Além dos problemas causados pela pandemia no dia a dia dos produtores, a falta de chuvas impactou a safra da soja no sul de Mato Grosso do Sul. A seca foi tão severa que prejudicou, inclusive, as pastagens. No momento em que os agricultores estão com o plantio do milho safrinha, surge um novo cenário e com ele novas expectativas.
Previsão de geada – A Embrapa Agropecuária Oeste publicou, em 19 de janeiro, o Artigo de Divulgação na Mídia (ADM) intitulado “La Niña novamente pode favorecer a ocorrência de geadas em Mato Grosso do Sul”, de autoria dos pesquisadores Danilton Luiz Flumignan, Éder Comunello e Carlos Ricardo Fietz. Nele foi divulgada a probabilidade de 75% de ocorrer ao menos uma geada em junho de 2022, sendo que a mesma pode ser de qualquer intensidade. A intensidade da geada, conforme apresentado na publicação, é classificada de acordo com a temperatura mínima registrada. Considera-se geada fraca quando os termômetros registram de 4º C a 3 ºC; geada moderada, de 3 ºC a 1 ºC e geada forte quando se observa temperatura abaixo de 1 ºC.
Danilton explica que o aumento da possibilidade de geada em junho ocorre devido à influência do fenômeno La Niña, que está ocorrendo em Mato Grosso do Sul. “O fenômeno La Niña se caracteriza pelo resfriamento das águas do oceano pacífico equatorial e, quando isso acontece, dadas as fortes interações que existem entre o oceano e a atmosfera, as condições climáticas mundiais passam a ser influenciadas por essa realidade momentânea”, acrescenta ele.
Consórcio Milho-Braquiária – A adoção da tecnologia do consórcio milho-braquiária pode contribuir com a redução dos possíveis impactos negativos no sistema produtivo de milho safrinha, caso a previsão de geada em junho seja confirmada.
O analista da Embrapa Agropecuária Oeste, Gessí Ceccon, sinaliza a importância de o agricultor atentar ao preparo do solo, realizando manejo racional de fertilizantes (investimentos em nitrogênio e adubos mínimos). Outros fatores importantes são a qualidade das sementes, a escolha de híbridos de milho precoce e o manejo do controle de pragas, tais como percevejo e cigarrinha.
Ele destaca, ainda, que neste ano é fundamental a adoção do consórcio milho-braquiária e explica “por mais que ocorra a geada, caso se confirme, que cause perdas no milho e até venha a queimar a braquiária, ela vai rebrotar e proteger o solo para o plantio da soja, no segundo semestre de 2022”.
Ceccon enfatiza que “a cobertura do solo é essencial para a produtividade das lavouras, especialmente em Mato Grosso do Sul. Estamos em um momento em que é necessário investir em cobertura do solo”.
Ele explica que existe um mito relacionado à braquiária e à cigarrinha-do-milho e esclarece: “a cigarrinha-do-milho não contribui com sua proliferação e não se multiplica na braquiária, e o cuidado em relação a essa praga deve acontecer com maior rigor no milho”.
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Christiane Congro Comas (Mtb-SC 00825/9 JP)
Colaboração: Vanessa Bordin (Rádio 104.3 FM)
Embrapa Agropecuária Oeste