Em crescimento acelerado, Inteligência Artificial impacta cotidiano do agronegócio

Por Alexandre de Alencar

 

Alexandre de Alencar, Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da divisão de Agricultura da Hexagon

O mercado de Inteligência Artificial (IA) deve crescer 19,6% este ano, atingindo US$ 432,8 bilhões, de acordo com relatório da consultoria IDC. A expectativa é de que as empresas aumentem em 28% o investimento nesse recurso em relação a 2021. Setores da indústria, saúde, recursos humanos e agricultura são apontados por especialistas enquanto os mais promissores no uso de IA.

Curiosamente, há algum tempo, a agricultura era uma das áreas em que menos se imaginava a aplicação dessa tecnologia. Além do próprio ambiente rural, o fato de a atividade ser baseada em tradições e práticas consolidadas trazia essa dúvida. No entanto, mesmo a IA tendo começado a impactar diretamente o campo há apenas poucos anos, ela já causou avanços inimagináveis em termos de eficiência.

Atualmente, cerca de 10% das empresas de inteligência artificial focam na agricultura, e a tendência, com os crescentes investimentos na área, é de que a tecnologia seja implementada em grande escala nos próximos anos.

As aplicações abrangem uma série de possibilidades  em todos os processos do campo — desde o planejamento de plantio até o transporte da matéria-prima para a indústria. Na prática, são duas grandes frentes de atuação: na automação, que auxilia na execução de tarefas de forma ágil e precisa, e na estratégia, que usa a análise de dados para trazer impactos na inteligência do negócio. Com seus mecanismos, é possível testar um número gigantesco de alternativas até chegar àquela de maior eficiência e menor custo para a empresa agrícola.

 

Diagnósticos estratégicos e automações pela eficiência – Nos últimos anos, sensores passaram a registrar as atividades dos equipamentos agrícolas de segundo a segundo, recolhendo centenas de informações sobre as operações realizadas — das mais simples, como velocidade da máquina e nível de combustível, até as mais complexas, como pressão hidráulica e acionamento de implementos. Por conta disso, as empresas do setor começaram a acumular uma infinidade de informações coletadas em diferentes processos.

Nesse cenário, o uso da IA é capaz de apoiar a elaboração de diagnósticos e permitir ações com base na previsibilidade. A tecnologia trata esses dados e projeta cenários, antecipando situações indesejáveis e fazendo recomendações em tempo real. Algumas ações comuns são o aviso do momento ideal para realização de uma manutenção no equipamento e a escolha de rotas e movimentos mais eficientes para execução das operações. Ao mesmo tempo, a análise do comportamento das máquinas permite identificar práticas mais econômicas e eficientes, apoiando as empresas na melhoria de suas atividades e na alocação de recursos diariamente.

Outro exemplo é o diagnóstico por imagens. Junto ao trabalho de drones, é possível processar imensas áreas de forma remota, visualizando onde há possíveis ameaças, plantas daninhas, doenças fúngicas e deficiências nutricionais. Com isso, identifica-se precisamente onde é necessário aplicar corretivos ou outros produtos para recuperação da produtividade.

Em termos de automação, o mercado já apresenta veículos com piloto automático e protótipos de máquinas com “autodireção” que precisam da IA para não cometer erros ou gerar acidentes. Com inovação, além da popularização desse tipo de máquina, logo teremos tratores e colhedoras capazes de atuar com recursos ainda mais revolucionários.

A ideia é que a máquina seja o mais auto suficiente possível, reduzindo a necessidade de intervenção por parte do operador. Elas poderão, por exemplo, dosar a quantidade ideal de defensivo a ser aplicado em uma área, identificar plantas prontas para a colheita ou que precisam de descarte, e até mudar de rota quando houver alguma interferência externa, como um obstáculo não mapeado. Tudo por conta própria.

 

Tecnologia como meio, não fim – Apesar das grandes oportunidades de aplicações de IA na agricultura, existem alguns desafios que dificultam seu amplo acesso. A falta de familiaridade com a tecnologia, o alto custo inicial associado à sua implantação e a escassa conectividade no campo são alguns dos fatores que restringem sua abrangência.

Além disso, é importante lembrar que, embora o potencial da inteligência artificial para o agronegócio seja enorme, ela é apenas um instrumento — um meio, não um fim, como qualquer outra tecnologia. É preciso ter um planejamento concreto e metas traçadas para aproveitar sua capacidade. A pergunta certa ao se estudar a possibilidade de adotá-la é: qual o objetivo?

De acordo com a pesquisa Gartner CIO and Technology Executive Survey 2022, da consultoria global Gartner, 48% dos executivos já implantaram ou planejam implantar mecanismos de IA e aprendizado de máquina nos próximos 12 meses. Porém, só os players que tiverem um objetivo traçado para seu uso, investindo em fornecedores qualificados e na capacitação de suas equipes, é que irão se manter à frente do mercado, aproveitando efetivamente o potencial dessa inovação.

A divisão de Agricultura da Hexagon fornece tecnologias que convertem os dados em informações inteligentes que permitem planejamento otimizado, execução eficiente, controles de máquina precisos e fluxos de trabalho automatizados que melhoram as operações e aumentam os lucros. A Hexagon,líder global em soluções autônomas de sensores e softwares, tem cerca de 21 mil funcionários em 50 países e vendas líquidas de aproximadamente 3,8 bilhões de euros.

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