Rótulos podem ser rastreados a partir de uma plataforma de blockchain
Vinhos com Denominação de Origem do Vale dos Vinhedos de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, engarrafados pelas vinícolas Dom Cândido e Pizzato, começaram a estampar, de forma pioneira no País, uma novidade na safra atual: o uso da tokenização. A tecnologia, que tem como uma das principais vantagens tornar os dados invioláveis, foi possível graças ao desenvolvimento de uma plataforma de blockchain para a rastreabilidade dos vinhos.
O blockchain, conhecido por seu uso em criptomoedas, aniquila a chance de pirateamento e amplia a transparência com o consumidor. A construção desta inovação e as vantagens da “safra token” foram apresentadas durante a Mercopar, maior feira de inovação industrial da América Latina que ocorreu em Caxias do Sul, na última semana.
O objetivo inicial da plataforma – que ganhou o nome de Origem RS – era oferecer uma tecnologia que fizesse sentido para o agronegócio. “Vimos que havia uma necessidade de rastreabilidade nos produtos alimentares e precisávamos de um setor que estivesse maduro, tivesse dados, além de termos uma demanda de indicação geográfica, que é uma proteção do território”, explicou o coordenador de projetos de Agronegócio do Sebrae RS, André Bordignon.
A partir disso, o Sebrae RS procurou a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), pioneira no Brasil em Indicação Geográfica e Denominação de Origem, e avaliou de que forma a rastreabilidade por blockchain poderia agregar valor às vinícolas. Junto ao iCoLab, instituto colaborativo de blockchain, e aos dois empreendimentos do Vale dos Vinhedos que se somaram ao projeto piloto, o Sebrae desenvolveu a plataforma Origem RS. Com ela, foi possível fazer o registro detalhado de todo o ciclo produtivo do vinho – processo chamado de tokenização – que é inédito no País entre as vinícolas que possuem produtos com denominação de origem (DO).
Inicialmente, foram usados dados da safra de 2022, validados pela Aprovale, para abastecer a ferramenta. Carregadas essas informações na blockchain, gerou-se um NFT (token não fungível), que é um certificado digital de propriedade inviolável.
Depois dessa etapa, foram impressos rótulos dos vinhos “tokenizados” com um QR Code. Ao escaneá-lo, o consumidor pode acessar os detalhes sobre cada produto, desde a documentação completa da vinícola e o registro da área produtiva, até as especificações da uva e as características do vinho, incluindo todo o histórico de produção.
A partir de agora, para dar mais robustez à plataforma Origem RS, Bordignon acrescenta que será iniciada a segunda fase do projeto, com o objetivo de expandir a rastreabilidade para outras vinícolas associadas à Aprovale.
Representante da Dom Cândido, Goelzer diz que a vinícola se dispôs a integrar o projeto desde o início para valorizar ainda mais os rótulos da empresa que já têm Denominação de Origem do Vale dos Vinhedos, certificação que cumpre critérios rígidos para ser conquistada. Outra vantagem compreendida pela Dom Cândido é que a tokenização acaba com a possibilidade de pirateamento do produto. “A Dom Cândido é, desde sua origem, uma vinícola revolucionária, pioneira, e ajudamos a performar esse projeto da tonekização pensando em três princípios: inovação, transparência e confiabilidade”, destaca Goelzer. “A ideia é criar uma relação direta de confiança entre a vinícola e o consumidor, mostrando que ele tem direito de saber, de conhecer todas as informações do produto que ele está consumindo. Para além da experiência olfativa e degustativa que o vinho traz às pessoas, agora também é possível ter uma experiência intelectual com o vinho”, acrescenta.
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