Soja e Milho | Ruan Seneanalista de mercado da Grão Direto

 

SOJA – Como o mercado se comportou na última semana – Clima e plantio nos EUA. O ritmo de plantio em boas condições limitou a valorização dos preços em Chicago. No entanto, a escassez de chuvas em algumas regiões do meio-oeste norte-americano trouxe uma preocupação adicional e afetou os preços da soja em Chicago.

Biocombustíveis no radar. Na segunda-feira, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) enviou uma revisão dos requisitos de biocombustíveis, sugerindo um aumento no consumo desses combustíveis. A expectativa de aumento no consumo de óleo de soja impulsionou a valorização em Chicago.

Dólar permaneceu abaixo dos R$ 5,00. A aprovação do texto-base do novo arcabouço fiscal pela Câmara dos Deputados  e a continuidade da  renegociação da dívida dos Estados Unidos foram os principais destaques, resultando em queda de 0,20% no dólar, fechando a R$ 4,99.

Dívida nos Estado Unidos. Durante a semana, ocorreram reuniões entre o presidente do país e o presidente da câmara, mas não foi alcançado um acordo para aumentar o limite de gastos do país. Isso aumentou ainda mais as preocupações do mercado em relação a um possível calote nas dívidas norte-americanas.

Diante disso, o contrato de soja com vencimento em julho/23 finalizou a semana sendo cotado a U$ 13,36 o bushel (+2,38%) e o contrato com vencimento em agosto/23 encerrou a U$ 12,60 o bushel (+1,12%).

Com a manutenção do dólar junto às valorizações de Chicago, a semana para a soja fechou positiva com relação à semana anterior.

 

O que esperado do mercado? – Clima no centro das atenções. Com a maior parte da área projetada já plantada, o mercado agora está voltando sua atenção para o clima nos Estados Unidos. Os modelos climáticos indicam um aumento na temperatura e uma escassez de chuvas nos próximos 7 dias na região agrícola dos Estados Unidos. Regiões como o norte de Oklahoma, o estado de Kansas, Nebraska, Dakota do Sul e uma parte do leste de Iowa podem enfrentar um risco mais alto de seca caso não ocorram chuvas para beneficiar as lavouras desses estados. Se esse cenário se confirmar, pode levar a novas altas nos preços em Chicago, segundo Ruan Sene, analista de mercado da Grão Direto.

Fundos de gestão ativa pessimistas com a soja. Os fundos de investimentos reduziram suas apostas na alta de preços da soja em Chicago, de acordo com dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), a posição líquida comprada diminuiu 56,2% no período. Caso esse ritmo continue, há grandes chances dos fundos ficarem vendidos, fato que aconteceu em 2020, com o início da pandemia.

A relação de troca ainda é favorável. Com a queda acentuada nas cotações dos fertilizantes, principalmente: Ureia, NPK e MAP, as condições ficaram favoráveis para a troca por fertilizantes, mesmo com a queda de Chicago. A relação está abaixo da média dos últimos 5 anos, e isso contribui para o barateamento dos custos para a próxima safra.

Prêmios da soja no Brasil podem voltar a cair. Com a aproximação da colheita do milho segunda safra, os armazéns já estão solicitando a retirada dos grãos de soja, o que geralmente ocorre na segunda quinzena de junho. Além disso, o mês de junho foi marcado por poucas compras da China, pois o país tem se concentrado no trigo para fabricação de ração e no óleo de palma para consumo de óleo vegetal. Com esses pontos alinhados, espera-se uma oferta significativa no mercado no próximo mês, porém, sem uma demanda adequada para absorver o volume, o que provavelmente resultará em uma queda nos preços da soja no mercado físico, de acordo com o analista da Grão Direto.

Data limite para renegociar a dívida nos EUA. Mais reuniões deverão acontecer nesta semana, para determinar o rumo da dívida trilionária dos Estados Unidos, que vem aumentando os temores de calote e recessão. Os dois presidentes possuem o prazo para apresentar uma solução até a próxima quinta-feira (01/06), indicando se irão aumentar o teto da dívida ou prorrogar seu pagamento.

Revisão da geração de empregos nos EUA. Na próxima sexta-feira (02/06), será divulgado o relatório de geração de empregos não agrícolas (Payroll), e o mercado espera um aumento dos números. Os dados serão determinantes para determinar o rumo da economia dos Estados Unidos, pois influenciará diretamente nas decisões do banco central norte-americano para as taxas de juros.

De acordo com o Ruan da Grão Direto, diante de todo este cenário, espera-se um uma queda do dólar no Brasil e uma continuidade de alta nos preços, diante das instabilidades climáticas nos EUA.

 

MILHO – Como o mercado se comportou na última semana – O ritmo de colheita brasileira evoluiu. Durante a semana, houve progresso na colheita do milho da segunda safra, especialmente no estado do Mato Grosso. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil já registra a colheita de 0,4% da área total.

Volatilidade climática nos EUA. A falta de chuvas em algumas regiões do meio-oeste norte-americano trouxe uma preocupação adicional e impactou os preços do milho em Chicago, resultando em valorizações significativas.

Evolução do plantio norte-americano. As condições climáticas foram favoráveis para a continuidade do plantio de milho nos Estados Unidos, superando tanto o mesmo período do ano anterior quanto a média dos últimos 5 anos.

Diante disso, as cotações de Chicago finalizaram a semana sendo cotadas a U$ 6,05 o bushel (+8,81%) para o contrato com vencimento em julho/23. O mercado físico brasileiro teve mais uma semana de desvalorização.

 

O que esperado do mercado? – Região central do Brasil sem chuvas. Conforme os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), há previsão de chuvas significativas apenas nas regiões Norte e Sul do país. Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, a previsão indica tempo seco, o que favorece a continuidade da colheita.

 Clima nos EUA em alerta. De acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), na próxima semana há previsões de chuvas abaixo da média na região Nordeste do cinturão produtor, atingindo os maiores estados produtores: Iowa, Illinois e Minnesota. Segundo Ruan Sene, analista de mercado da Grão Direto, com a persistência deste cenário, as cotações de Chicago continuarão se valorizando.

Evolução da colheita da segunda safra de milho. Nos próximos dias, está previsto o início da colheita em outras regiões, o que deverá exercer pressão sobre os preços. É provável que essa tendência negativa persista, principalmente nos meses de junho e julho, quando a colheita alcançará seu ponto máximo.

Exportações brasileiras e norte-americanas continuarão lentas. Devido às expectativas de uma grande safra no Brasil, os compradores estão confortáveis com suas compras, o que pressiona ainda mais os preços do cereal. É previsto que a demanda pelo milho brasileiro se torne mais presente somente no segundo semestre.

Casos de gripe continuarão em monitoramento. Com a declaração de emergência zoossanitária para prevenir espalhamento de gripe aviária, o mercado continuará monitorando a evolução dos casos. Preocupações excessivas poderão ocorrer, caso aves comerciais sejam contaminadas.

As cotações poderão continuar se desvalorizando. Segundo Ruan Sene, a expectativa de iniciar a colheita do milho, juntamente com a atual baixa demanda, deverá continuar exercendo pressão sobre os preços do milho no Brasil.

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