Comprar alimentos da Amazônia, produzidos de maneira sustentável, mantém a floresta em pé, famílias no território e gera bem-estar e saúde para todos

17 de julho – Dia de Proteção às Florestas. A biodiversidade é um bem compartilhado com o planeta. Por isso, a preocupação em conservar a Amazônia não é somente uma questão nacional e está no topo da lista dos grandes líderes mundiais. Mas não são apenas eles que podem ajudar nesta empreitada. Qualquer consumidor pode fazer uma enorme diferença se souber escolher os produtos que escolhe. “O consumo afeta o meio ambiente de várias maneiras e o impacto ambiental pode ser irreversível – para melhor e para o pior”, afirma Fabiana Prado, coordenadora do LIRA – Legado Integrado da Região Amazônica, do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas.

O Projeto LIRA desenvolve, junto com uma rede de parceiros, uma série de ações e impulsiona diretamente negócios sócio-produtivos vinculados a 12 cadeias de valor da Amazônia: castanha, farinha de mandioca, turismo, açaí, pesca, pirarucu, artesanato, artefatos de madeira, cumaru, cacau silvestre e borracha. “Quando vamos ao mercado para fazer as compras do dia a dia, devemos rever alguns hábitos e ter atenção àquilo que compramos, saber de onde veio aquele produto e como foi produzido. Parece uma ação pequena, mas pode ajudar a manter a floresta em pé”.

A castanha-da-Amazônia, por exemplo, também conhecida como castanha-do-Pará, ou castanha-do-Brasil, ocupa o segundo lugar entre os produtos de extração vegetal mais produzidos no Brasil, (IBGE/2019). “Tem uma importância enorme como alimento, está intimamente ligada à cultura local e é fonte de renda de comunidades tradicionais”, afirma Cristina Tófolli, coordenadora do MPB – Monitoramento Participativo da Biodiversidade que, assim como o LIRA, é conduzido pelo IPÊ. Segundo ela, na Reserva Extrativista (Resex) Cazumbá-Iracema, no Acre, os moradores extrativistas notaram a diminuição na produção de castanha com o decorrer dos anos, o que já estava impactando significativamente a renda familiar local e foram eles mesmos que pediram a inclusão da castanha entre os produtos monitorados pelo projeto. “Quem compra hoje as castanhas da Resex, está apoiando uma extração sustentável, além de apoiar uma comunidade engajada pela Amazônia, inclusive de jovens, que passaram a se orgulhar em participar de um modo de vida tradicional em aliança com a conservação da floresta” conclui.

 

Viva o pirarucu! – Com o pirarucu ocorre algo similar. O maior peixe com escamas de água doce do mundo é nativo da Amazônia e desempenha um papel-chave na pesca de subsistência realizada pelas populações ribeirinhas da região Norte. Ele está entre os mais apreciados nas demais regiões do país. Sua pesca é permitida apenas em área com manejo autorizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e precisa vir de áreas manejadas, um trabalho de séculos das comunidades tradicionais com algumas adaptações científicas e metodológicas. Desde 2014, com a participação de monitores locais, já foram registrados 216.699 kg de pescados de pirarucu em 4 áreas de manejo (RESEX do Rio Unini, RESEX Baixo Juruá, RESEX Médio Juruá e RDS Uacari) – todas no estado Amazonas.

Para ajudar no momento de escolher as compras, existem selos que podem ser encontrados nos produtos que foram produzidos de maneira sustentável, como é o caso do “Origens Brasil”. “Consuma produtos que vêm de áreas protegidas e manejadas, assim você colabora significativamente com a bioeconomia e valoriza a cultura dos povos tradicionais da Amazônia, além de conservar a floresta mais biodiversa do planeta”, conclui Fabiana Prado.

O LIRA é uma iniciativa idealizada pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, Fundo Amazônia e Fundação Gordon e Betty Moore, parceiros financiadores do projeto. Os parceiros institucionais são a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Amazonas – SEMA-AM e o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará – IDEFLOR-Bio. O projeto abrange 34% das áreas protegidas da Amazônia, considerando 20 UCs Federais, 23 UCs Estaduais e 43 Terras Indígenas, nas regiões do Alto Rio Negro, Baixo Rio Negro, Norte do Pará, Xingu, Madeira-Purus e Rondônia-Acre. O objetivo do projeto é promover e ampliar a gestão integrada para a conservação da biodiversidade, a manutenção da paisagem e das funções climáticas e o desenvolvimento socioambiental e cultural de povos e comunidades tradicionais.

O Projeto de Monitoramento Participativo da Biodiversidade (MPB) em Unidades de Conservação da Amazônia, é parte da iniciativa para implementação do Programa de Monitoramento da Biodiversidade – Monitora do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). USAID, Gordon and Betty Moore Foundation e Programa ARPA são parceiros da iniciativa. Desde 2013, o projeto apoia a realização de monitoramentos participativos da biodiversidade, e promove o envolvimento socioambiental para o fortalecimento da gestão das Unidades de Conservação (UC) e a conservação da biodiversidade em UCs da Amazônia. A principal motivação é acompanhar o estado da biodiversidade das UCs e envolver a comunidade local na gestão dessas áreas. Esse processo é fundamental para entender e moderar a extensão de mudanças que possam levar à perda de biodiversidade local, subsidiar o manejo adequado dos recursos naturais e promover a manutenção do modo de vida das comunidades locais.

Circular Soluções em Comunicação
(11) 3796.5054 / 3796.5059 | WHATSAPP (11) 99119-5599 | circularcomunicacao.com.br