O programa de pesquisa Bioenergy and Carbon Capture and Storage, do RCGI, estuda armazenar no solo, a quilômetros de profundidade, o CO2 emitido na produção de bioetanol.

A captura e armazenamento de carbono (CCS, na sigla em inglês), muito utilizada na indústria do petróleo, é considerada a tecnologia mais eficiente para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) provenientes de combustíveis fósseis. O programa de pesquisa Bioenergy and Carbon Capture and Storage (BECCS), do Research Centre for Greenhouse Gas Innovation (RCGI), irá avaliar a aplicação dessa técnica na indústria de bioenergia, além de buscar alternativas para fomentar essa indústria. Como os demais programas do centro, o objetivo é ajudar o País no combate às mudanças climáticas.

Segundo Marcos Silveira Buckeridge, coordenador do programa e professor do Instituto de Biociências da USP, o BECCS será dividido em quatro grupos de trabalho, que atuarão de forma integrada. A expectativa é que os projetos reúnam cerca de 50 pesquisadores, de instituições como USP e Unicamp, além de pesquisadores associados do exterior.

O primeiro projeto focará em aspectos relacionados à produtividade da cana-de-açúcar e na busca de novas biomassas – matéria orgânica de origem vegetal utilizada para produção de energia – para potencializar a produção de bioetanol no Brasil. “Pretendemos alterar o genoma da cana para obter plantas mais produtivas e melhor adaptadas à produção do etanol de segunda geração ou bioetanol”.

O grupo 2 irá analisar a sustentabilidade do sistema de produção de etanol brasileiro. O objetivo é definir indicadores que possam aumentar significativamente a produtividade de etanol de modo sustentável, nos aspectos financeiro, econômico e ambiental.

Já no grupo 3, os pesquisadores estudarão formas de produzir hidrogênio e eletricidade a partir de moléculas biológicas, como o próprio etanol, por exemplo. “Os trabalhos deste grupo poderão formar a base científica para chegarmos a um veículo que seja elétrico, mas que ao mesmo tempo use biocombustível”, diz Buckeridge.

O quarto e último grupo pretende aplicar a tecnologia CCS em usinas de bioenergia. A ideia é capturar o CO2 emitido durante a produção de bioetanol e armazená-lo permanentemente em camadas de rochas a quilômetros de profundidade.

 

Tecnologia de ponta – Segundo Marcos Silveira Buckeridge, a Bioenergia com Captura e Armazenamento de Carbono foi classificada como uma das principais tecnologias para enfrentar mudanças climáticas pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), em seu relatório especial “Aquecimento Global de 1,5°C”.

“Como o Brasil já desenvolveu a tecnologia e aprofundou fortemente a ciência relacionada à produção de etanol de cana-de-açúcar, e agora o acoplamento de tecnologia ainda mais sofisticada (células a hidrogênio) e a captura geológica do carbono, nos tornamos um ambiente extremamente adequado para dar o passo final: chegar a emissões zero ou negativas de CO2. É um desafio fascinante”, afirma o pesquisador.

O Research Centre for Greenhouse Gas Innovation (RCGI) é um Centro de Pesquisa em Engenharia, criado em 2015, com financiamento da FAPESP e da Shell. As pesquisas do RCGI são focadas em inovações que possibilitem ao Brasil atingir os compromissos assumidos no Acordo de Paris, no âmbito das NDCs – Nationally Determined Contributions. Os projetos de pesquisa – 19, no total – estão ancorados em cinco programas: NBS (Nature Based Solutions); CCU (Carbon Capture and Utilization); BECCS (Bioenergy with Carbon Capture and Storage); GHG (Greenhouse Gases) e Advocacy. Atualmente, o centro conta com cerca de 400 pesquisadores.

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