As exportações anuais crescem em ritmo galopante, com crescimento de 16% em 2020 para 42% em 2021. Paraguai, Bolívia e Chile são os principais destinos
No Dia Internacional da Cerveja, comemorado nesta sexta-feira (5), o Brasil pode brindar com gosto. O produto nacional tem conquistado o paladar de gente no mundo todo, especialmente dos paraguaios, bolivianos e chilenos. Em 2021, de acordo com os dados publicados pelo Ministério da Economia, as exportações brasileiras registraram um crescimento de 42% em relação a 2020, alcançando mais de US$ 131 milhões em valor exportado.
A cerveja nacional é hoje produzida em cerca de 700 municípios, em mais de 1.380 cervejarias brasileiras. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) tem investido neste potencial, tendo qualificado 10% do segmento para vendas internacionais. Entre 2018 e 2021, através do Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX), a Agência capacitou empresários e equipes de 80 cervejarias, para começarem a exportar e, neste momento, mais 23 estão em processo de qualificação.
A qualidade do produto brasileiro tem levado ao reconhecimento internacional, por meio de premiações. As cervejas produzidas pela Providência, por exemplo, empresa com sede em Cascavel, no Paraná, que participou do PEIEX, já conquistaram mais de 10 prêmios nacionais e seis internacionais. Com produção desde 2012, a empresa agora quer começar a exportar para os países da América do Sul, como explica o sócio proprietário Gabriel Grebinski, que fez parte da capacitação do PEIEX em 2019, no núcleo executado pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). “Através do programa da ApexBrasil, tivemos acesso a diversas informações importantes, como toda a questão documental necessária à exportação. Nosso foco sempre foi o mercado da América do Sul, pela questão da proximidade física, e com o PEIEX demos início ao processo de exportação para o Paraguai. Infelizmente, em função da pandemia, o negócio foi interrompido. Porém, não desistimos e vamos retomar o projeto no ano que vem”, conta Grebinski.
Gratuito para aos empreendedores, o PEIEX é implementado em todas as regiões do país, por meio de parcerias da Apex-Brasil com instituições de ensino (Universidades, Parques Tecnológicos ou Fundações de Amparo à Pesquisa) ou Federações de Indústria. “Nos últimos anos, observamos uma grande demanda de cervejarias artesanais pela nossa qualificação para o mercado internacional. Isso mostra que é um setor forte no nosso país, com grande número de empresas e uma vasta oferta de produtos de qualidade. Vemos potencial, inclusive, para pensar em ações futuras específicas para internacionalização de cervejarias”, destacou a gerente de Competitividade da ApexBrasil, Clarissa Furtado.
A cervejaria Mindubier, da região metropolitana de Salvador, na Bahia, está entre as 23 que estão sendo atendidas atualmente pelo PEIEX. Também premiada, a cervejaria ganhou medalha de ouro com sua Pilsen no Concurso Brasileiro de Cervejas em 2022. O diretor da Mindubier, Gustavo Freitas, explica que a adesão ao programa foi feita com objetivo de exportar de forma direta, a partir de sua própria fábrica no município Lauro de Freitas (BA).
“Exportamos desde 2020 para uma distribuidora da Holanda, que entrega em outros países europeus. Entretanto, esse produto vai para lá partindo de nossa parceira terceirizada de São Paulo. Este ano, inauguramos nossa própria indústria e, agora, queremos uma forma de exportar diretamente. Temos como premissas da produção dar destaque a produtos regionais da caatinga, como mangaba e fava de aridan. Fazer com que o mundo conheça a originalidade da Bahia através da exportação é parte da missão da nossa empresa”, diz.
Potencial da região sul-americana – Os principais destinos da cerveja brasileira são os países da América do Sul, liderados por Paraguai, que tem 67,8% de participação nas exportações. No último ano, as importações do produto brasileiro pelo país vizinho aumentaram em 41%, representando mais de US$ 89 milhões de receita gerada ao Brasil.
O segundo país que mais compra a bebida nacional é a Bolívia: em 2021, as vendas de cerveja para os bolivianos somaram US$ 15,8 milhões. Conforme levantamento da Inteligência de Mercado da ApexBrasil, é destaque também o mercado chileno, uma vez que suas importações da cerveja brasileira registraram um crescimento anual médio de 515%, entre 2017 e 2021.
“Houve um aumento considerável das exportações para o Chile. Em receita, em 2017 a média anual correspondia a um montante de US$ 6,8 mil, e em 2021, foi de US$ 9,9 milhões. É mais um destino bem-sucedido do produto na nossa região continental, que deve estar no radar das cervejarias brasileiras, principalmente pela questão da logística. A cerveja tem uma série de características próprias do setor alimentício, como validade e exigências de conservação em transporte, e a proximidade física facilita que os trâmites sejam realizados em conformidade com as normativas internacionais e sem prejuízos de qualidade”, explica o gerente de Inteligência de Mercado da ApexBrasil, Igor Celeste.
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