Oportunidades internacionais abrem caminho para a ampliação da participação do país, principalmente na exportação de grãos
Na semana da agricultura, o Brasil vive um momento de expansão no agronegócio em nível internacional. Esse cenário é evidenciado em números. No primeiro semestre do ano, o país registrou um superávit acumulado de US$ 74,07 bilhões, o que representa um crescimento de 4,2% em comparação ao mesmo período do ano anterior, segundo os dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O resultado positivo, porém, vem em um período de desvalorização do dólar e de mudança da política econômica nacional.
Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada em comércio exterior, aponta que existe uma série de fatores que terão impacto direto na balança comercial no segundo semestre do ano: “Estamos acompanhando atentamente as mudanças na geopolítica internacional e os conflitos entre as nações. Neste cenário, existem oportunidades para a expansão da participação brasileira no mercado externo, além de desafios a serem enfrentados nos próximos meses, como é o caso da valorização do real”.
Ainda segundo o Ipea, as exportações do agronegócio brasileiro somaram um total de US$ 82,33 bilhões, enquanto as importações registraram US$ 8,25 bilhões, valores que representam um crescimento de 3,9% e 1,6%, respectivamente.
“Os números são expressivos, porém, escondem um fator crucial quando falamos da exportação dos produtos: o câmbio. Com o dólar em um valor inferior, o aumento verdadeiro será definido pela cotação. Deste modo, por mais que exista uma elevação, ela precisa suprir o impacto da valorização do real”, destaca Pizzamiglio.
Outro fator que pode ser uma oportunidade para o Brasil está na mudança dos fornecedores internacionais de determinadas commodities. Como é o caso da soja e do milho, diretamente ligados com a saída da Rússia do acordo do Mar Negro.
“Com essas mudanças, podemos ver transformações significativas no mercado internacional, o que pode resultar no aumento do preço dos grãos. O comércio do Brasil com a Rússia não se dá pelo Mar Negro e, sim, pelo Oceano Atlântico. Deste modo, essa medida parece ser algo que não nos impactará diretamente. Porém, há um aspecto indireto que precisa ser considerado, que é o aumento da demanda internacional por estes produtos, resultando no aumento dos preços”, ressalta o diretor da Efficienza.
O executivo explica que essa é uma oportunidade para o Brasil ampliar a participação no mercado de exportação de produtos, como o milho e a soja. Porém, o aumento do valor dos grãos pode ter impactos nos preços das rações para a pecuária, que tem como base os farelos destes produtos. Segundo dados do governo ucraniano, o país exportou 24,3 milhões de toneladas entre 2021 e 2022, e o milho representou um total de 1,9 milhão.
Outro fator que pode trazer impactos no agronegócio brasileiro é a reunião dos BRICS, que será realizada em agosto, na África do Sul. Com a possibilidade de novos acordos econômicos, o país poderá expandir ainda mais os negócios com países membros, tornando-se uma oportunidade para a ampliação do leque dos produtos do agronegócio ao mercado externo. “O certo é que a agricultura nacional permanece em destaque mundialmente e acredito no potencial de expansão ainda em 2023, tanto na produção como na exportação dos nossos produtos”, completa Pizzamiglio.
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