A medida visa incentivar a redução das emissões de CO2 com a diminuição do consumo de diesel e a ampliação do GNV e do biometano

A Secretaria de Energia e Mineração do Estado de São Paulo, a GasBrasiliano e a São Martinho irão avaliar a tecnologia diesel-gás em veículos pesados utilizados em usinas de cana-de-açúcar. O protocolo de intenções, que envolve ainda as empresas Convergás Fuel System e Mahle Metal Leve, além da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp), foi assinado nesta quarta-feira, 23 de agosto, durante a 25ª Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética (Fenasucro), em Sertãozinho.

O acordo prevê a conversão de um motor a diesel para a tecnologia flex diesel-gás, que será abastecido com biometano produzido a partir da vinhaça de cana-de-açúcar ou Gás Natural Veicular (GNV). Serão realizadas no laboratório da Mahle, em Jundiaí, medições comparativas de emissões atmosféricas e consumo específico de combustível. O motor utilizado será da Mercedes-Benz de 440HP e também será analisado o sistema de pós-tratamento, de acordo com requisitos de norma NBR 15634 para homologação de motores Euro 5 e Euro 6.

“Se o projeto se mostrar economicamente viável podemos estimular a introdução em todas as usinas do Estado de São Paulo e do Brasil. Será um enorme ganho ambiental, além de dar mais competitividade às usinas sucroenergéticas”, explica o secretário de Energia e Mineração, João Carlos Meirelles.

A estimativa é que os testes terminem no primeiro trimestre de 2018. Os resultados serão analisados pela GasBrasiliano, Convergás e Mahle, e apresentados à Arsesp e à Secretaria de Energia e Mineração.

“A assinatura deste acordo é mais um importante passo para mostrar a viabilidade do Gás Natural Veicular (GNV) em veículos pesados de usinas, bem como comprovar a eficiência da tecnologia diesel-gás”, afirma Walter Fernando Piazza Júnior, diretor presidente da GasBrasiliano. A empresa é a idealizadora e patrocinadora do projeto e vem desenvolvendo soluções para o setor sucroenergético, para o aproveitamento do biometano da vinhaça e o uso do gás natural nas usinas.

O projeto tem como parceiro a São Martinho, um dos maiores fabricantes de açúcar e etanol do país. A companhia, que possui quatro unidades produtoras e capacidade de moagem anual de 24 milhões de toneladas de cana, irá desenvolver o projeto piloto na Usina Santa Cruz, de Américo Brasiliense (SP).

“A São Martinho tem como foco a produção do carbono renovável de menor custo, além de sustentável. Temos realizado testes e projetos nos últimos anos relacionados à produção de biogás a partir da vinhaça e também ao uso do biogás na frota movida a diesel, que atualmente representa uma parcela relevante de nossos custos. Por isso aguardamos com boas expectativas os resultados dessa parceria”, afirma Walter Maccheroni, assessor de tecnologia da São Martinho.

Segundo estimativas de mercado, o processamento de uma tonelada de cana necessita de quatro litros de diesel. A safra 2017/2018 tem como previsão colher 647 milhões de toneladas de cana no Brasil. Com a implantação do projeto em todas as usinas utilizando metade do combustível a gás natural ou biometano e o restante a diesel, as empresas podem chegar a uma economia de 1,3 bilhão de litros de diesel por safra, o que significa uma elevada redução nas emissões de carbono.

Biometano – O biometano é um biocombustível gasoso oriundo do biogás – que pode ser produzido a partir da vinhaça, subproduto da cana-de-açúcar – e possui um elevado teor de metano em sua composição, por isso pode ser misturado ao gás natural e comercializado por meio de conexão à rede de distribuição de gás canalizado, ou então, na forma de gás comprimido.

A Secretaria de Energia e Mineração instalou, em março deste ano, o Comitê Gestor do Programa Paulista de Biogás, que está estudando o percentual de inserção do biometano no gás natural canalizado, bem como os impactos dessa mudança no mercado. O percentual será apresentado na próxima reunião do Conselho Estadual de Política Energética (Cepe), prevista para o fim do ano.

A Arsesp publicou em julho a Deliberação nº 744/2017, que regulamenta de forma inédita no Brasil as condições de distribuição de biometano na rede de gás canalizado do Estado de São Paulo. Esta Deliberação estabelece as regras para que o biometano fornecido pelos produtores possa ser inserido na rede de gás canalizado.
O potencial paulista estimado de produção de biometano a partir da utilização da vinhaça é equivalente a 2.250 MW.


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