Soja e Milho | Ruan Sene, analista de mercado da Grão Direto
SOJA – Como o mercado se comportou na última semana – Expansão da área seca nos EUA. O “Centro Nacional de Mitigação da Seca”, trouxe uma expansão da área de seca na região produtora norte-americana, trazendo bastante preocupação em relação ao potencial de produção norte-americano. As chuvas não vieram e as temperaturas continuam altas.
Safra brasileira pressionou cotações. Apesar do aumento dos preços em Chicago, houve queda nos preços da soja no mercado interno brasileiro, o que pode ser atribuído ao volume restante para ser comercializado.
Dólar permaneceu em queda. Conforme expectativas de mercado, ocorreu a manutenção das taxas de juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve (FED), permanecendo no intervalo de 5% a 5,25%, trazendo certo otimismo para o mercado. Diante desse cenário, o dólar encerrou a semana sendo cotado a R$ 4,82 (-1,23%).
Em Chicago, o contrato de soja com vencimento em julho/23 finalizou a semana cotado a U$ 14,66 o bushel (+5,62%) e o contrato com vencimento em março/24 encerrou a U$ 13,25 o bushel (+9,32%).
Apesar da alta expressiva de Chicago, a soja brasileira teve uma semana de leves desvalorizações, pressionada pela queda do dólar e o grande volume de vendas.
O que esperar do mercado? – Segunda-feira de Feriado nos EUA. Não houve sessão de negociação em Chicago devido ao feriado de “Juneteenth” nos Estados Unidos. Consequentemente, o mercado ficou sem esta referência para as operações.
Clima no centro das atenções. Para os Estados Unidos, a previsão climática de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), é mais favorável para as regiões centrais, norte e oeste dos Estados Unidos, abrangendo grande parte das principais regiões produtoras. As temperaturas nas principais regiões produtoras foram mais elevadas em relação à semana anterior.
Se as chuvas vierem, como pode se comportar Chicago? Ao contrário da semana anterior, na qual foi possível observar um aumento significativo nos preços em Chicago devido à expansão da área de seca nos Estados Unidos, se o clima norte-americano melhorar e as condições das plantações se recuperarem, poderá ocorrer fortes quedas nas cotações. Pelo histórico climático norte-americano, sabe-se que as chuvas sazonalmente aparecem no final do mês de Junho e começo do mês de Julho.
E as cotações brasileiras? Caso as cotações de Chicago revertam as altas da semana anterior, o mercado brasileiro poderá sofrer mais uma onda de quedas, pressionado pela queda do dólar e pelo grande movimento de venda da oleaginosa.
Dólar poderá ter leves valorizações. Para a esta semana, haverá grande atenção por parte do mercado em relação à reunião do Copom, agendada para os dias 20 e 21, onde serão definidos os rumos das taxas de juros no Brasil. Apesar de existir um consenso sobre a manutenção da taxa, os participantes do mercado estarão atentos a possíveis indícios de redução das taxas de juros no próximo semestre. Essa perspectiva pode resultar em uma valorização da moeda dos Estados Unidos.
Perante os fatos apresentados, a soja em Chicago poderá apresentar uma semana negativa, mas a alta projetada para o câmbio poderá neutralizar a queda dos preços no mercado interno brasileiro.
MILHO – Como o mercado se comportou na última semana – Safra norte-americana. O plantio de milho foi concluído. O clima adverso persistiu, gerando muitas incertezas em relação à efetiva produção da safra de milho nos EUA. As precipitações mal distribuídas e escassas na região do “Corn Belt” estão agravando a seca gradualmente.
Exportações brasileiras em ritmo lento. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações estão lentas, com queda de 18% em relação ao mesmo período do ano passado. Essa lentidão é reflexo da colheita de milho, somado à grande quantidade de soja no mercado que está sendo exportada.
Colheita continua progredindo, mas com atraso. A presença de chuvas em algumas regiões prejudicou a evolução da colheita que chegou a 1,7% no Brasil, de acordo com a Conab. No mesmo período do ano anterior, o país já tinha 4,9% da área colhida, com Goiás, Minas Gerais, Tocantins e Mato Grosso Grosso do Sul iniciando a colheita.
Diante disso, as cotações de Chicago finalizaram a semana cotadas a U$ 6,39 o bushel (+5,79%) para o contrato com vencimento em julho/23. Esse cenário impulsionou o mercado físico brasileiro, que teve uma semana de valorização.
O que esperar do mercado? – Mudança no clima norte-americano. Após uma semana de poucas chuvas no meio-oeste americano, a presença dela nesta semana se torna extremamente necessária. E, de acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), os prognósticos são positivos. O cinturão produtor de milho deve receber chuvas significativas trazendo alívio ao estresse hídrico que a região vem sofrendo.
Condições de lavouras norte-americanas. Como consequência das instabilidades climáticas da semana anterior, a qualidade das lavouras de milho devem continuar sendo depreciadas, trazendo preocupação para o mercado.
A colheita continuará progredindo. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o clima continuará favorável, intensificando a continuidade da colheita em várias regiões produtoras do país.
As exportações irão crescer à medida que a colheita progrida. Com a entrada do milho no mercado, a demanda internacional começará a se tornar mais evidente no mercado brasileiro, devido aos preços atrativos do cereal. De acordo com Ruan Sene, analista de mercado da Grão Direto, espera-se que o movimento mais intenso ocorra a partir de julho.
Os registros de gripe aviária continuarão em monitoramento. Embora não tenha havido aumento de casos confirmados em aves silvestres durante a semana, ainda existem investigações em andamento em alguns estados, o que deixa o mercado em observação contínua.
As cotações poderão continuar se desvalorizando. Segundo Ruan, a conjunção do começo da colheita do milho com a atual diminuição da procura, provavelmente, seguirá exercendo influência sobre os valores do milho no Brasil.
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