Frigoríficos brasileiros suspendem fornecimento às lojas brasileiras da rede de varejo francesa

A decisão do Carrefour França de suspender a compra de carne proveniente dos países do Mercosul gerou intensa repercussão no Brasil. A medida, anunciada pelo CEO Alexandre Bompard, foi justificada como uma resposta às demandas de agricultores franceses, em meio a protestos contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. No entanto, ela se aplica exclusivamente às lojas do Carrefour na França, sem impactar as operações nos demais países, incluindo Brasil e Argentina.

A decisão foi amplamente criticada no Brasil por entidades do setor agropecuário e pelo governo federal. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, classificou o ato como protecionista e orquestrado para dificultar a formalização do acordo Mercosul-UE, ressaltando que o Brasil cumpre rigorosos padrões internacionais de qualidade na produção de carne. Os cinco principais frigoríficos que atendem o Carrefour no Brasil – dentro os quais JBS, Marfrig e a Masterboi – resolveram não fornecer seus produtos às lojas da companhia no Brasil, incluindo Atacadão e Sam’s Club.

Tirso Meirelles, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), se manifestou em vídeo publicado nas redes sociais criticando a medida, chamando-a de “protecionista” em relação à produção francesa. “Eles não conhecem a sustentabilidade do gado brasileiro. Hoje temos um trabalho fantástico envolvendo lavoura, pecuária e floresta que ao mesmo tempo dá qualidade de vida ao animal e faz o sequestro de carbono”, disse Meirelles. Para ele, decisões como essa do Carrefour colocam em risco a segurança alimentar do planeta.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) também repudiaram a medida, afirmando que ela vai contra o livre mercado e reflete uma visão distorcida do setor agrícola sul-americano. A Apex Brasil destacou a importância de combater discursos infundados sobre os produtos do Mercosul e reafirmou o papel da rastreabilidade e sustentabilidade na pecuária brasileira. O caso é visto como um reflexo de tensões comerciais e políticas no contexto das negociações entre os blocos.

Ontem, em uma postagem na rede social LinkedIn, o CEO da empresa francesa Tereos, do setor sucroenergético, também se posicionou contra o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia (EU), que, segundo ele, poderia causar uma “concorrência desleal” entre os produtos agrícolas produzidos na França e os de origem de países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai). O acordo Mercosul-UE propõe redução de tarifas entre países dos dois blocos, que segundo os produtores rurais franceses prejudicaria os seus negócios.


Dona Comunicação