Volatilidade nos preços e sustentabilidade também devem ser levadas em conta na decisão de investimentos dos empresários do setor, diz especialista da ESPM
A forte alta nos preços das commodities do agronegócio em 2020 foi um fator para atenuar a recessão econômica no Brasil em ano de pandemia. O setor teve grande participação no saldo positivo da balança comercial brasileira, que registrou alta de 6% em relação a 2019, ficando na casa dos US$ 50,9 bilhões. O agronegócio teve saldo positivo de US$ 87,7 bilhões, contra um déficit de US$ 36,7 bilhões dos demais setores em conjunto. Os dados são do IPEA, MDIC e MAPA.
De acordo com a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), o PIB do agronegócio apresentou expansão de 24,31% na comparação com 2019, totalizando uma participação de 26,6% de participação no PIB nacional. “A forte expansão do agronegócio vem na contramão dos demais setores econômicos e representa um contrapeso do cenário econômico negativo dos últimos anos no Brasil”, afirma Ernani Carvalho da Costa Neto, professor do Master em Gestão e Marketing do Agronegócio da ESPM Porto Alegre.
De acordo com ele, as condições favoráveis para a exportação estiveram ligadas sobretudo à questão cambial. “O ótimo cenário para exportação em 2020 para o agronegócio vem da desvalorização cambial do real frente ao dólar americano”, diz.
Para Ernani, a volatilidade é uma característica importante dos preços das commodities agropecuárias e os produtores devem se preparar para eventuais mudanças nesse cenário. “Apenas uma gestão profissionalizada de custos e receitas pode preparar os produtores para todo tipo de cenário, inclusive em uma eventual valorização do real frente ao dólar”, afirma. A tecnologia e a sustentabilidade, segundo ele, devem ser os alicerces dos possíveis investimentos gerados pela renda extra. “Os produtores devem aproveitar a receita extra para investir em novas tecnologias de intensificação de produtividade de suas propriedades. Além disso, essas novas tecnologias devem ter como norte a sustentabilidade — a fim de produzir mais com a mesma terra disponível e com respeito ao meio ambiente”, diz.
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