Artigo mostra prejuízos que podem ser causados por fungicida
O uso crescente de agrotóxicos em todo o mundo tem causado problemas ambientais, como a redução da população de várias espécies que não consideradas pragas de culturas agrícolas, inclusive insetos silvestres e abelhas utilizadas para produção de mel e serviços de polinização. Nesses casos, grande destaque é dado aos impactos inerentes a criação de abelhas melíferas. Entretanto, outro inseto benéfico racionalmente explorado pelo homem também tem tido seu desempenho comprometido em virtude da intoxicação com pesticidas: o bicho-da-seda.
Doenças, nutrição inadequada e manejo inapropriado são fatores que geralmente implicam em performance aquém do ideal para as lagartas do bicho-da-seda. Porém, mesmo na ausência desses problemas, os produtores de casulos, também chamados de sericicultores, têm relatado redução significativa de suas safras de casulos. É importante destacar que a produção de casulos é feita por pequenos produtores rurais que cultivam plantas de amoreira, sendo as folhas dessas plantas utilizadas para a alimentação dos insetos.
No Brasil, as plantações de amoreira, principalmente nos estados do Paraná e São Paulo estão rodeadas por grandes áreas de plantio de cana-de-açúcar, soja e milho, as quais demandam grandes volumes de agrotóxicos em seus cultivos, considerando-se o sistema de agricultura convencional. Durante as aplicações nas culturas desejadas, parte dos produtos pode ser carregada pelo vento até os amoreirais, contaminando as folhas das amoreiras.
Em um trabalho recém publicado na revista Journal of Economic Entomology, foi observado o efeito prejudicial de um fungicida comercial amplamente utilizado na agricultura sobre a bioenergética mitocondrial das lagartas e a produção de casulos do bicho-da-seda. O trabalho foi desenvolvido na Unesp, Câmpus de Dracena, pelos professores Daniel Nicodemo e Fábio Ermínio Mingatto e estudantes que integram as equipes dos laboratórios de Ecologia e Insetos Úteis e do laboratório de Bioquímica Metabólica e Toxicológica.