O posicionamento, lançado neste domingo durante a COP26, traz sugestões de ações ligadas a diferentes eixos, como fiscalização, rastreamento da produção e bioeconomia
A Conferência do Clima da ONU (COP26), em Glasgow, teve início com um importante anúncio: o Compromisso pelas Florestas. Considerado um marco no combate às mudanças climáticas, o documento conta com a assinatura do Brasil e líderes de mais de 100 países se comprometendo a acabar com o desmatamento até 2030.
Essa é uma das principais ações defendidas pelo setor empresarial brasileiro para o cumprimento da meta brasileira de redução de emissões de gases do efeito estufa. Por isso, o CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) lançou ontem (7 de novembro), durante a COP26, o Posicionamento do Setor Empresarial sobre a Amazônia.
O documento é resultado do trabalho conjunto entre as empresas associadas do CEBDS e integrantes da iniciativa Uma Concertação pela Amazônia. Nele, são apresentadas ações para combater e eliminar o desmatamento ilegal e promover uma economia inclusiva e regenerativa, como o uso intensivo de tecnologia de rastreamento e a participação ativa das comunidades locais. Algumas das propostas já são empregadas por empresas com atuação na Amazônia.
“O setor empresarial está agindo. O desmatamento é o nosso elefante na sala, já que representa 44% das emissões de gases de efeito estufa do país, sendo que mais de 90% deste total são provenientes de atividades ilegais”, ressalta Marina Grossi, presidente do CEBDS. “O desmatamento ilegal não traz nenhum tipo de benefício para a sociedade, não cria empregos qualificados, não fortalece o setor florestal responsável e ainda aumenta o impacto dos gases de efeito estufa sobre a atmosfera, em vez de alimentar uma indústria capaz de absorver CO2. Beneficia poucos responsáveis por ações criminosas e deixa o prejuízo para a maciça maioria dos brasileiros.”
Para Roberto Waack, um dos fundadores da Concertação, parte relevante do setor empresarial está identificando as oportunidades comparativas que o país tem e construindo as suas estratégias competitivas utilizando as questões climáticas como tema central. “O engajamento do setor e a sua forte presença na COP são uma sinalização de que a sociedade brasileira continua fortemente protagonista, com demonstrações concretas de ações no sentido de reduzir emissões e principalmente controlar o desmatamento.”
O Posicionamento do Setor Empresarial sobre a Amazônia tem seis pilares focados no combate ao desmatamento ilegal e na promoção de uma economia inclusiva e regenerativa: rastreabilidade da cadeia; ambiente institucional e transparência; bioeconomia; energia e infraestrutura; inclusão econômica e social das comunidades locais; e tecnologia. Confira a íntegra do documento clicando aqui.
Esse trabalho é a sequência do Comunicado do Setor Empresarial Brasileiro, lançado no ano passado por 96 empresas, instituições e investidores. Em 2020, as empresas detalharam o que é preciso fazer para conservar e produzir na região. Agora, o setor empresarial aprofunda a iniciativa e traz as ações prioritárias que devem ser aplicadas para acabar com a derrubada criminosa da floresta.
Entre as recomendações está o investimento na digitalização de cadeias como a da madeira e a da pecuária, assegurando a legalidade e a transparência das operações, além de impedir que recursos públicos e privados financiem atividades ilegais.
Já o desenvolvimento da bioeconomia surge como uma grande oportunidade de valorização dos ativos da biodiversidade, inclusive transformando-os em diferencial competitivo para as empresas. Para que este modelo se consolide e se torne escalável, são necessários investimentos em tecnologia e inovação, assim como o desenvolvimento de políticas públicas que engajem todos os atores estratégicos, em especial as comunidades locais, garantindo a efetividade de mecanismos de repartição dos benefícios provenientes da biodiversidade.
O setor empresarial reforça ainda, no documento, a importância da atuação do poder público – em suas diferentes instâncias e em conjunto com as empresas – na aplicação da lei e no combate à ilegalidade na região amazônica, incluindo planos nacionais e estaduais com metas e prazos bem definidos, a transparência e eficiência nas autorizações de supressão da vegetação e a invalidação de Cadastros Ambientais Rurais que tenham sobreposição com terras indígenas, unidades de conservação, terras públicas não destinadas e assentamentos humanos com comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas.
Outro pilar é dotar a região de serviços essenciais, como energia elétrica, comunicações e logística, para que todo o potencial da economia local seja aproveitado. Esse trabalho, porém, precisa ser feito com matrizes limpas, respeito às características geográficas da região e envolvendo as comunidades locais.
“Uma economia verde e regenerativa contribui para o combate às mudanças climáticas e gera empregos e renda no país. Traz benefícios para todos: para os brasileiros, para os negócios, para o país, para o planeta”, conclui Marina Grossi.
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