Como evitar ‘silos de dados’ em cadeias complexas do agronegócio?

Por Eduardo Pugliesi, especialista em Transformação Digital, Integração de Dados, Data Science, Analytics. Atualmente, é COO na APIPASS

 

‘Silos de dados’ é uma expressão que indica, basicamente, unidades de armazenamento de informações que não se comunicam entre si. Hoje, em um mercado altamente disputado, dados necessitam ser transformados em informações úteis ao negócio, como diferenciais competitivos. Então, a resposta rápida para a questão proposta é utilizar tecnologias — como Plataformas de Integração como Serviço (iPaaS) —  para integrar dados, sistemas internos e ecossistemas, gerando insights importantes e rastreabilidade digital.

De forma geral, no contexto do agronegócio, temos algumas dores e dificuldades particulares no que diz respeito à falta de integração em cadeias produtivas amparadas por soluções tecnológicas. Segundo a pesquisa “Agricultura digital no Brasil: tendências, desafios e oportunidades”, realizada pela Embrapa, Sebrae e INPE, 84% dos agricultores utilizam, ao menos, uma tecnologia digital em seu processo produtivo.

O levantamento também apresenta que os principais motivadores de adesão às tecnologias no setor estão relacionadas à obtenção de informações e planejamento das atividades da propriedade (66%); gestão da propriedade rural (43%); compra e venda de insumos, de produtos e da produção (40%); mapeamento e planejamento do uso da terra (33%) e previsão de riscos climáticos (30%), dentre outras. Nesse contexto, cada nova solução utilizada pelo agricultor pode potencializar o sucesso de sua produção. Paralelamente, as etapas da cadeia produtiva geram e concentram múltiplos dados que, muitas vezes, são pouco usados ou feitos de forma dispersa. É aí que os ‘silos de dados’ são criados.

No agronegócio, principalmente relacionado a cadeias produtivas complexas — desde o insumo básico ao produto final —, a fragmentação da informação, a cada ator do processo, pode prejudicar e atrasar a tomada de decisões estratégicas. Conforme algum conjunto de variáveis como tamanho e capacidade tecnológica fica mais evidente, é necessário esse tipo de tecnologia para diferenciar o negócio perante um mercado competitivo. Por exemplo, ao buscar escalabilidade e crescimento, os ‘silos de dados’ podem gerar ineficiência, falta de produtividade e perda de tempo, principalmente se o agricultor ou empresa gestora colocar em prática ações pautadas por informações não convergentes.

A solução para essa problemática está, primeiramente, na integração de informações e sistemas. Além da automatização de troca de dados nos processos, é possível diminuir o trabalho manual e repetitivo. O fluxo de informações integradas ocorre em um processo contínuo, sem interrupções. Com isso, tem-se acesso a um ambiente online único, integrado, com informações precisas sobre o negócio, que podem ser consultadas de qualquer lugar. Consequentemente, o agricultor ou gestor conquista mais rapidez nas etapas da produção, com menos falhas e maiores chances de escalabilidade. Se a integração for executada por uma Plataforma de Integração como Serviço (iPaaS), também é possível ter uma visão estratégica de todos os dados gerados na cadeia produtiva.

Minha recomendação para negócios agrícolas que já possuem alta demanda de integração de dados é, primeiramente, identificar quais são as necessidades específicas para integrar os sistemas utilizados. Depois, buscar fornecedores iPaaS com presença no agronegócio e comparar as soluções ao que o negócio precisa. Por fim, recomendo rodar demonstrações das plataformas testando em um contexto prático. Mesmo porque, o maior trunfo da agricultura digital está na capacidade de ampliar a produtividade com auxílio de ferramentas tecnológicas. A nível de gestão, está na tomada de decisões a partir da consolidação de dados estratégicos, que são ainda mais potencializadas por integrações.


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