Realizado pelo Instituto Muhda, em parceria com a Agroindústria Familiar Barbacuá, com financiamento do Fundo Casa Socioambiental, o projeto implantará um sistema agroflorestal (SAF), em Florianópolis, para reinserir a espécie nativa, ameaçada de extinção, na Mata Atlântica catarinense
O Projeto Sementes Regenerativas, realizado pelo Instituto Muhda, em parceria com a Agroindústria Familiar Barbacuá, e financiado pelo Fundo Casa Socioambiental, implantará um sistema agroflorestal (SAF), no bairro Ribeirão da Ilha, para reinserir uma espécie nativa endêmica da Mata Atlântica, a palmeira Juçara.
Como resultado esperado, o projeto prevê, já no primeiro ano, a doação de mais de um milhão de sementes para futuro plantio em terras indígenas Guarani M’bya, localizadas no norte de Santa Catarina, que já compõem a rede de parcerias e apoios do Instituto Muhda.
A agrofloresta será implantada no Parque Muhda. Sede do Instituto Muhda, o Parque é uma área de 96.000m² (com aproximadamente 90% do espaço em Área de Preservação Permanente) e está localizado no Ribeirão da Ilha, bairro considerado Patrimônio Histórico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), com mais de 80% do território inserido no Monumento Natural Municipal da Lagoa do Peri.

Local de implantação de Sistema Agroflorestal (SAF), para plantação de palmeira Juçara, no Parque Muhda, em Ribeirão da Ilha, em Florianópolis (SC). © Acervo Instituto Muhda.
O Parque Muhda é um espaço de proteção da vegetação nativa e da biodiversidade da Mata Atlântica, mas é também um congregador dos elementos naturais, abastecendo as famílias vizinhas com a nascente existente no terreno, ampliando redes comunitárias horizontais de distribuição.
O início das atividades foi em 25 de setembro de 2023. O sistema agroflorestal foi é desenhado como um modelo escalável, que retoma alimentos de base biodiversa e espécies com potencial tintorial para aplicação nas artes naturais, que estimula a prática florestal do bioma Mata Atlântica em conjunto com a valorização de hábitos e culturas tradicionais ancestrais, como o tingimento natural e o cultivo de plantas nativas.
No Parque Muhda, conforme o fluxo estimado de turistas visitantes nos primeiros 12 meses, realizado pelo Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (FIPE/USP), 15.000 turistas poderão, anualmente, circular pela agrofloresta e conhecer sobre o SAF, a Juçara e seu simbolismo cultural.

Frutos de palmeira Juçara, que se assemelham ao açaí, que é um fruto produzido pelo açaizeiro, espécie proveniente da Amazônia. © Acervo Instituto Muhda.
A palmeira Juçara – Por meio de seus frutos e sementes, a palmeira Juçara simboliza hábitos culturais de alimentação, artesanato e cosmovisão de povos tradicionais de diferentes territórios catarinenses.
Na dimensão técnico-ambiental, o benefício do projeto passa pela otimização da cadeia produtiva de colheita, beneficiamento e ressignificação do resíduo agroindustrial, que passa a ser reutilizado como matéria-prima para práticas artísticas tradicionais, como o artesanato de povos ancestrais e originários.
A implantação de um modelo agroflorestal de Juçara, com espécies de potencial tintório, gerará diversos benefícios transversais, seja pela regeneração de uma área degradada de encosta, como pelo cuidado com a qualidade da nascente local, que irriga as residências de populações ribeirinhas do entorno.
O estímulo à geração de renda dos parceiros produtores e extrativistas de Juçara na região sul do Brasil também é outro benefício, assim como a doação de sementes e mudas para matéria-prima para a prática do artesanato Guarani e a manutenção da saúde das artesãs indígenas, ao utilizarem corantes naturais ao invés de material industrializado para a elaboração das tintas.
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