Rally da Safra vai a campo a partir de segunda-feira, 25 de janeiro, para avaliar lavouras em 12 estados; MT e Oeste do PR foram os mais impactados pela falta de chuvas no plantio

A irregularidade climática resultou no plantio mais tardio da história e trouxe uma marca forte à safra de soja 2020/21. A falta de chuvas regulares atrasou a implantação das lavouras no Centro-Oeste e no Sul do Brasil, afetando também o planejamento da segunda safra de algodão e de milho. Em resumo, a safra começou atribulada, em especial no Mato Grosso, principal produtor de soja no Brasil. Apesar disso, a Agroconsult, organizadora do Rally da Safra, aponta para um recorde de produção de soja. A estimativa pré-Rally é de 132,4 milhões de toneladas, 5,5% acima da safra passada.

A projeção decorre de dois fatores. O primeiro deles é a expansão da soja, impulsionada pelo momento de boa rentabilidade. Em relação à safra 2019/20, a área plantada cresceu 4%, chegando a 38,4 milhões de hectares. É um crescimento de 1,47 milhão de hectares – quase equivalente ao que se cultiva num estado como a Bahia. O segundo ponto é a produtividade brasileira, que deverá alcançar 57,4 sacas por hectare, 1,5% acima das 56,6 sacas por hectare da safra passada.

André Debastiani, coordenador do Rally da Safra © Diculgação

André Debastiani, coordenador do Rally da Safra, destaca que na safra 2019/20, apesar dos recordes de produtividade em importantes estados produtores – como Mato Grosso, Paraná e Goiás – houve uma quebra de quase 40% no Rio Grande do Sul. Na safra 2020/21, os produtores gaúchos tiveram de aguardar até que houvesse umidade no solo suficiente para o plantio, após um início com clima irregular. No final de dezembro voltou a chover em condições satisfatórias e a expectativa é que essas condições se mantenham em fevereiro. A estimativa pré-Rally para a produtividade no Rio Grande do Sul é de 53,9 sacas por hectares.

No Mato Grosso, já se projetava uma redução na produtividade média após o excepcional resultado de 60 sacas por hectare da safra passada. O impacto das condições climáticas sobre o desenvolvimento das lavouras acentuou essa queda. A estimativa agora é que os produtores do estado colham 55,5 sacas por hectare. Na safra passada, a soja precoce começou a ser plantada no Mato Grosso logo após o fim do vazio sanitário e sob ótimas condições. Em 2020/21, a situação foi bem diferente: o clima esteve entre os mais irregulares da história do estado para o período de plantio das variedades precoces, que atrasou e se concentrou no final de outubro, prejudicando seriamente o calendário do algodão segunda safra e parcialmente o do milho safrinha.

“Muitos produtores que arriscaram semear com baixa umidade tiveram de replantar suas áreas uma ou até duas vezes. Em casos extremos, a soja foi abandonada para dar lugar ao algodão safra ou ao milho verão. Agora, no entanto, chove quase diariamente e em volume suficiente para o desenvolvimento adequado das lavouras que, em algumas regiões, estão ainda melhores do que as da safra passada”, explica Debastiani.

Já no Oeste do Paraná, houve atraso na regularização das chuvas e muitos produtores arriscaram plantar sem condições adequadas de umidade, o que traz consequências à produtividade. O calendário do milho segunda safra foi prejudicado fortemente na região, onde parte da área vai migrar para o trigo, e um pouco menos no Norte do estado e em São Paulo. A produtividade do Paraná é estimada no pré-Rally em 60,5 sacos por hectare.

Na região do MATOPIBA, o cenário climático foi o oposto. Enquanto faltava chuva no Centro Sul do país, no Norte e no Nordeste as chuvas foram abundantes, permitindo que o plantio começasse cedo e sob ótimas condições. A produtividade da Bahia é estimada no pré-Rally em 61,3 sacos por hectare.

A partir desta segunda-feira, 25 de janeiro, o Rally da Safra vai a campo para avaliar as lavouras de soja. “As equipes técnicas devem observar os efeitos da irregularidade climática sobre as lavouras. Mas temos ainda pela frente muitas variáveis que podem mudar. Um exemplo é o clima de fevereiro, importantíssimo para o desenvolvimento das lavouras e de grande influência na definição do peso dos grãos.  Também vamos acompanhar o desenvolvimento das doenças, o impacto da seca no estande das lavouras e a capacidade de recuperação da soja após a regularização do clima”, afirma o coordenador do Rally.

 

Milho – A expedição técnica acompanhará também a implantação das lavouras de milho segunda safra. A perspectiva é de uma expansão de quase 1 milhão de hectares ou 7,3% acima da safra passada. “É um bom momento para cultura e os produtores devem investir ainda mais em tecnologia. Existe, porém, uma série de questionamentos em relação à qualidade de implantação das lavouras, em especial nas regiões em que o atraso do plantio trouxe maiores problemas para o calendário da segunda safra, como o Oeste do Paraná e o Mato Grosso”, diz Debastiani.

A projeção pré-Rally aponta para uma safra de 83,9 milhões de toneladas, um crescimento de 10,8% sobre a safra passada. “O produtor terá dois grandes desafios neste primeiro trimestre: colher uma produção recorde de soja num período menor devido ao plantio fortemente concentrado em outubro, e plantar uma área recorde de milho numa janela mais curta do que nas safras anteriores”, complementa.

As mesmas condições climáticas irregulares que prejudicaram o plantio da soja também afetaram o milho verão no Sul do Brasil – boa parte da área na região passou pelas fases críticas para a definição de produtividade em momentos de pouca umidade. A estimativa pré-Rally para o milho verão é de uma produção de 25,1 milhões de toneladas, 8,2% abaixo da safra passada – a área cai 1,9%, chegando a 4,97 milhões de hectares.

A produção total de milho no Brasil é estimada pela Agroconsult em 109 milhões de toneladas – um aumento de 5,8%, impulsionado pelo milho segunda safra.

O Rally da Safra – projeto pioneiro no país, iniciado em 2004 – contará nesta edição com dois pilares. Um deles é o digital, que envolve a realização de reuniões virtuais com agricultores por meio de plataformas de videoconferência, eventos na internet e a nova TV Rally. O outro, já tradicional, compõem-se das equipes de campo, das visitas aos produtores nas propriedades e dos eventos regionais. O projeto mudou para colaborar com as medidas de distanciamento social e conter a disseminação da Covid-19 no Brasil. O formato renovado traz mais segurança aos participantes neste retorno das atividades de campo, ao mesmo tempo em que a ampliação da comunicação digital leva o Rally ainda mais longe, aprofundando o contato com os produtores e o levantamento de informações de qualidade.

A etapa de campo desta edição terá 20 equipes para avaliar as condições das lavouras de soja até março. Outras seis equipes vão avaliar o milho segunda safra em maio e junho. O levantamento ocorre durante as fases de desenvolvimento e colheita das lavouras. As equipes percorrerão polos produtores em 12 estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins), que respondem por 95% da área de produção de soja e 72% da área de milho.

Durante a viagem, os técnicos avaliarão a expectativa dos produtores e agentes do setor quanto à safra de grãos. Além disso, eles vão identificar e avaliar as tendências em investimentos, comercialização, operacionalização das lavouras, infraestrutura de transporte e armazenagem, meio ambiente, entre outros aspectos. Todas as informações serão compartilhadas com o público que acompanha o Rally em matérias veiculadas pelas principais mídias do país e também pela imprensa regional, assim como pelas plataformas digitais da expedição que, neste ano, contam com diversos projetos especiais, como a TV Rally da Safra.

O Rally da Safra tem o patrocínio do Banco Santander, FMC, PhosAgro e Rumo Logística, além de apoio da Plantup Intelligence, Fiesp, Unidas Agro e Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).


Carol Silveira Assessoria de Comunicação
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