Entre os dias 5 e 9 de junho, comemora-se a Semana do Meio Ambiente. O objetivo é expandir os debates promovidos pelo Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, com o intuito de alertar a população sobre a importância da preservação ambiental. E nesse cuidado com o meio ambiente, as abelhas e os meliponicultores exercem um papel fundamental.
Esses animais são os principais agentes de polinização, ganhando das moscas, borboletas, pássaros e, inclusive, do vento. Quando se alimentam de recursos florais, as abelhas espalham o pólen por grandes áreas, garantindo a produção de frutos e sementes, além da reprodução de diversas plantas fundamentais para a preservação do meio ambiente.
A meliponicultura é a atividade de criação de Meliponíneos, as famosas abelhas sem ferrão, visando a produção de mel, própolis, pólen e resinas. “Na verdade essas abelhas possuem ferrão, entretanto este é vestigial, atrofiado. Assim elas não utilizam dele para defesa e cada espécie dos Meliponini investe em outras estratégias para substituí-lo”, esclarece Hiara Meneses, zootecnista e presidente da Associação Cearense de Meliponicultores. Segundo a Embrapa, esse tipo de abelha é responsável pela polinização de 30% das espécies da Caatinga, Pantanal e até 90% das espécies da Mata Atlântica.
A criação racional dessas abelhas para a produção de mel é uma tecnologia sustentável que a Associação Caatinga vem disseminando há mais de 10 anos. “Além de promover serviços ecossistêmicos, demonstra ao sertanejo o valor da floresta em pé e a necessidade de proteção de uma espécie ameaçada”, enfatiza Carlito Lima, agente de mobilização da Associação Caatinga. “Ainda contribui com o incremento na renda para as famílias rurais e resgata a cultural utilização do mel como alimento nutritivo”, complementa.
A Associação Caatinga vem implantando meliponários de abelha Jandaíra (Melipona subnitida) e capacitando os interessados por meio do projeto No Clima da Caatinga, iniciativa que conta com o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental. A Jandaíra é uma espécie endêmica da Caatinga que produz um mel com propriedades medicinais. Devido ao processo de desmatamento e corte seletivo de espécies madeireiras, a abelha encontra-se ameaçada de extinção, tendo desaparecido completamente de algumas regiões devido à ausência de árvores de grande porte com cavidades para as abelhas implantarem naturalmente suas colônias.
Carlito Lima, o meliponicultor alérgico a abelhas que desfilou com a tocha olímpica – O Projeto No Clima da Caatinga já distribuiu 278 colônias de abelhas Jandaíra e capacitou 357 pessoas. Entre os beneficiados está Carlito Lima, agente de mobilização, especialista em meliponicultura e colaborador da Associação Caatinga desde 2012. Ele sonhava em trabalhar com abelhas, porém descobriu uma alergia à toxina do ferrão em um curso de apicultura. Anos depois, por meio do projeto, conheceu a criação de abelhas sem ferrão e finalmente conseguiu realizar seu sonho.
Morador de Crateús, Carlito conta que começou a gostar de mel muito pequeno. “Meu pai tirava mel na mata. Só que a gente não sabia como era produzido, de onde vinha, mas eu sempre tinha interesse”, conta. Em 2005, ele fez um curso em apicultura e foi ferroado por diversas abelhas. Sentindo-se mal, Carlito procurou um médico que diagnosticou a alergia e recomendou que ele se afastasse desse tipo de trabalho.
Em 2011, ele conheceu o trabalho da Associação Caatinga por meio de um curso de condutor de guias, e se tornou colaborador da instituição na Serra das Almas. Em 2012, ele soube do curso da entidade sobre abelhas sem ferrão, era a oportunidade que sonhava para voltar a trabalhar com abelhas. “Era uma abelha que eu poderia criar porque não iria me ferroar, não iria causar alergia, né? Aí foi muito bom, foi magnífico. Eu fui contratado pela Associação Caatinga e tive a oportunidade de conhecer a construção do meliponário.”
Em 2016, o Brasil sediou as olimpíadas e pessoas com histórias inspiradoras foram selecionadas para conduzir a tocha olímpica. Carlito foi uma delas. “A tocha foi algo marcante demais na minha vida. Fui escolhido por não ter desistido, ter persistido em realizar meu sonho que era trabalhar com as abelhas e por conseguir influenciar outras pessoas aqui na minha região”, conta.
“A nossa vida é feita de sonhos e nós somos feitos para sonhar. E eu comentava com meus amigos e isso parecia ser um sonho pequeno, enquanto os outros queriam alçar voos maiores. Eu compreendi que a meliponicultura não era um sonho pequeno, foi um sonho muito grande e o que eu podia falar para mim mesmo era: continue, acredite, e aguarde que a sua vez vai chegar… E, graças a Deus, chegou”, declara Carlito Lima.
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