uma cultivar de trigo Melhorador, de ciclo superprecoce, que já bateu três recordes dentro do programa de melhoramento da Biotrigo. “Agronomicamente é o mais resistente a germinação na espiga e ao acamamento e, considerando o nosso ranking de qualidade industrial, é o que alcançou maior Força de Glúten (W), com índices médio de 550 e até 800 em algumas amostras”, disse. A vantagem de ter maior Força beneficia tanto o produtor de trigo quanto ao cerealista. “Como ele tem Força sobrando, esse trigo vai colaborar para a valorização de todo o lote, puxando a média de outros trigos que não possuem Força tão alta, mas que são agronomicamente desejados pelos produtores”. Já quando ele estiver segregado no silo, pode ser usado para produção de pães especiais, que precisam de uma maior Força de Glúten. “A rentabilidade dele beneficiará toda a cadeia já a partir de 2021, quando estará disponível comercialmente aos agricultores”, comentou.
Trigo Clearfield – Vitor Bernardes, gerente de Marketing Arroz e Trigo da Basf, e André Cunha Rosa, melhorista e diretor da Biotrigo Genética, apresentaram a primeira cultivar de trigo do Brasil com a tecnologia Clearfield e os impactos da introdução dela no controle de plantas daninhas. A linhagem BIO 135033, cujo nome sugerido é TBIO Capricho CL, é resultado de uma parceria inédita firmada em 2018 entre a Basf e a Biotrigo. Segundo André Cunha Rosa, a nova cultivar resistente a um grupo de herbicidas pertencente às imidazolinonas, qualifica o portfólio da Biotrigo ao oferecer uma nova tecnologia que ajuda a eliminar importantes plantas daninhas, como o azevém (Lolium spp.), aveia (Avena spp.) e nabo (Raphanus spp.), resistentes ou não a outros herbicidas.
Segundo o gerente da Basf, atualmente, aveia e azevém são responsáveis por 20% das perdas potenciais nas lavouras de trigo. “O trigo Clearfield é a primeira tecnologia do mercado que une a melhor genética com o mais eficiente sistema de controle de plantas daninhas. Com o manejo eficiente das plantas daninhas, o resultado de longo prazo é a maior longevidade e rentabilidade da cultura do trigo”, comentou Vitor, da Basf.
Em 2021, a cultivar Clearfield de trigo estará disponível para produção com volume para área correspondente a 5% do total plantado com o cereal e, gradualmente, a área com a tecnologia deve aumentar com a introdução de novas variedades de trigo CL.
Posicionamento técnico para safra 2019 – Para a safra de 2019, os multiplicadores de semente irão produzir o TBIO Ponteiro, atualmente a melhor e mais segura opção para abertura de semeadura nas diferentes regiões tritícolas do Sul do Brasil. Também entra em multiplicação TBIO Duque, a primeira cultivar branqueadora com bom nível de resistência à Brusone e germinação na espiga. Para os produtores, as cultivares chegam ao mercado em 2020. O posicionamento técnico das cultivares do portfólio foram apresentadas pelos supervisores comerciais Johny Brito e Bruno Alves. Logo após, Jorge Stachoviack, gerente de novos negócios da Biotrigo, detalhou o posicionamento técnico das cultivares de trigo exclusivas para alimentação animal: Lenox, para pastejo, e Energix, linha de trigos específicas para silagem e pré-secado. O Seminário Técnico do Trigo é uma realização da Biotrigo Genética, com apoio da Sementes Butiá e Basf e INTL FCStone.
Homenagem – Durante seminário, o pesquisador da FAPA (Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária), Juliano Luiz de Almeida, recebeu uma homenagem pela sua contribuição e relevância do trabalho prestado em busca da qualificação do trigo nacional.
Fundada em 2008, a Biotrigo Genética é uma empresa brasileira que traz na bagagem um programa de melhoramento genético com mais de duas décadas e vêm incorporando as mais modernas tecnologias às cultivares Biotrigo (TBIO), com o objetivo de levar qualidade, tecnologia, segurança e maiores rendimentos ao produtor e a toda cadeia. Localizada em Passo Fundo, região Norte do Rio Grande do Sul, e com filial em Campo Mourão, no Paraná, a empresa atende a diversos estados do território brasileiro, além de exportar tecnologia para países do Mercosul e América do Norte. Atualmente, é detentora de aproximadamente 70% de market no Brasil.
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