Instituto Biológico desenvolve pesquisas na área há 50 anos e atende mais de 80 biofábricas de bioinsumos
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo mantém em seu Instituto Biológico (IB-APTA) o Programa de Inovação e Transferência de Tecnologia em Controle Biológico (Probio), que visa promover e oferecer novas tecnologias para o setor de biocontroladores na área de controle biológico, com o objetivo de conter a proliferação de pragas agrícolas no meio rural. O IB é referência no Brasil e no exterior em pesquisas científicas com controle biológico e atende, por meio do Probio, mais de 80 biofábricas de bioinsumos.
“Atuamos na transferência de tecnologia e conhecimento às empresas de controle biológico de todo o País. O Probio reúne as tecnologias e serviços prestados no Instituto, principalmente para as culturas da cana-de-açúcar, soja, banana, seringueira, flores, morango, feijão e hortaliças”, afirma o pesquisador do IB, José Eduardo Marcondes de Almeida, explicando que, em 2019, o Instituto assinou 23 contratos para transferência de tecnologia e conhecimento em controle biológico com empresas localizadas em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná.
Por meio da seleção de fungo pelo Instituto, hoje é possível controlar a cigarrinha-da-raiz, uma importante praga da cultura da cana-de-açúcar, com o uso de biodefensivos. Cerca de 1,5 milhões de hectares de cana-de-açúcar no Brasil já utiliza esta tecnologia do IB, gerando economia estimada em R$ 21 milhões por ano.
O Instituto também isolou um fungo chamado de Beauveria bassiana para o controle de mosca branca na soja, usado hoje em três milhões de hectares plantados com a cultura em todo o Brasil. O volume de negócio com a utilização deste fungo chega a R$ 30 milhões por ano.
De acordo com o pesquisador, o mercado de biodefensivos cresceu mais de 70% em 2018 no Brasil, movimentando R$ 464,5 milhões ante R$ 262,4 milhões em 2017. Este resultado é considerado o mais expressivo da história do setor e supera o percentual alcançado pelo mercado internacional. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio- CropLife), o uso de biodefensivos agrícolas como estratégia de controle biológico de pragas e doenças tem potencial de crescimento anual de 20%.
Desafios – Almeida afirma que os desafios do IB agora estão na produção de bioinseticidas em sistema de fermentação líquida e no desenvolvimento de metodologias de aplicação para a dispersão de esporos no ambiente com o objetivo de maior permanência, aumentando a eficiência de controle de pragas em culturas perenes.
O Instituto também enviou em maio de 2020 um projeto para a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) na chamada Ciência para o Desenvolvimento, na área de bioprodutos voltados à agricultura tropical. O projeto, liderado pelo IB, contará, caso seja aprovado, com a colaboração da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade de Araraquara (UNIARA), Faculdade de Tecnologia “Shunji Nishimura” de Pompeia (FATEC Pompeia), Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), Instituto de Pesca (IP-APTA) e 13 empresas do setor de biocontroladores. A expectativa é que, ao todo, sejam investidos R$ 53 milhões nos cinco primeiros anos do projeto.
“A FAPESP anunciará o resultado dessa chamada no final de 2020. Estamos planejando algo para o futuro, que junta instituições de pesquisa e empresas privadas para avançar nesta área no Brasil”, conta o pesquisador.
Natureza controlando natureza – O controle biológico consiste no uso de inimigos naturais para diminuir a população de uma praga. “Componente fundamental da natureza, o controle biológico abre espaço para uma agricultura mais sustentável. Resumidamente, o controle biológico pode ser definido como natureza controlando natureza”, explica o coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Antonio Batista Filho, que atuou durante 40 anos, aproximadamente, como pesquisador na área de controle biológico no IB.
Os agentes de controle biológico agem em um alvo específico, não deixam resíduos nos alimentos, são seguros para o trabalhador rural, protegem a biodiversidade e preservam os polinizadores. “O avanço tecnológico na produção de alimentos em função da utilização de insumos modernos é indiscutível. Contudo, o emprego inadequado tem levado a situações de risco. Existe a consciência de que é necessário encontrar um ponto de equilíbrio que compatibilize a demanda crescente de produção de alimento e preservação do futuro. O controle biológico é uma ferramenta importante para isso”, diz Batista Filho.
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Assessoria de Comunicação
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo