Manejo biológico e combate à cigarrinha-do-milho
Por Germison Tomquelski, doutor em agronomia e pesquisador da Desafios Agro
Temos visto, nas últimas safras, progressivo aumento de incidência da Cigarrinha do milho (Dalbulus maidis), com expressivos danos nas lavouras de todo o Brasil. Nesta safra 22/23, em especial, a infestação tem sido relativamente menor em grande parte das regiões que sofreram prejuízos significativos em ciclos anteriores. Apesar da pressão menor, temos ainda grande número de plantas adoecidas e de perdas produtivas por este vetor. O momento, portanto, não pode ser de “baixar a guarda”.
O produtor deve continuar com o monitoramento constante da cigarrinha, além das observações regionais sobre como anda a “ponte verde” — sistema de produção — sobre a presença de milho durante o ano, tigueras e viroses — molicutes.
As doenças presentes nas várias regiões do Brasil levam a grandes prejuízos. Em trabalhos realizados, alguns materiais apresentaram prejuízos de até 100%, com a queda das plantas, não formando a espiga. Nesta safra, se verifica em muitas regiões a virose do raiado fino, que é uma das 4 doenças transmitidas pela cigarrinha, e comumente encontrada primeiro nas lavouras de milho na região central. Esta doença tem levado a prejuízos comumente na ordem de 30% de quebra na produtividade.
Além das doenças, o produtor precisa se atentar com a “fumagina” – (doença secundária em função da sucção — excreção da praga), que porventura pode levar a danos mesmo ocorrendo na fase final da cultura, de até 15% de quebra na produtividade. As ninfas apresentam papel importante neste aspecto — prejuízos, por estarem na cultura todo o tempo sugando e excretando.
Se espera que a redução da praga neste ano, em grande parte do Brasil, venha a se refletir em maiores produtividades nas diversas regiões. Se acontecer isto devemos lembrar que os resultados foram proporcionados pelos cuidados iniciais e a um manejo integrado mais diversificado e complementar. Além da contribuição natural do clima – que nesta safra foi mais favorável ao manejo, e à cultura, do que à cigarrinha – têm sido importantes aliadas neste controle estratégias como a retirada de plantas tigueras de milho, a diminuição das áreas de milho verão em determinadas regiões e uma crescente adoção de ferramentas biológicas, que agregam eficiência e segurança complementares ao controle químico deste alvo.
O manejo biológico da cigarrinha-do-milho apresenta ainda diversos benefícios, como a redução dos riscos para a saúde e para o ambiente, além da ausência de desenvolvimento de resistência, ação residual mais prolongada — garantida pela contínua disseminação dos organismos vivos que compõem as tecnologias biológicas.
São vários os inimigos naturais da cigarrinha do milho, incluindo vespas parasitoides, aranhas e percevejos predadores. Entre as ferramentas biológicas disponíveis no mercado, a Beauveria sp. e a Izaria sp. são os destaques para o manejo desta praga, proporcionando incrementos de 20 a 30% no controle da cigarrinha do milho. Vale destacar ainda que, nesta safra, as ferramentas biológicas têm apresentado boa contribuição também no controle do pulgão, outra importante praga da cultura, e também vetora do mosaico comum no milho.
Os resultados dos últimos anos nos diversos trabalhos da Desafios Agro com a utilização das ferramentas biológicas no início do desenvolvimento da cultura proveram resultados satisfatórios, agregando no controle da praga tanto em fase inicial como também – e principalmente – no controle da incidência (dias a mais) proporcionando intervalos maiores entre uma aplicação e outra. Nos ensaios e testes de campo, acompanhamos o manejo pelo uso de tecnologia da empresa Vittia, responsável pela pesquisa e desenvolvimento de produtos biológicos e nutrição especial de plantas. O produto em questão foi o Bovéria-Turbo®, um inseticida e acaricida biológico que performa pela disseminação de esporos de fungos benéficos na lavoura, atuando diretamente sobre os alvos e colonizando-os até a eliminação. A tecnologia permanece em campo, atingindo novas gerações ou insetos migradores, contribuindo substancialmente para uma performance mais duradoura e eficiente.
Com a crescente inserção das tecnologias biológicas, cuidado com as “tigueras de milho” e disseminação de técnicas complementares de manejo integrado de pragas, é possível reduzir significativamente os prejuízos causados pela cigarrinha-do-milho, garantindo assim a produção de milho cada vez mais sustentável e econômica.
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A Vittia, empresa brasileira de biotecnologia e nutrição especial de plantas, com soluções para diversas culturas agrícolas, está presente há 51 anos no país com a missão de permitir aos produtores ganhos de rentabilidade por área e melhoria do balanço socioambiental, entregando excelência em produtos e serviços para a agricultura.
Sempre expandindo sua atuação a favor do agronegócio por meio de pesquisa, tecnologia e desenvolvimento, a empresa, dedicada à produção de insumos de alta tecnologia para a agricultura, conta com diversos produtos nas linhas de adjuvantes, inoculantes (fertilizantes biológicos), acaricidas, controle biológico, fertilizantes foliares, fertilizantes organominerais, condicionadores de solo, micronutrientes granulados para solo e sais para a agricultura e pecuária.
A Vittia possui três unidades industriais localizadas em São Joaquim da Barra, além de unidades em Serrana, Ituverava e Artur Nogueira, no estado de São Paulo, e em Paraopeba e Patos de Minas, no estado de Minas Gerais. Atualmente, conta com cerca de 1100 colaboradores entre equipes administrativas, de produção e especialistas de campo. Comprometida com os princípios da sustentabilidade, a empresa visa criar valor por meio da inovação e ampliação de negócios com aquisições estratégicas no mercado. Em 2021, a receita líquida da empresa foi de R$ 779 milhões.
Além disso, a Vittia recebeu do MAPA o Selo Agro+ Integridade, que se destina a premiar empresas do agronegócio que, reconhecidamente, desenvolvem boas práticas de gestão de integridade, ética e sustentabilidade.
A Vittia foi também uma das vencedoras do Prêmio Eco 2022, iniciativa da Amcham que tem como objetivo reconhecer empresas que adotam práticas ESG no Brasil.