Conheça a história de empreendedoras brasileiras que ganharam o mundo com o apoio da agência, que capacita mais de 11 mil empresas em 80 setores da economia brasileira
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) incentiva a igualdade de gênero no empreendedorismo, capacitando cada vez mais mulheres a exportarem. No entanto, no setor empresarial, conforme pesquisa de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a participação feminina é minoria e representa 37% do total de empresários formais.
Com o apoio da Agência, muitas delas começaram a cultura exportadora em suas empresas por meio do Programa de Qualificação para Exportação da ApexBrasil (PEIEX), e hoje são referências em seus setores. É o caso da Distillerie Stock do Brasil, com sede em São Paulo (SP), que teve seu plano de negócios de exportação implementado há cerca de 10 anos por sua atual CEO, Valéria Natal, a partir da capacitação do PEIEX. A empresa trabalha desde 1935 com produção de destilados, como licores e gim.
“Eu comecei na empresa há 13 anos. Vim para ser assistente na área financeira e jurídica, porque minha formação é administração com pós-graduação em marketing. A gerente de marketing achou meu perfil interessante para prospectar exportações da empresa, até pelo meu conhecimento em línguas. Então, busquei entidades de classe, nos associamos na Associação Brasileira de Importadores e Exportadores de Alimentos e Bebidas. Conheci a ApexBrasil, que me deu grande suporte, com cursos, rodadas de negócios e incentivos para ir a feiras internacionais e os resultados dessa jornada apareceram. Hoje, exportamos para Chile, Paraguai, Uruguai, Estados Unidos, Canadá, China e Arábia Saudita”, conta Valéria, que há 3 anos assumiu a diretoria, sucedendo seu pai, ao lado de um sócio.
No mês passado, Valéria representou a empresa pela primeira vez na Gulfood, nos Emirados Árabes, com a linha de produtos não alcoólicos, os xaropes concentrados de frutas, que também foi uma frente pensada para fomentar exportações. Sobre ser mulher nessa empreitada, ela destaca que há, sim, desafios associados ao gênero.
“Quando entrei, éramos eu, meu pai, outro sócio e o filho do outro sócio. Era só eu de mulher ao lado de três homens. Meu pai sempre me criou para estudar e trabalhar, mas ainda assim eu percebia, em alguns comentários e situações, uma tendência de proteção e de infantilização na relação comigo. Até mesmo por um viés inconsciente, cultural. Além disso, o mercado de bebida alcoólica é muito masculino. No Oriente Médio, por exemplo, eu sou sempre a única mulher representando bebida alcóolica. Não sofro preconceito, mas preciso sempre ter cuidado e muito preparo, por ser minoria”, constata.
Também no setor de alimentos e bebidas, como a Stock fez há 10 anos, a Sucré, de doces e salgados finos, com sede em Fortaleza (CE), dá seus passos iniciais para exportar com qualificação da ApexBrasil. Idealizada pela CEO Lia Quinderé, a Sucré integra o PEIEX lançado em 2021, e monta no programa seu planejamento para exportar pela primeira vez seus produtos, que já são vendidos em mais de 300 pontos de varejo em supermercados brasileiros.
“Não estava feliz cursando Direito e meu pai sempre disse que eu deveria trabalhar com algo que todos os dias me fizesse pular da cama. Cozinhar sempre foi algo que gostei muito e, por isso, comecei a investir em cursos livres de gastronomia. Fui estudar confeitaria na escola Le Cordon Bleau em Paris, na França, duas vezes. No fim do segundo curso, fundei a Sucré. Na época, no início dos anos 2000, eu cozinhava na cozinha na garagem da minha tia e anunciava as sobremesas no Orkut, rede social da época. Tive sucesso de vendas e abri a loja física, em Fortaleza, em 2007, como anexo numa loja de presentes. De lá para cá, ampliamos nosso negócio“, relata Lia.
Entrar no varejo foi uma forma de aumentar a escala de vendas em 2015, durante recessão econômica que a levou a fechar duas das três lojas físicas que possuía. Com o sucesso de vendas de produtos de coxinha congelada e biscoitos de brownie, Lia e a sócia, Luana Aguiar, sentem-se prontas para dar o passo da exportação, com a expertise da ApexBrasil. “Com escala industrial e reconhecimento da qualidade do que vendemos, nos sentimos prontos para exportar. A Sucré é uma empresa que passou de pequeno para médio porte muito recentemente e o PEIEX tem nos fornecido informações essenciais para exportar de forma segura”, explica.
As duas sócias, mães, empreendedoras e provedoras do lar, acabaram por trazer a igualdade de gênero e a inserção de mães no mercado de trabalho como pilar fundamental das tomadas de decisão da Sucré. De acordo com Lia, o setor de Recursos Humanos prioriza contratação de mulheres mães, oferece apoio psicológico a todas com direito a uma hora da carga horária laboral para sessões semanais de terapia e serviço gratuito de assessoria jurídica. Além disso, a licença à maternidade é de 6 meses, diferente da maioria das empresas em que é de 4 meses, paga-se bolsa-estudo para voltarem a estudar e cobrem financeiramente atendimentos ligados à saúde da mulher de 47 funcionárias.
No setor bem distinto dessas empresas, focada em fornecer e distribuir produtos hospitalares, a Beatriz Alves é CEO da BR Goods. Bia sempre buscou formação em cursos da ApexBrasil e participa de eventos com suporte da agência, como a Expo 2020 Dubai, onde esteve no ano passado.
“A BR Goods nasceu em 2009. Eu comecei no chão do meu apartamento, fazendo cortinas de box de chuveiro, para a casa de praia da família, porque achei os preços das cortinas muito caras no comércio. Decidi eu mesma fazer, minhas amigas gostaram do resultado e me incentivaram a vender. Fiz, então, 10 cortinas e uma loja comprou tudo. Aí, comecei a vender para várias lojas e um dos clientes participou de um encontro do setor hoteleiro, o Equipotel com pedido de umas cortinas para expor. Fui junto e comecei a ter muitos clientes no setor hoteleiro”, diz.
Em participação seguinte no Equipotel, uma equipe de um grande hospital de São Paulo perguntou se Beatriz não produziria cortinas para leito. Foi, então, que ela estudou o mercado, passou a fornecer para esse cliente e, anos depois, como estratégia de consolidação de sua marca, focou exclusivamente no setor da saúde, especializando-se em acabamentos para hospitais, cortinas divisórias de leito, corrimãos, cantoneiras entre outros produtos, sempre com diferencial tecnológico no composto de sua matéria prima.
“Sempre me apoiei muito nas instituições. Cursos do SEBRAE e da ApexBrasil, principalmente. Acho essenciais essas oportunidades de aprender para expandir os negócios. Quando nos consolidamos na América Latina, fiz a estratégia para expandir para outros continentes. Fui junto com a ApexBrasil para Dubai, em novembro de 2021, e no mesmo período em uma feira médica na Alemanha. Aproveitei a viagem para me encontrei com possíveis distribuidores de Portugal. Esse ano, também estou fazendo parceria com empresas de brasileiros em Portugal para me ajudar a alavancar nesse mercado”, explica a CEO.
Sobre ser mulher empreendedora, Beatriz conta que há diversas situações desafiadoras. “As pessoas te interrompem mais se você é mulher, se surpreendem quando você tem conteúdo… Quando falo que a empresa é minha, por exemplo, perguntam se é do meu pai ou do meu tio. E fui eu mesma quem a fundou. Existe uma cultura de duvidar da capacidade da mulher realmente e temos que ajudar na mudança. Nós mulheres podemos ser o que quisermos, inclusive empreendedoras”, destaca.
Agronegócios – Além de fomentar o empreendedorismo feminino com seus programas, a ApexBrasil também incentiva a ocupação de seus cargos de liderança mulheres. Entre diferentes setores da agência guiados por mulheres, um exemplo é o do Agronegócios. O setor fomenta ações para fortalecer a exportação do agro, através de projetos setoriais com instituições parceiras, e atualmente 60% desses projetos são liderados por gestoras.
A coordenadora da área de Agronegócios, Paula Soares, destaca que o dado é reflexo da inclusão de gênero que sempre foi fomentada dentro da ApexBrasil, mas que é positivo, analisando externamente, ver o quanto a porcentagem de participação feminina aumenta também entre as produtoras rurais que atendem. “O setor do agronegócio é tradicionalmente masculino. Temos histórica e culturalmente a imagem do homem indo trabalhar na lavoura e a mulher cuidando das tarefas domésticas. E isso tem mudado, o campo tem sido mais igualitário. De acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), por exemplo, cerca de 30% dos cargos de gestão são ocupados por mulheres. Elas são responsáveis por gerenciar pelo menos 8% do Produto Interno Bruto do Brasil (PIB). Há muito a ser feito, mas devemos identificar esse crescimento como um movimento de inclusão”, explica.
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A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e de Investimentos (ApexBrasil) é uma das responsáveis pela presença do país na Gulfood 2022. Ela atua para promover os produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros para setores estratégicos, apoiando atualmente cerca de 15.000 empresas em 80 setores da economia brasileira. Também já atendeu mais de 1.300 investidores e mais de 118 projetos no valor de US$ 23 bilhões em investimentos anunciados no Brasil.
O portfólio de serviços da agência vai desde a preparação de inteligência de dados de mercado para conectar o investidor a autoridades de alto nível, oferecendo soluções para diversos setores da economia. A Agência faz parte do Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil, por meio do qual conta com mais de 120 escritórios no mundo, e trabalha em estreita colaboração com outros ministérios, órgãos reguladores, entidades de classe.
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