Bioinsumos: mercado que movimentou bilhões na última safra já é a realidade da agricultura brasileira
Por Amália Borsari, Diretora Executiva de Biológicos da CropLife Brasil
O mercado de bioinsumos vem crescendo exponencialmente nos últimos anos. Isso é reflexo de uma demanda mundial por uma agricultura mais produtiva, saudável e sustentável. No Brasil, o movimento de alta do setor vem se consolidando há alguns anos.
Os bioinsumos caíram no gosto do agricultor brasileiro e deixaram de ser somente uma alternativa em relação aos defensivos químicos. A prova disso são os números que avançam a cada dia. Segundo um estudo da CropLife Brasil, feito em parceria com a S&P Global, o valor estimado do mercado brasileiro de biodefensivos foi estimado em cerca de R$ 3,3 bilhões para a safra 2021/2022. Isso representa um crescimento de 219% em relação ao valor de mercado da safra anterior, estimada em R$ 1,03 bilhões.
A pesquisa também constatou que, entre 2018 e 2022, a taxa de crescimento anual (CAGR) de biodefensivos foi de 61,2%. Além disso, na safra de 2021/2022, a taxa média de adoção de controle biológico subiu para 28% do total da área plantada em lavouras no País, que é estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 85,7 milhões de hectares. Em 2019/2020, a taxa média de adoção era cerca 17%. Isso prova o crescimento acelerado do mercado que tão é falado pelos especialistas e agricultores.
Boa parte do mercado de bioinsumos é impulsionado por grandes culturas, como soja e milho. O estudo analisou oito culturas em oito estados diferentes, totalizando uma área de 47 milhões de hectares, onde os dados da pesquisa apontaram uma taxa de adoção de controle biológico perto de 39%, ou seja, em 16,6 milhões de hectares, os produtores fizeram pelo menos uma aplicação.
E a previsão é que esse segmento bilionário avance ainda mais. O estudo projeta um valor próximo a R$ 17 bilhões para o setor até 2030, considerando uma taxa de crescimento anual entre 2022 e 2023 de 23%.
Os números desta indústria, que impressionam a todos, acompanham as proporções do Brasil e o avanço tecnológico que agronegócio nacional vem incorporando às práticas do campo.
Outro fator a se considerar, é que o País é um dos maiores produtores agrícolas do mundo, com cerca de duas safras por ano e referência em agricultura tropical, que, diferentemente de outros continentes, como a Europa, enfrentam desafios muito maiores com pragas e doenças nas lavouras. Nesse cenário, por exemplo, os biológicos já desempenham um papel fundamental no combate e prevenção de pragas endêmicas, como a Cigarrinha do Milho (Dalbulus maidis).
Claro que esse aumento também deve ser creditado ao processo regulatório brasileiro, que vem se modernizando. O que já foi um dos principais entraves para a popularização dos bioinsumos, hoje se mostra mais maleável no quesito tempo de espera para aprovação.
Atualmente, contamos com um ciclo que prioriza a agilidade e eficiência na análise de novos produtos, mas ainda temos um bom caminho pela frente. Com o PL 3668/2021 em andamento, talvez, em breve, tenhamos uma legislação efetiva, capaz de unificar todos os produtos biológicos, incluindo os que tenham aspecto de controle, estímulo e nutrição para as plantas.
Estamos testemunhando uma revolução sustentável no campo. Os bioinsumos já são a realidade da agricultura brasileira.
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