O clima seco na América Latina se agravou em janeiro, enquanto regiões produtoras como Paraná e Rio Grande do Sul tiveram aumento de áreas com condições ruins, segundo analistas
Devido ao agravamento das condições climáticas em janeiro, com o clima seco na América do Sul, a hEDGEpoint Global Markets anunciou nessa semana cortes adicionais nas projeções para as safras 2021/2022 de soja e milho. Os analistas reduziram a estimativa da oleaginosa em 3.8%, para 133.3 milhões de toneladas, e do cereal em 0,9%, para 112,9 Mmt, em relação à previsão anterior. Em dezembro, antes da deterioração das condições de safra no sul do país, a produção de soja já havia sido reduzida em 7,6%.
“Com essa considerável redução da oferta, principalmente na soja, a demanda também tem que ser ajustada. Contudo, os fundamentos apontam para uma redução menor do que a da oferta, nos levando a estimar estoques finais mais apertados para as commodities”, comenta o analista Alef Dias. Na temporada, em comparação a 20/21, os estoques de passagem devem variar de 4,9 Mmt para 3,4 Mmt (soja) e de 8,8 Mmt para 11,3 Mmt (milho), segundo a hEDGEpoint.
Dias destaca que, do lado da demanda, o cenário é mais favorável à exportação dos grãos por conta de uma recuperação na demanda chinesa e o câmbio ainda favorável. Já no mercado interno, o cenário aponta para uma procura menos aquecida por conta da menor exportação de carnes e cortes no mandato de biodiesel (mistura obrigatória ao diesel).
“Para a demanda externa, as estimativas seguem similares do ponto de vista do mercado de carnes chinês. Outro ponto relevante é a questão cambial. Apesar da valorização do real em 2022, por conta da política monetária adotada pelo Banco Central (BC), o câmbio ainda se encontra em patamares favoráveis à competitividade dos produtos brasileiros”, diz o analista. Segundo ele, as quebras de safra na Argentina e Paraguai também devem representar mais um incentivo para o produtor brasileiro exportar.
Em relação à oferta, a hEDGEpoint chama atenção para a deterioração das condições do clima, em especial, na região Sul. “As previsões de precipitação seguem desafiadoras, o que pode levar a novas revisões na direção de um balanço mais apertado”, afirma Dias. Em 21 de dezembro, os percentuais de área com condições boas e ruins no Paraná eram 57% e 13%, já abaixo da média dos últimos 5 anos. No último relatório da Secretaria de Agricultura do estado, de 31 de janeiro, esses percentuais eram de, respectivamente, 36% e 31%.
“Com essa deterioração adicional, que também se verificou no RS, nossos modelos apontaram para mais um corte em nossas estimativas”, aponta o especialista. “No milho, a situação segue menos preocupante, dado que as condições atuais impactam somente a safra de verão, nos levando a estimar estoques finais maiores do que na safra passada”, acrescenta.
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