Soja e Milho | Ruan Seneanalista de mercado da Grão Direto

 

SOJA – Como o mercado se comportou na última semana – Em Chicago, a soja teve uma semana positiva apesar do recente receio do mercado com a crise bancária americana, que acabou impactando toda cadeia de commodities. A valorização do óleo de soja foi o principal impulsionador.

Petróleo em queda com a decisão do banco central dos Estados Unidos. As cotações apresentaram quedas, visto que aumentaram os temores de recessão, podendo significar uma potencial diminuição da demanda para o petróleo.

Semana de queda no dólar, resultante do aumento de taxas de juros nos EUA e do relatório de empregos não-agrícolas (Payroll) que trouxe números acima do esperado. Sendo assim, o dólar finalizou a semana sendo cotado a R$ 4,94 (-1,00%).

Diante disso, o contrato com vencimento em maio/23 finalizou a semana sendo cotado a U 14,69 o bushel (+1,66%) e o contrato com vencimento em julho/23 encerrou a U 14,37 o bushel (+1,27%).

Com a queda do dólar somada à valorização de Chicago, a semana para a soja fechou positiva, em relação à semana anterior.

 

O que esperado do mercado? – Altas temperaturas e chegada de chuvas nos EUA. De acordo com o Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), para os próximos 6 dias haverá um aumento da temperatura acima da média para a região das Dakotas, Minnesota, Wisconsin, Nebraska, Iowa e Illinois. A previsão de aumento da temperatura para os 7 estados citados poderá influenciar os preços para a próxima semana. Em contrapartida, o que poderá amenizar as incertezas climáticas será a chegada de chuvas nessas regiões, pois todos esses estados estão com o avanço de plantio acima da média e, para uma boa germinação da área semeada, chuvas serão necessárias.

Relatório de Oferta e Demanda Mundial. No próximo dia sexta-feira (12/05), o USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) irá lançar novas informações sobre a safra 2022/23 e os primeiros dados da safra 2023/24 nos Estados Unidos. Antecipa-se uma redução adicional na estimativa de produção da Argentina, uma queda na demanda pela soja dos EUA e um aumento na demanda pela soja brasileira.

Projeção de queda nas exportações em maio. Na segunda-feira (08/05), a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) trará os números de exportações da primeira semana deste mês. Contudo, o número deve ser inferior ao mês de abril (14,34 milhões de toneladas), por conta dos problemas logísticos enfrentados pelo país. Apesar disso, o número deverá ser superior ao mesmo período do ano passado. Esse cenário continuará pressionando os prêmios nos portos.

As indústrias esmagadoras poderão ter uma melhora na sua margem. A quebra de safra da Argentina vai gerar um déficit na produção de farelo e óleo de soja e trará boas oportunidades para o Brasil. Segundo Ruan Sene, analista de mercado da Grão Direto, esse cenário tende a ficar mais favorável com a chegada do milho da segunda safra no mercado, pois muitos armazéns vão esvaziar seus silos com soja para receber a produção do cereal. Isso deve resultar em margens mais positivas para as indústrias processadoras de soja.

O dólar continuará em queda. Após uma semana turbulenta, a moeda americana possivelmente continuará sua tendência de desvalorização no Brasil, refletindo a manutenção da taxa de juros interna em altos patamares e, consequentemente, atraindo capital estrangeiro.

Diante disso, de acordo com Ruan, as cotações brasileiras poderão ter uma semana de queda nos preços, pressionadas pela evolução do plantio nos Estados Unidos e a queda do dólar.

 

MILHO – Como o mercado se comportou na última semana –  plantio de milho na safra 2023/24 nos EUA teve um avanço rápido, atingindo 26% da projeção total, conforme relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgado em 01/05. Houve um progresso de 12% durante a semana.

 

Exportações em queda. Em abril, o volume de exportação de milho registrado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) foi 28% menor em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Discussões sobre a renovação do acordo no Mar Negro. O mercado também acompanhou as negociações entre a Ucrânia, a Rússia e a Turquia, com intuito de renovar o acordo de exportação pelo Mar Negro, que ainda não foi efetivado.
Diante disso, as cotações de Chicago finalizaram a semana sendo cotadas a U 6,52 o bushel (+2,68%) para o contrato com vencimento em maio/23. Em contrapartida, o mercado físico brasileiro teve mais uma semana de desvalorização.

 

O que esperado do mercado? – Exportações brasileiras continuarão em ritmo lento. Na segunda-feira (08/05), a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) trará os números de exportações da primeira semana de maio. Segundo o analista de mercado da Grão Direto, os números devem continuar pequenos, aguardando a chegada na segunda safra a partir de junho. Considerando os dados históricos, possivelmente o volume fechará o mês com aproximadamente 500 mil toneladas.

O mundo continuará aguardando a chegada do milho brasileiro. As vendas de milho norte-americano devem continuar fracas nesta semana. A expectativa continua muito alta em relação à produção da segunda safra de milho brasileiro, e isso vem pressionando os preços internos, atraindo muitos compradores internacionais. Além disso, a África do Sul aguarda uma ótima safra de milho, e também vem sendo opção de compra para os países, principalmente a China.

Relatório de Oferta e Demanda Mundial. Na sexta-feira (12/05), o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), divulgará novos números referentes à safra 2022/23 e os primeiros números da safra 2023/24 nos EUA. É esperada mais uma diminuição na expectativa de produção da Argentina; menor demanda de milho e, consequentemente, aumento dos estoques.

O clima no Brasil seguirá diversificado. Segundo informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), há previsão de chuvas para o Sul do Brasil nos próximos dias. Nas demais regiões, a previsão é de tempo seco e quente sobre o Centro-Oeste e Sudeste. A continuidade da falta de chuvas poderá prejudicar o potencial produtivo de algumas regiões, principalmente em locais que o plantio foi feito fora da janela ideal.

O clima nos EUA continuará favorecendo o plantio. Para os EUA, de acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), a região Norte do cinturão produtor poderá ter aumento de temperaturas, favorecendo a evolução do plantio. Já a região oeste, onde o plantio está sendo feito com solo seco, poderá receber chuvas, trazendo alívio aos produtores. A região Centro-Sul têm maior probabilidade de receber chuvas volumosas.

Proximidade do prazo limite do acordo no Mar Negro. As tensões entre a Rússia e a Ucrânia continuam altas. Houve uma reunião na última sexta-feira (05/05), porém, sem sucesso. A Rússia afirma que não estenderá o acordo (que vence em 18 de maio), caso uma lista de exigências não seja cumprida. As próximas duas semanas serão de bastante tensão em relação à renovação deste acordo, podendo provocar bastante oscilação em Chicago.

As cotações poderão ter mais uma semana de desvalorização. De acordo com Ruan Sene, a falta de novos fundamentos para o milho brasileiro provavelmente resultará em mais uma semana de leves desvalorizações.

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