Em 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher, data para lembrar a luta das mulheres por equidade e oportunidades. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo traz cinco mini perfis de mulheres paulistas, que fazem o agro de São Paulo cada vez mais forte, sustentável e inovador. Por meio dessas trajetórias, a Pasta homenageia todas as mulheres que diariamente produzem alimentos para alimentar a população, geram emprego e renda no campo, avançam no conhecimento científico e levam informações para todo o setor produtivo do agronegócio.

Além de homenagear as mulheres do agro estadual, a Secretaria de Agricultura também reforça a importância do seu quadro de servidoras. No total, a Pasta conta com 1.120 servidoras, sendo que 120 delas ocupam postos de direção.  Ao todo, 81 mulheres atuam no Gabinete da Secretaria de Agricultura e 16 delas ocupam cargos de lideranças. As unidades de pesquisa da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) são compostas por 536 mulheres, sendo que 224 delas são pesquisadoras científicas e três são diretoras gerais do Instituto Biológico (IB-APTA), Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital-APTA) e Instituto de Pesca (IP-APTA). O Departamento de Gestão Estratégica (DGE) da APTA também é comandado por uma mulher e no Ital elas são maioria entre todos os servidores (74,3%) e entre os cargos de liderança (90%).

A Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) conta com 324 servidoras, sendo que 103 delas ocupam cargos técnicos e 71 são diretoras técnicas, administrativas e chefes de Casas de Agricultura. Na Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), 165 mulheres desenvolvem atividades fundamentais para garantir a segurança do agronegócio estadual e do consumidor paulista, sendo que seis delas estão na direção técnica de Escritórios de Defesa Agropecuária e uma atua como coordenadora substituta e diretora técnica do Departamento de Trânsito e Análise de Risco. Já a Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro) conta com 14 servidoras mulheres.

Confira a trajetória de algumas mulheres que fazem o agro SP!

 

  • Maria Aparecida Vivan – Maria Aparecida Vivan é bisneta de produtores rurais do interior paulista. Nascida em 1955, no município de Pardinho, herdou de seus pais a propriedade rural de nove alqueires que produz soja, trigo, milho, manga, banana, jabuticaba, limão e bezerros. Além do trabalho no campo, ao lado do esposo Darcy, Maria toca a Venda Vivan, um ponto turístico que comercializa os produtos cultivados na propriedade rural, além de salgados preparados por ela e queijos da região.
    “Com a fazenda e a venda criamos quatro filhos, todos formados, e cinco netas”, conta orgulhosa. “Gosto muito de ser produtora rural. Pego na enxada, capino, planto e colho as frutas e grãos. Nós mulheres fazemos de tudo dentro da propriedade rural: plantamos, colhemos e distribuímos. É um trabalho que gosto muito”, afirma.
    A propriedade e a venda Vivan receberam em 2020 um endereço digital e literalmente entraram no mapa do turismo rural. A partir do programa Rotas Rurais, desenvolvido pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo em parceria com a empresa Google, Maria Aparecida tem agora o endereço digital da sua porteira. “Ficou muito mais fácil as pessoas chegarem até aqui e nos conhecerem”, comemora. Até julho desse ano, 100% das estradas rurais estarão mapeadas e todas as propriedades rurais paulistas estarão identificadas pelo Rotas Rurais.

 

  • Eliana Gomes – “Nem tudo são flores” começa a explicar Eliana Gomes Diniz, presidente da Colônia de Pescadores de Peruíbe, entidade que representa 700 trabalhadores que vivem da arte da pesca. Um problema familiar forçou Eliana a se reinventar. A partir de uma ideia tirada de um programa televisivo e das experiências das fritadeiras de peixe do Recife criou o projeto “Frite seu peixe na hora” – iniciativa que reúne as esposas dos pescadores do município, na qual o cliente compra o peixe em um box do Mercado Central, leva a outro box ao lado, e as mulheres limpam, temperam e preparam o alimento, que pode ser consumido no local ou embalado para viagem.
    A ideia não foi bem acolhida pela fiscalização sanitária. Sem esmorecer, Eliana procurou os cursos do Instituto de Pesca (IP-APTA) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e se capacitou. Depois das primeiras conquistas não parou mais de estudar, concluiu o curso técnico em Gestão e Empreendimento em Pesca e graduação em Logística.
    Aos 43 anos, Eliana é um dínamo! Já implementou um projeto de economia solidária envolvendo a produção de bijuterias feitas de couro e escamas de peixe e outro chamado “Lixo Zero”, que busca dar um destino correto aos rejeitos de peixe do Mercado Central e rendeu à Colônia o título de Atitude Cidadã.
    Assim é a Eliana Diniz: empreendedora, preocupada com sua comunidade e em dar maior espaço e reconhecimento às mulheres. Questionada sobre o que espera do poder público, ela é rápida e certeira, deseja a retomada dos cursos do IP, entre os quais o de carne de peixe processada e de manutenção de motores. “Nós precisamos de conhecimento e acesso, aprender sempre”, conclui.

 

  • Denise Nakid – Produtora rural, administradora e gestora, Denise Nakid, mãe de um filho de 14 anos, tem sua vida dedicada à produção de búfalas. Proprietária de um dos maiores laticínios da região do Vale do Ribeira, a Fábrica Levitare, Denise e seu irmão Jorge Nakid mantêm a produção de 400 cabeças de búfalas na Fazenda Pracatu.
    Denise cresceu em São Paulo e morava em um apartamento. Aos 20 anos começou a seguiu o sonho do pai, o engenheiro agrônomo, José Martinho Nakid, que criado em fazenda, voltou às raízes e passou a trabalhar com a bubalinocultura. “Comecei a me identificar com a atividade e busquei fazer algo para melhorar a Região do Vale do Ribeira. Foi quando me apaixonei pela produção de búfalas, parecia que já pertencia à zona rural”, conta.
    A bubalinocultura tem agregado em sua cadeia produtiva uma forte presença feminina. Denise diz que sua alta sensibilidade favorece o trabalho da produção do campo, ao fazer a ordenha e o manejo das búfalas, até a finalização de derivados do leite, atividade da mais fina delicadeza, como preparo de burratas.
    A família Nakid iniciou suas atividades em parceria com a unidade de pesquisa em bubalinocultura do Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), em Registro, há 22 anos, com um Programa Estatual de Desenvolvimento da Bubalinocultura no Vale do Ribeira, com módulos de dez fêmeas e um macho bubalino, cedidos aos pequenos produtores rurais.
    Durante essa jornada, Denise passou a acompanhar o pai em todas as atividades, dentre elas, ir até a fazenda do IZ comprar leite de búfala para produção de queijos. Uma saga que dura até hoje.  “As primeiras búfalas foram cedidas pelo IZ para começar a produção. Em dois anos montamos o laticínio e até hoje ainda recebemos o leite produzido pelo Instituto. Acho que as meninas de hoje, desde cedo, já incorporaram a questão igualitária de gênero em todas as áreas. Acredito que é uma transformação natural e cada vez mais veremos mulheres ocupando funções no agro antes ocupada apenas por homens”, destaca Denise.

 

  • Daniella Pelosini  – Associada à cooperativa de café Coopercuesta, há cerca de quatro anos, a produtora Daniella Pelosini trabalha com quatro variedades de café, sendo duas do Instituto Agronômico (IAC-APTA) e duas linhas de torra – superior e especial – em seu sítio, o Sítio Daniella, no município de Pardinho.
    A propriedade rural adquirida pelo pai era o destino dos finais de semana da família, quando Daniella ainda era uma menina. Assim como ela, o amor pelo campo cresceu. Pardinho passou a ser a morada da cafeicultora, que, formada em Economia, levou um tempo para optar pelo café como seu “objeto de desejo” de cultivo. Daniella considerava a cultura do café difícil e complexa. “Mas foi exatamente isso – essa complicação toda – o que fez com que eu me apaixonasse pelo café”, conta.
    São 18 anos no cultivo do grão, com conquistas e reconhecimentos a comemorar. Dez anos atrás, ela participou da consolidação de um marco para todas as mulheres envolvidas na cadeia produtiva do café: foi membro fundadora do grupo que trouxe a Aliança Internacional das Mulheres do Café (IWCA) no Brasil. Para ela, o mais importante foi a criação, por meio dessa iniciativa, de uma rede de relacionamentos que pode conversar, trocar experiências e aprender sobre as melhores práticas no cultivo e manejo do café.
    Em 2015, seu café foi eleito o segundo melhor do Brasil pela premiação internacional Ernesto Illy de Qualidade, um momento “divisor de águas”. Daniella recebeu o prêmio no prédio da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, nos Estados Unidos, com muita emoção. Desde então, os excelentes resultados têm se repetido nesta e em outras premiações.
    Hoje, aos 53 anos, a produtora celebra o interesse do brasileiro em aprender a tomar cafés especiais. “O café é o meu trabalho e o meu descanso. Quando estou descansando, gosto de tomar um café… e de falar sobre café. É tudo para mim”, encerra. O perfil do Sítio no Instagram é @sitiodaniella e o website é pelosinicafes.com.br
    “Nos últimos dez anos, tenho visto as mulheres aparecendo mais na cafeicultura e à frente de propriedades. Noto, também, as mulheres ganhando concursos de qualidade, de cafés especiais – aí entra esse olhar cuidadoso, atento e detalhista da mulher. Na cadeia produtiva do café, a representatividade feminina é ótima. Temos mulheres em todas as áreas: produtoras, baristas, na torrefação, traders…”, opina Daniella.

 

  • “Dona Ivone Scholarship – Uma vida dedica ao café! É assim que pesquisadores e servidores de apoio do Instituto Agronômico (IAC-APTA) referem-se à Ivone Botone Baziolli ou, como é mais conhecida, Dona Ivone. Foram 65 anos dedicados ao Centro de Café do IAC.
    O seu empenho foi reconhecido em 2021, ao ser homenageada virtualmente no evento coordenado pela Coffee Coalition Racial Equity (Coalizão para Equidade Racial no Café). Seu nome foi emprestado para um Programa Internacional que concederá bolsas de estudos a jovens universitários que atuam em pesquisa cafeeira: “Dona Ivone Scholarship”.
    Aos 89 anos, ela continua independente e ativa. Ingressou no IAC aos 16 anos. Estudou até a chamada Quarta Série. Seus pais trabalhavam no campo. Sua mãe era descendente de italianos e seu pai um brasileiro negro. A jovem, desde o início, se destacava pelo seu comprometimento e responsabilidade pelas atividades. “Eu gostava muito do que eu fazia. Com o tempo fui praticando todos os postos de trabalho disponíveis na área”, diz.
    Dona Ivone se tornou assistente de campo do pesquisador do IAC, Alcides Carvalho, reconhecido internacionalmente pelas contribuições no melhoramento genético de café. Ela atuou diretamente nas pesquisas de desenvolvimento das cultivares Mundo Novo, Catuaí, Icatu, Obatã e Tupi.


Por Por Carla Gomes, Bárbara Beraquet, Fernanda Domiciano, Nara Guimarães e Lisley Silvério
Assessoria de Comunicação
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo