Baseada em inteligência artificial e com uso de blockchain, a tecnologia por trás dos criptoativos, plataforma pioneira confere segurança, rastreabilidade e escala a um segmento hoje analógico e arriscado

Se o mercado de commodities é uma indústria bastante desenvolvida do ponto de vista tecnológico na ponta produtiva, não dá para dizer o mesmo dos ambientes de negociações, que resistem em operar de maneira analógica e arriscada, baseada em transações por telefone, aplicativos de mensagens instantâneas e e-mails. Já houve tentativas de digitalizar a comercialização de commodities, mas a maioria esbarrou em obstáculos e resistências ou se encontra desgastada. Exceto uma, a Gavea Marketplace.

A solução da Gavea, lançada em fevereiro, nasceu para simplificar a comercialização de commodities em um espaço 100% digital e seguro e é considerada a maior aplicação de tecnologia já feita no segmento. Em menos de um ano, a plataforma soma mais de US$ 1 bilhão em ordens de compra e venda, correspondentes a mais de 2,5 milhões de toneladas de produtos, e tem inserção em nove Estados (MT, MS, SP, RS, PR, SC, RO, PI e MA) do país.

Ela funciona como uma bolsa de balcão, em inglês conhecida como “OTC” (over-the-counter, para transações de ativos não listados), que permite aos compradores e vendedores saberem com quem estão negociando na outra ponta, com rastreabilidade e transparência na origem dos produtos, e sem intermediários.

“Isso é possível graças a um time de profissionais experientes e qualificados, ao uso da blockchain e de inteligência artificial, que dão à plataforma um ambiente digital, rastreável e seguro”, diz Vítor Uchôa Nunes, fundador e CEO da Gavea e ex-diretor executivo do BTG Pactual, onde atuou por mais de dez anos e liderou o projeto que formou a trading de commodities do banco. Junto com Vítor, a startup é liderada pelos sócios Diogo Iafelice, diretor comercial, e Bruno Holtz, diretor de tecnologia (CTO).

Blockchain é o nome popular das redes de servidores distribuídos, tecnologias que viabilizam e registram transações envolvendo criptoativos, dos quais o mais famoso é a criptomoeda bitcoin. A escolha da Gavea foi pela Corda, blockchain privada criada pelo consórcio mundial de bancos R3, uma das primeiras com funcionalidades de B2B e que hoje compete com soluções da IBM e da Oracle.

O uso do Gavea blockchain se dá pela rastreabilidade e pela tokenização, o fracionamento de ativos reais em ativos digitais – processo que vem sendo usado para facilitar transações de ativos como precatórios, consórcios e recebíveis e que, agora, começa a chegar ao agronegócio.

“Por exemplo: um vendedor vende certa quantidade de tokens para um comprador, representando um volume de soja ou milho. As partes conversam entre si usando a interface da Gavea, mas é a própria blockchain que movimenta os tokens da carteira de um para a do outro”, explica Bruno Holtz, também ex-BTG e que atua há mais de 15 anos no mercado de tecnologia.

Marketplace já ultrapassou US$ 1bilhão em ordens lançadas, equivalentes a mais de 2,5 milhões de toneladas de produtos, e está disponível em diversas regiões do país

 

A ideia, ele diz, é dar escalabilidade e segurança às transações na comparação com os sistemas tradicionais: “O fato de o ativo digital carregar um histórico permite rastreá-lo desde a emissão: quem plantou, quando, onde, e como”, completa.
As negociações são feitas à vista (“spot”) ou a prazo (“forward”), com pagamento em reais ou em dólares e geração de contratos 100% digitais, assinados com certificado ICP-Brasil, o que, segundo Nunes, resulta em menores custos transacionais e operacionais e em maior margem de lucro aos participantes.

“Criamos um ambiente tecnológico moderno e com governança robusta, contando com auditoria da KPMG e com certificações internacionais que dão ainda mais conforto aos nossos clientes e investidores. E não há nenhum custo nenhum inerente às operações na plataforma para os produtores, fornecedores e vendedores em geral”, ele complementa.

Outro diferencial da Gavea é o processo de cadastro dos usuários e empresas baseado em checagem de procedência criteriosa sobre potenciais clientes. “Não permitimos a entrada de ‘curiosos’ (pessoas que não fazem parte do meio ou não têm autorização para comercializar commodities)”, diz Diogo Iafelice, que acumula mais de 20 anos de experiência no agronegócio.

Ainda de acordo com Iafelice, as informações passadas pelos usuários são validadas junto ao Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a outros órgãos e agências, como Ibama e Ministério do Trabalho, em um reforço do compromisso da plataforma com a sustentabilidade social, ambiental e de governança (ESG).

“Verificamos os polígonos das propriedades, checamos informações públicas e só liberamos o usuário para negociar após tudo ter sido verificado”, completa Iafelice. Segundo ele, apenas produtos cultivados em propriedades que respeitam as regras ambientais de preservação de áreas de vegetação nativa são negociados na plataforma.

Para Bruno Holtz, “não existe nada no mercado mundial parecido com a Gavea, seja no uso e na aplicação das mais modernas tecnologias, seja na dinâmica criada no ambiente de negociação”. Segundo ele, um dos diferenciais da startup é montar e treinar um time de tecnologia forte para criar no Brasil um produto que seja referência mundial em aplicação de tecnologia no agronegócio.

A expectativa da startup é seguir atraindo grandes players, entre produtores, revendedores, “trading companies” (exportadores) e indústrias, e aumentar a liquidez na plataforma. Um próximo passo, diz o CEO Nunes, será internacionalizar a Gavea para torná-la a maior bolsa digital de commodities do mundo.

“A Gavea torna o processo de comercialização de commodities seguro, simples e eficiente, com propósito sustentável, gerando benefícios aos participantes do ecossistema. Temos um negócio bastante robusto e replicável, e, do lado financeiro, a meta no médio prazo é abrir o capital por meio de um IPO para viabilizar a expansão em outros mercados”, finaliza.


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