De alto impacto na cana, cigarrinha das raízes agora está associada à transmissão da escaldadura das folhas, reforçando a urgência de um manejo eficaz com tecnologias às quais a praga ainda não desenvolveu resistência

Apesar das projeções indicarem um processamento de 612 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2025/26 do Centro-Sul do Brasil, segundo dados divulgados pela DATAGRO, esse volume representa uma queda de 1,4% em relação à safra anterior, reflexo dos impactos causados por incêndios e condições climáticas adversas. No entanto, a presença da cigarrinha das raízes e sua ligação com a escaldadura das folhas (doença bacteriana) que representam riscos adicionais para os canaviais, podendo comprometer ainda mais a produtividade no próximo ciclo.

Especialistas alertam para a necessidade de um controle eficiente a fim de evitar prejuízos expressivos ao setor sucroenergético. Segundo a pesquisadora científica do Centro de Cana do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Leila Luci Dinardo-Miranda, apesar da redução recente das populações devido a períodos mais secos, a praga não deve ser negligenciada, ainda mais porque a cigarrinha das raízes continua sendo relevante nos canaviais em razão das condições favoráveis proporcionadas pelo manejo da cana. “A colheita mecanizada de cana crua deixa a palha no solo, mantendo umidade, o que favorece a incidência do inseto. Além disso, algumas variedades de cana são mais suscetíveis à praga”, explica Leila.

 

Danos da cigarrinha vão além do campo – As ninfas atacam as raízes e os adultos se alimentam das folhas, injetando toxinas na planta, o que leva ao amarelecimento e seca das folhas. Em variedades suscetíveis, o colmo (tipo de caule que emerge acima da superfície do solo em segmentos compostos por um nó e um entrenó, que se constitui num reservatório onde, em condições favoráveis, é acumulada grande quantidade de sacarose) pode secar completamente, reduzindo o teor de açúcar, aumentando a fibra e dificultando a extração industrial. Além disso, quando os colmos começas a secar, formam microfissuras que facilitam a entrada de fungos e bactérias, podendo causar também a podridão vermelha. Isso gera problemas na indústria, como a contaminação dos processos durante a extração do açúcar.

O engenheiro agrônomo e gerente de Marketing Regional da IHARA, Marcos Vilhena, reforça o impacto econômico do inseto. “O controle inadequado pode gerar uma queda de 30% do TCH por hectare, podendo chegar até 50%. Em regiões como Ribeirão Preto, onde a produtividade é mais alta, em torno de 130 toneladas por hectare, o prejuízo pode ser bem significativo. Essa porcentagem de quebra e o preço da tonelada da cana em torno de R$ 150,00 significam uma perda financeira de R$ 4.500 por hectare”, alerta.

 

Escaldadura das folhas: um novo desafio – A escaldadura das folhas, causada pela bactéria Xanthomonas albilineans, compromete a absorção de água e nutrientes pela planta. Embora conhecida desde 1940, a doença ganhou destaque com a mecanização da colheita, que pode facilitar a sua disseminação entre as plantas.

Estudos recentes do IAC confirmam que a cigarrinha das raízes atua como vetor da doença, tornando ainda mais essencial a necessidade de controle desse inseto. Essa descoberta reforça a importância do uso de mudas sadias e de boas práticas de manejo para evitar a propagação da doença, pois ela também afeta a produtividade de forma significativa.

 

Rotação de moléculas: preservando a efetividade do manejo e dos produtos – O avanço da cigarrinha das raízes e sua relação com a escaldadura das folhas impõem novos desafios ao setor sucroenergético. No entanto, com estratégias de manejo adequadas, investindo na qualidade das mudas e no uso de tecnologias modernas, é possível minimizar os impactos e garantir a produtividade dos canaviais.

Um dos pontos mais relevantes no manejo é a rotação de ingredientes ativos para evitar a seleção de insetos resistentes. “Se um inseticida é usado repetidamente, os insetos resistentes sobrevivem e se multiplicam. Por isso, a IHARA busca desenvolver produtos com múltiplos ingredientes ativos para reduzir esse risco e que possam ser integrados a um programa de rotação de inseticidas. Produtos como o Maxsan, que combinam moléculas e diferentes modos de ação, e que agem sobre os ovos, são essenciais para o controle eficaz e para a saúde do canavial. Isso ajuda a diminuir a população não apenas no ciclo atual, mas também no próximo”, afirma Vilhena.

Essa tecnologia possui uma formulação exclusiva no Brasil, proporcionando o controle total dessa praga graças ao seu efeito de choque sobre as ninfas e efeito ovicida. Com um duplo mecanismo de ação, sistêmico e translaminar, essa tecnologia permite uma absorção rápida e eficaz, o que garante um controle efetivo tanto por ingestão quanto por contato, protegendo as plantas.

O mercado de defensivos tem evoluído para oferecer soluções mais sustentáveis e eficazes. “Os produtos atuais são muito mais seguros tanto para o meio ambiente quanto para o aplicar. Novas tecnologias estão sendo desenvolvidas para garantir um controle eficiente, com menor dosagem e impacto. O futuro da produtividade dos canaviais está diretamente ligado a um controle equilibrado e cientificamente embasado”, ressalta a pesquisadora do IAC.

Segundo o engenheiro agrônomo e gerente de Marketing Regional, a IHARA está pesquisando novas soluções para contribuir com os canavieiros. “Na linha de inseticidas, entre 2025 e 2026 serão lançados dois produtos e, mais recentemente, foi disponibilizado o Terminus para o controle da Cigarrinha, com registro de aplicação aérea, quando a cultura está mais desenvolvida e com corte da cana mais alto. Além dessas tecnologias, o Zeus obteve registro de bula para o controle do Sphenophorus levis, também conhecido como Bicudo da cana-de-açúcar, causador de danos significativos no canavial. Essa solução tem apresentado ótimos resultados no campo”, complementa Vilhena.

A IHARA é uma empresa de pesquisa e desenvolvimento que há 60 anos leva soluções para a agricultura brasileira, setor no qual é reconhecida como fonte de inovação e tecnologia japonesa como uma marca que tem a credibilidade e a confiança dos seus clientes. A empresa conta com um portfólio completo de fungicidas, herbicidas, inseticidas, biológicos, acaricidas e produtos especiais somando mais de 80 soluções que contribuem para a proteção de mais de 100 diferentes tipos de cultivos, colaborando para que os agricultores possam produzir cada vez mais alimentos, com mais qualidade e de forma sustentável. Em 2022, a IHARA ingressou no segmento de pastagem, oferecendo soluções inovadoras para o pecuarista brasileiro.

Attuale Comunicação