Leandro Greco, gerente de serviços técnicos de bovinos de leite da empresa Kemin, publicou um artigo apontando a importância de garantir um aumento na eficiência produtiva das vacas leiteiras diante do incremento na produção de leite por vaca/dia. O aumento na produção de leite acarreta uma maior demanda energética por parte dos animais, o que pode impactar sua condição corporal e o balanço energético.
“Durante o terço inicial da lactação, o aumento na produção de leite muitas vezes não é acompanhado pela ingestão adequada de matéria seca. Isso resulta em um balanço energético negativo e uma queda no escore de condição corporal das vacas, o que prejudica sua saúde e desempenho produtivo e reprodutivo”, explicou Greco.
Para contornar esses efeitos negativos, pesquisas vêm explorando estratégias de adensamento energético das dietas fornecidas às vacas no terço inicial de lactação. Uma alternativa frequente é a utilização de lipídeos, como as gorduras protegidas, que têm se mostrado eficientes em aumentar a produção de leite sem comprometer o consumo de matéria seca. Estudos apontam que a adição de gordura em níveis de até 1,5% da matéria seca pode elevar a produção de leite em mais de 2kg, resultando em uma maior eficiência produtiva.
Apesar dos benefícios da suplementação com gordura, a escolha da fonte adequada é essencial. Alguns pesquisadores destacam que a digestibilidade das gorduras pode variar, sendo que a digestibilidade intestinal normalmente fica em torno de 78%. Além disso, dependendo da fonte utilizada, a fermentação ruminal pode ser afetada negativamente.
Para superar esses desafios, pesquisas têm explorado o uso de sais de cálcio, também conhecidos como gorduras protegidas, que são produzidos a partir da hidrólise de diferentes óleos vegetais e posterior associação com o cálcio. A estabilidade desses sais varia de acordo com a fonte utilizada, sendo que aqueles com maior proporção de ácidos graxos saturados apresentam maior estabilidade no rúmen.
Estudos realizados pela ESALQ/USP indicam resultados superiores para a produção de leite e digestibilidade aparente da matéria seca em vacas que receberam sais de cálcio de ácidos graxos do óleo de palma em comparação com os sais de cálcio com ácidos graxos do óleo de soja. Isso se deve ao fato de que os sais de cálcio do óleo de palma possuem uma maior proporção de ácidos graxos saturados, garantindo maior estabilidade no rúmen e, consequentemente, melhor desempenho das vacas.
Outra alternativa promissora é a utilização de emulsificantes, como a lisolecitina, na alimentação das vacas leiteiras. A lisolecitina é um agente emulsificante que hidrolisa a gordura e a quebra em partículas menores, permitindo a formação de micelas que facilitam a absorção de ácidos graxos pelo animal e reduzem a interação dos lipídios com outros constituintes da dieta no rúmen.
Visando potencializar os efeitos positivos dos lipídios na dieta das vacas leiteiras, a Kemin, em parceria com a ESALQ/USP e com apoio da FAPESP, realizou um estudo que avaliou o efeito do Lysoforte na dieta de vacas leiteiras suplementadas com diferentes doses de sais de cálcio de ácidos graxos do óleo de palma, chamado Enerfat. O LYSOFORTE é um blend de potentes agentes emulsificantes que juntos reduzem o tamanho da partícula de gordura e proporcionam micelas mais estáveis, resultando na maior absorção dos ácidos graxos pelo animal. Os resultados demonstraram que a suplementação com LYSOFORTE aumentou a eficiência produtiva dos animais, reduzindo a inclusão total de gordura na dieta em até 30% sem afetar a produção de leite.
“Esses estudos representam avanços significativos na busca por estratégias mais eficientes na produção leiteira, garantindo um melhor desempenho das vacas e aumentando a rentabilidade dos produtores. A adoção dessas práticas pode trazer benefícios tanto para a saúde dos animais quanto para a sustentabilidade da indústria leiteira como um todo”, completou Greco.
* O produto em questão, Enerfat, não é mais comercializado pela Kemin.
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