Problema surgiu mais cedo nesta safra e casos registrados superam em mais de 200% a média de ocorrências dos últimos cinco anos
A ocorrência de ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) está em alta no Brasil. Segundo dados do Consórcio Antiferrugem, liderado pela Embrapa, os registros atuais superam em mais de 200% a média de ocorrências dos últimos cinco anos. Entre as razões apontadas pela instituição de pesquisa para esse incremento, destaque para o fato de a região Sul ter tido um inverno menos rigoroso, favorecendo a emergência da soja voluntária, que por sua vez já estava com inóculos da doença. Para piorar, a maior distribuição de chuvas, intercaladas com veranicos, efeitos do fenômeno climático El Niño, tem ocasionado dificuldades para o estabelecimento da cultura, com atraso no plantio e necessidade de replantios em diversos locais.
“Esse cenário se torna muito propício para a ocorrência da ferrugem asiática, doença mais agressiva que temos na cultura da soja, podendo ocasionar perdas de até 90% caso não seja controlada, segundo a Embrapa. Nesta safra já temos relatos da ocorrência dos sintomas da doença de forma muito precoce nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e em países vizinhos como Paraguai e Bolívia”, afirma Carlos Toscano, engenheiro agrônomo e Gerente de portfólio nacional de fungicidas para soja na Bayer.
Até o dia 17 de dezembro, o Paraná lidera em números de ocorrências registradas da doença no país, com 72 casos. Dos 60 municípios do estado afetados pela ferrugem, as regiões com mais casos são Toledo, Santa Terezinha de Itaipu, Guarapuava, Corbélia, Candói e Cascavel. Na sequência aparecem o Rio Grande do Sul com 11 casos, Santa Catarina com 4 casos, São Paulo com 3 e Mato Grosso do Sul com 1.
Manejo contra a doença – Segundo Toscano, o foco do agricultor nesse momento é adotar a melhor estratégia de manejo de fungicidas, sempre atento aos desafios que essa doença traz. “Lançamos recentemente um novo fungicida, o Fox Supra, que combina em sua formulação o Protioconazol, com a nova carboxamida, o Impirfluxam. De acordo com o ensaio em rede conduzido pela Embrapa, na safra 2022/23, o manejo de doenças com a família Fox, que compreende o uso de Fox Xpro na primeira aplicação e o Fox Supra na segunda, foi superior em controle e produtividade, tanto para a ferrugem asiática, quanto mancha alvo e anomalia das vagens”, diz o engenheiro agrônomo.
Portanto, a Bayer destaca algumas medidas importantes para reduzir os danos causados por essas doenças:
- Usar o sistema de plantio direto com culturas que ajudem a recobrir o solo com palhada;
- Respeitar o período de vazio sanitário;
- Dentro de um limite agronômico, semear mais cedo para evitar as épocas mais favoráveis às doenças;
- Usar produtos químicos preventivamente;
- Escolher produtos químicos eficazes, com doses assertivas para controlar as principais doenças da soja, como a ferrugem asiática, mancha alvo, mofo branco e podridão de grãos;
- Escolher variedades de soja que possuam tolerância a alguns destes problemas;
- Uso de ferramentas digitais que contribuem para o monitoramento e controle efetivo nos talhões afetados.
Para maximizar os ganhos com a cultura da soja, o agricultor deve levar em consideração o manejo nos seguintes momentos:
- Aplicação do vegetativo – sua função é reduzir a pressão inicial de doenças;
- Pré-fechamento da linha – aplicação mais importante e, assim, deve-se aplicar o produto mais robusto, preferencialmente misturas mais completas com ativos altamente eficientes. Essa aplicação do pré-fechamento não deve ser postergada em função da aplicação do vegetativo;
- Segunda aplicação – deve ocorrer até 14 dias após a aplicação dos produtos pré-fechamento. Nesse momento, a preocupação com a ferrugem e a podridão de grãos deve ser redobrada, dando preferência ao uso de produtos com uma carboxamida moderna e eficiente;
- Terceira e quarta aplicações – deve-se utilizar misturas de triazol+estrobirulinas, sempre acompanhadas de fungicidas protetores.
“Portanto vale a atenção do produtor para a adoção de boas práticas, tais como respeitar os intervalos de aplicações de até 14 dias; associar fungicidas sistêmicos (Fox Xpro e Fox Supra) junto com os multissítios (Milcozeb por exemplo); e usar volume de calda e doses dos produtos conforme recomendado em bula e buscando sempre a melhor tecnologia de aplicação (dentro dos melhores períodos do dia). Tudo isso contribuirá para um melhor controle da doença e minimização dos prejuízos”, finaliza Toscano.
–