Fertirrigação mitiga impactos climáticos e aumenta produtividade do cafezal
Por Vinícius Giroto, especialista agronômico para café na Yara Brasil
Há mais de 150 anos, o Brasil é o maior produtor mundial de café, responsável por um terço da produção global. A safra nacional de café para 2025 está estimada em 51,8 milhões de sacas de café beneficiado, uma redução de 4,4% em relação à safra anterior, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Porém, o país possui um grande potencial de crescimento da produção com o aumento da prática da irrigação e, a partir dela, da fertirrigação, que combina a aplicação de água e nutrientes por meio do sistema de irrigação.
O café é tradicionalmente uma cultura de sequeiro, visto que por muito tempo o cafezal não precisou ser irrigado. Entretanto, as mudanças climáticas, com secas severas especialmente a partir de 2021, estão mudando esse cenário, mostrando a necessidade da irrigação no manejo na cafeicultura. O Brasil conta hoje com 450.000 de área irrigada estimada em 2023 e já há espera de produtores para projetos de irrigação no Sul de Minas Gerais. O número demonstra o amplo espaço para a fertirrigação na cultura, que apresenta resultados muito positivos.
Pesquisas da Fundação Procafé (2008-2012), realizado no Sul de Minas pelo período de cinco safras, que comparou lavoura fertirrigada e sequeiro, registrou incremento de produtividade de 16 sacas por hectare de café arábica, em média ao ano, utilizando a fertirrigação. Um bom exemplo é o Espírito Santo, que adotou a prática a partir da grande seca enfrentada em 2016 e, hoje, é a região mais fertirrigada do país. Atualmente, 70% dos nutrientes já são entregues ao cafezal no estado via fertirrigação. O produtor capixaba que utiliza a prática tem alcançado mais de 100 sacas/ha de café conilon com a fertirrigação, a média do estado é de cerca de 40 sacas/ha.
O Cerrado Mineiro, que começou a irrigar antes do Espírito Santo, não teve a mesma evolução. Os produtores que praticam a fertirrigação na região aplicam apenas 30% da necessidade dos nutrientes via fertirrigação no café arábica. O principal motivo é que a região conta com sistemas de irrigação muito antigos e desuniformes. A Alta Mogiana também possui ainda baixa adoção em irrigação, mas a demanda vem crescendo. Já o Sul de Minas, principal região do Brasil em produção de café, ainda está iniciando a prática da irrigação e há pouco histórico de fertirrigação na região.
Entre seus inúmeros benefícios, a fertirrigação permite fertilizar o cultivo de uma forma mais eficiente, pois os nutrientes são dissolvidos na água e ficam disponíveis prontamente, além de ser possível fertirrigar todo mês, toda semana ou até mesmo todos os dias, o que oferece muito mais praticidade, produtividade e rentabilidade para o produtor. A prática também possibilita uma aplicação mais uniforme e um manejo mais preciso, com doses adequadas e no momento correto, de acordo com a demanda de cada lavoura. A fertirrigação ainda permite um melhor aproveitamento dos recursos naturais.
Muitos produtores ainda não implementaram um sistema de irrigação devido ao custo, que representa mais que seu investimento anual atual. No entanto, em dois anos é possível recuperar esse investimento e a vida útil do sistema é longa, com boas práticas, pode exigir manutenção com maior custo apenas após 10 anos de uso.
Dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) apontam que a agricultura irrigada representa 20% da área total cultivada, mas contribui com mais de 40% da produção total de alimentos. Tais informações, associadas aos benefícios já mencionados, reforçam que a prática da irrigação e da fertirrigação pode contribuir para um aumento significativo na produtividade do café brasileiro, favorecendo ainda mais a posição do país neste mercado e colaborando para a segurança alimentar e a sustentabilidade do agronegócio.
–
A Yara, líder mundial em nutrição de plantas, cultiva conhecimento para alimentar o mundo e proteger o planeta de forma responsável. Para concretizar o compromisso de cultivar um futuro alimentar positivo para a natureza, oferece um portfólio de produtos de alta tecnologia com baixa emissão de carbono, desenvolve ferramentas agrícolas digitais destinadas à agricultura de precisão e trabalha em estreita colaboração com pesquisadores e parceiros da indústria para construir uma cadeia de valor do alimento cada vez mais sustentável. Com uma atuação integrada, a companhia também fornece soluções industriais para usos diversos, entre eles a redução de poluentes, melhorando a qualidade do ar das cidades.
Fundada na Noruega, em 1905, para resolver a emergente crise de fome na Europa, está presente no mundo todo, com mais de 17 mil colaboradores e operações em mais de 60 países. No Brasil, a Yara está idealmente posicionada em todos os principais polos agrícolas. Com mais de 5 mil colaboradores, a empresa atende todos os perfis de produtores e culturas, colaborando com o crescimento da agricultura e o protagonismo do país no desafio de alimentar uma população mundial crescente. Desde que se instalou no Brasil, na década de 1970, a Yara vem trabalhando para fomentar a produção de fertilizantes, reduzindo a dependência de importação de matéria-prima e modernizando a indústria nacional, em linha ao seu compromisso global com a agenda de descarbonização.