Hábito tradicional na Europa, cultivo de flores foi adotado por brasileiros como hobby para enfrentar longo período em casa

Florir a casa e cuidar das plantas foi um hábito que muitos brasileiros adotaram em 2020 como uma válvula de escape para o estresse e a ansiedade gerados pela pandemia. Mesmo as plantas verdes, aquelas que não possuem flores, também ganharam espaço nos lares. De acordo com o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), alguns produtores chegaram a registrar aumento de até 20% nos negócios desse setor.

Enquanto no Brasil esse hábito está chegando agora, na Europa, a prática é comum e já faz parte do dia a dia das pessoas desde muito antes da chegada da Covid-19. Para Olga Jaqueline Los Kassies, descendente de holandeses e produtora de flores na região dos Campos Gerais, no Paraná, há 25 anos, esse costume é rotineiro e faz parte da cultura e criação dos europeus. “As flores fazem parte da cultura holandesa, diria até que o cultivo delas em grande escala ou até mesmo em casa, é uma paixão. Após o período do inverno, as pessoas querem florir seus jardins com cores trazendo vida e alegria”, conta.

 

Mercado – A chegada da pandemia afetou diretamente o setor de flores. Para Olga, que cultiva gypsophila, o conhecido mosquitinho, e também boca de leão, a saída foi investir na criatividade.  “A gypsophila ainda consigo fornecer para floriculturas que colocam em buquês, mas a boca de leão é mais complicada porque é usada basicamente em casamentos e formaturas, que estão suspensos. Para manter as vendas, eu decidi arriscar e colocar o produto com preço de atacado direto para o consumidor em formato de autoatendimento em alguns estabelecimentos da região, como posto de gasolina e supermercado”, conta.

Porém, segundo o Ibraflor, com a mudança no perfil de vendas, agora voltadas para a ornamentação das casas, e os novos formatos de compra, como o delivery, o setor deve ser impulsionado para um crescimento de 5% em 2021. Atualmente, a área conta com 8,2 mil produtores, aproximadamente 15 mil hectares de área cultivada e mais de três mil variedades produzidas no Brasil.

 

Dia Nacional da Tulipa – Para os holandeses, o mês de janeiro é época de comemorar o Dia Nacional da Tulipa, celebrado no terceiro sábado do mês, quando começa a colheita. Para a  coordenadora do Global Integration da Associação Cultural Brasil Holanda, Marina van der Vinne, a data colore a cultura do país. “Quando pensamos nos Países Baixos, é natural imaginarmos as cores vivas dos campos de tulipas, o país é marcado por essa imagem e, neste período em que estamos em casa, trazer essa alegria para dentro dos lares é ainda mais importante”, explica.

Para a arquiteta Rozilani Karas Basso, que visitou os campos de tulipas holandeses, a experiência foi marcante. “A cultura holandesa e todo o seu cuidado com a cidade já são impressionantes, mas a cor e beleza das flores é ainda mais impactante para nós, que não temos esse hábito no Brasil”, ressalta.

Na Holanda, o melhor período para visitar e conhecer os campos floridos é na primavera, estação que se estende até o fim de junho.

A Associação Cultural Brasil-Holanda (ACBH) é uma organização formada por holandeses e descendentes de holandeses no Brasil, oriundos de diversas colônias. Visa preservar o patrimônio histórico artístico e cultural holandês e brasileiro para a posteridade. Também quer incentivar, desenvolver e divulgar as várias formas de expressão cultural.

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