Análise do Especialista | Ruan Seneanalista de mercado da Grão Direto

 

SOJA – Como o mercado se comportou na última semana

Lavouras amenizaram o ritmo de deterioração. Com a confirmação das chuvas no cinturão,  o relatório divulgado pelo USDA trouxe estabilização na evolução do percentual de lavouras “muito ruins/ruins”, ou seja, diminuiu o ritmo de deterioração.

Redução da seca no Meio-Oeste. Na quinta-feira (06), o Centro Nacional de Mitigação da Seca trouxe uma redução da seca de 63% para 60%, no “Soy Belt” (principais estados produtores de soja). Isso foi reflexo da melhora climática das últimas semanas, que trouxe alívio aos produtores norte-americanos.

Payroll abaixo do esperado. O relatório que indica o número de criação de vagas de empregos não agrícolas nos Estados Unidos, veio abaixo das expectativas de mercado, com 209 mil vagas de trabalho criadas. A taxa de desemprego caiu para 3,6% no mês (-0,1%).

Dólar sensível. Após divulgação do relatório Payroll, com dados de empregos abaixo das expectativas de mercado, juntamente da aprovação da reforma tributária na câmara dos deputados nos Estados Unidos, o dólar finalizou a semana em valorização, sendo cotado a R$ 4,87 (+1,67%).

Em Chicago, o contrato de soja com vencimento em julho/23 encerrou a semana em queda, sendo cotado a U$ 14,81 o bushel (-4,94%). Já o contrato com vencimento em março/24 encerrou a U$ 13,19 o bushel (+0,23%).

Com a alta do dólar, houve valorização na soja brasileira.

O que esperar do mercado

Relatório de oferta e demanda mundial. Na próxima quarta-feira (12/07), haverá atualização dos números de oferta e demanda pelo USDA. Neste relatório, a expectativa de oferta e demanda pela soja norte-americana serão observados de perto. Com a alta demanda de soja brasileira, a soja norte-americana está tendo baixo interesse de compra. Apesar da redução da área plantada para a soja, uma diminuição na expectativa de demanda poderá resultar em mais quedas nos preços em Chicago, pois haverá um equilíbrio entre oferta e demanda devido à redução na área plantada e também na demanda internacional pela soja.

Soja norte-americana florescendo. Com as previsões de mais chuvas para esta semana, resultará em boas condições de desenvolvimento da soja, que estará em pleno florescimento. Ressalta-se que a polinização das flores de soja é o que dará origem às vagens, e em sequência, virá a formação e enchimento de grãos.

Dados de inflação no Brasil e EUA. Esses números nortearão o ritmo e a cautela das taxas de juros pelos bancos centrais dos dois países. Atualmente, há indicações de medidas adicionais de aperto monetário nos EUA, o que aumenta os receios de uma recessão. Já no Brasil, o mercado ainda continua de olho no andamento das pautas a respeito da reforma tributária e nas taxas de juros pelo banco central, que sinalizam uma possibilidade de cortes cautelosos nos próximos meses.

Dólar em desvalorização. A moeda norte-americana poderá voltar à sua tendência de queda principal, norteada pela expectativa de continuidade de alta nas taxas de juros brasileiras, no horizonte de médio prazo.

Perante os fatos apresentados, a soja em Chicago poderá apresentar uma semana negativa, resultando em desvalorização dos preços no mercado interno brasileiro.

 

MILHO – Como o mercado se comportou na última semana

Exportações em ritmo lento. O mês de junho foi marcado pela continuidade da fraqueza dos números de exportação de milho no Brasil. Apesar disso, o número veio superior ao mesmo período do ano passado, totalizando 1,03 milhões de toneladas.

Redução da seca no Meio-Oeste. Na quinta-feira (06), o Centro Nacional de Mitigação da Seca trouxe uma redução da seca de 70% para 67%, nos estados produtores de milho. Isso foi reflexo da melhora climática das últimas semanas, que trouxe alívio aos produtores norte-americanos.

Colheita de milho avançou. De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a colheita seguiu avançando em todo o país. Apesar do atraso na evolução, em relação ao mesmo período do ano passado, não há preocupação em relação a isso, pois o clima continua favorável para continuidade dos trabalhos.

Diante disso, as cotações de Chicago finalizaram a semana cotadas a U$ 5,60 o bushel (+0,72%) para o contrato com vencimento em julho/23. O mercado físico brasileiro, teve uma semana de leves desvalorizações, motivado pela evolução da colheita.

 

O que esperar do mercado

Relatório de oferta e demanda mundial. Na próxima quarta-feira (12/07), haverá atualização dos números de oferta e demanda pelo USDA. Possivelmente, ele aumentará a expectativa de produção dos EUA, mesmo com os problemas climáticos que as lavouras vêm enfrentando, motivado pelo aumento significativo de área plantada. Além disso, há possibilidade de uma redução na previsão de exportação dos Estados Unidos para a safra 2022/23. No Brasil, a previsão de exportação de 55 milhões de toneladas pode ser mantida.

Renovação do acordo do Mar Negro. Com a proximidade do vencimento do acordo, no próximo dia 18, o mercado está voltando sua atenção para esse fato. Existe uma certa apreensão em relação a essa renovação, principalmente devido à resistência anterior demonstrada pela Rússia. No entanto, há expectativas de que ocorra uma renovação do acordo.

O clima continuará no centro das atenções.  As previsões apontam para a continuidade de condições climáticas favoráveis, de acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA). O Corn Belt, deve continuar recebendo chuvas significativas, dando continuidade ao sentimento positivo do mercado.

Melhora nas condições das lavouras dos EUA. A chegada de precipitações (mesmo que irregulares) em vários estados durante a semana, deve trazer um aumento no nível de lavouras boas/excelentes, e diminuir as o nível das lavouras muito ruins/ruins. Isso poderá impactar Chicago negativamente.

A colheita seguirá acelerando. Com condições climáticas favoráveis, a colheita no Brasil se intensificará, resultando em uma oferta significativa de cereais no mercado. Essa abundância de produtos pode exercer uma pressão adicional negativa nos preços brasileiros.

As cotações poderão continuar se desvalorizando. A tendência de desvalorização das cotações de milho deve continuar, por conta, principalmente, da evolução da colheita brasileira.

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