Invasão da Ucrânia pela Rússia, maior fornecedora de potássio para fertilizantes no Brasil, pode afetar a oferta do insumo. Nesse cenário, os fertilizantes orgânicos, que potencializam a eficiência dos minerais, reduzindo seu uso, tornam-se estratégicos para o abastecimento da agricultura nacional.

 

O abastecimento de fertilizantes minerais, cujo maior volume utilizado pela agricultura nacional é importado, já vinha enfrentando dificuldades, devido à crise logística desencadeada pela pandemia, com falta de contêineres e atrasos operacionais nos portos. Mais recentemente, o problema acentuou-se, com a proibição pela Lituânia do transporte em seu território de produtos da Bielorrússia, uma das maiores fontes mundiais de potássio, fundamental para os fertilizantes minerais.

Agora, o quadro tem sua gravidade ampliada pelo conflito entre Ucrânia e Rússia. O Brasil depende de importações para cerca de 85% de suas necessidades de fertilizantes minerais e os russos são os maiores fornecedores das matérias-primas para sua produção. Assim, é grande a preocupação relativa ao fornecimento do insumo à agricultura brasileira. “Nesse cenário, os fertilizantes orgânicos, que potencializam e aumentam a eficiência no aproveitamento dos nutrientes contidos nos minerais, ganham importância ímpar no mercado”, salienta o engenheiro agrônomo Fernando Carvalho Oliveira, da Tera Ambiental.

A empresa, fabricante dos fertilizantes orgânicos Tera Nutrição Vegetal, por meio da compostagem de resíduos orgânicos em escala industrial, identifica em seu próprio desempenho essas tendências conjunturais. Nos últimos quatro anos, produziu e comercializou a totalidade de sua produção, ou seja, 196 mil toneladas de fertilizantes orgânicos compostos.

Os números estão em linha com os dados gerais do segmento. Estimativa da Associação Brasileira de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo) é de que o mercado de fertilizantes especiais do Brasil tenha crescido 24% no ano passado, na comparação com o anterior. E, em 2020, as vendas dos fertilizantes orgânicos, cuja maior parte é obtida na compostagem de resíduos, já haviam se expandido em 44,5% na comparação com 2019, passando de R$ 231 milhões para R$ 334 milhões.

Considerando a dinâmica da agricultura brasileira, a demanda por fertilizantes em geral deverá continuar elevada, avalia Oliveira. O País importa cerca de 85% dos adubos de origem mineral, apresentando forte dependência externa. Assim, dado o cenário que tem dificultado as compras internacionais e o câmbio, com a moeda nacional desvalorizada, há espaço crescente para os fertilizantes orgânicos. Estes não substituem, mas potencializam os efeitos dos minerais, propiciando maior aproveitamento de seu uso.

 

Ganhos de produtividade – O engenheiro agrônomo da Tera Ambiental explica que os fertilizantes orgânicos compostos da empresa suprem parte significativa da demanda de nutrientes das culturas nas quais é empregado. Porém, seus propósitos mais relevantes, além de fornecer nutrientes, é contribuir para a melhoria das características químicas, físicas e biológicas dos solos e, assim, aumentar a eficiência e aproveitamento dos nutrientes fornecidos pelos fertilizantes minerais, proporcionando economia no consumo destes e garantindo ganhos de produtividade.

“Nosso produto aplica-se a todas as culturas, inclusive nas pastagens”, revela Oliveira. Além das questões conjunturais do mercado, o aumento da procura pelos fertilizantes orgânicos também se deve à crescente conscientização dos produtores agrícolas sobre seus benefícios relativos à produtividade e à sustentabilidade ambiental.


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