O mercado de alimentos à base de vegetais busca parcerias para ser tão grande quanto o mercado de proteína animal; a AAK é um exemplo que oferece tecnologia para desenvolvimento de alimentos análogos à carne
O mercado plant-based está em franca ascensão. No Brasil, tradicional exportador de carne, o quinto no mundo, 49% dos consumidores já reduziram o consumo de produtos de origem animal, de acordo com pesquisa do The Good Food Institute Brasil. Em 2020, o interesse por alimentos à base de vegetais aumentou de 67%, há três anos, para 90%. Nesse contexto, empresas tradicionais em proteína animal miram nessa crescente fatia de mercado, buscando a expertise de companhias fornecedoras de tecnologias para desenvolver produtos análogos à carne, além de queijos, sorvetes e iogurtes, com sabor e texturas agradáveis aos paladares que ditam as novas regras de consumo. Ainda uma “aposta para o futuro”, o horizonte já é reconhecido.
Em 2015, o setor faturava cerca de R$246,7 milhões no Brasil. Esse número foi para R$418,7 milhões, em 2020, representando uma alta de 69,6% e um crescimento médio anualizado de 11,1%. Para 2025, a projeção é atingir R$666,5 milhões, de acordo com dados da agência Euromonitor. É um mercado aquecido pelo consumidor que pertence ao grupo chamado flexitariano, que não está tão interessado em abandonar a proteína animal, mas quer fazer escolhas que entende ser mais saudável. Outro grupo atraído pelo novo mercado é o que entende que ele será mais sustentável que o tradicional.
“A Organização Internacional do Trabalho e o Banco de Desenvolvimento Inter-Americano acreditam que a transição para uma alimentação baseada em vegetais, com diminuição significativa de produtos de origem animal, é um passo fundamental nos avanços da América Latina e Caribe em direção a uma economia com zero emissão de carbono”, afirma Vinícius Gallon, especialista de comunicação do GFI – The Good Food Institute Brasil. Segundo ele, pesquisas mostram que, em comparação com a produção de um bife animal, a carne vegetal pode emitir 90% menos gases de efeito estufa.
Com essa promessa, os dados do GFI ainda revelam que as empresas globais de proteínas alternativas receberam USD $3,1 bilhões em investimentos, em 2020. No ano anterior, esse valor foi de USD $1 bilhão e, em 2018, USD $694 milhões. De bacon a frango, passando por sorvetes plant-based, a aposta em investimento tecnológico se mostra como peça-chave para esse negócio. A estrutura para pesquisas é fundamental para as empresas alimentícias diversificarem produtos tradicionais. Cenário que fez o conceito de co-desenvolvimento ganhar ainda mais relevância.
Para acelerar a inovação e impulsionar o crescimento no mercado de alimentos à base de plantas, a AAK, multinacional sueca líder nacional na oferta de óleos e gorduras vegetais especiais e semiespeciais, por exemplo, mantém um Centro de Inovação na planta de Jundiaí, interior de São Paulo, onde um time específico para o assunto foi formado, ajudando empresas a formular novos produtos ou adaptar os já existentes. São nesses ambientes que produtos à base de vegetais e análogos à carne nascem, são testadas as melhores experiências sensoriais e de saudabilidade para o consumidor e definido o melhor custo-benefício para as empresas.
A companhia atende em torno de 90% das indústrias plant-based brasileiras e suas fórmulas tanto são oferecidas para o mercado como produzidas com exclusividade para as empresas parceiras. Entre 2020 e 2021, a AAK registrou um aumento no faturamento de 250%, atendendo à formulação de produtos livres de proteína animal. A empresa investe atualmente na elaboração, no Centro de Inovação Global recém-inaugurado na Holanda, de melhores experiências no sabor do bacon e queijo parmesão.
Para Niall Sands, presidente global de plant-based da AAK, o Brasil está bem posicionado para aproveitar o crescimento de um estilo de vida baseado em plantas. “Já vemos os principais processadores de carne do país investindo local e internacionalmente, pois a perspectiva de longo prazo para alimentos vegetais é muito positiva”, explica. Segundo o relatório “Previsão global do mercado de carne com base em plantas por fonte, produto, alimento, regiões, análise da empresa”, da ResearchAndMarkets, as vendas globais esperadas para esse mercado podem chegar a USD $370 bilhões até 2035. Só em 2020, o crescimento do mercado mundial de carne vegetal foi de USD $5,6 bilhões.
“O Brasil tem a oportunidade de ser um fornecedor global de produtos de base vegetal para o mercado internacional da mesma forma que é um fornecedor global de carne bovina, frango e porco”, diz Niall. Comprovando que o mercado se encontra em real crescimento, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) mantém aberta, até setembro deste ano, a Tomada Pública de Subsídios sobre a regulação dos produtos processados de origem vegetal. É o primeiro passo para uma legislação plant-based.
Segundo o presidente da AAK para a América do Sul, Gerardo Garza, “ainda é uma longa jornada, com muito a fazer desde a tecnologia, cadeia de suprimentos e capacidades de processamento até as melhorias sensoriais necessárias”. Também de acordo com o executivo, o mercado ainda é restrito. “Não devemos esquecer a acessibilidade, que será fundamental para que os consumidores adotem os alimentos à base de plantas no futuro”, avalia Gerardo, que chama esse mercado de “aposta no futuro”. “O novo comportamento dos consumidores irá moldar a maneira como plantamos, cultivamos, produzimos, processamos e comemos.”
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