O PIB do agronegócio brasileiro avançou mais de 24% em 2020, em comparação com 2019, e representa 26% do PIB nacional, de acordo com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Além disso, o Brasil é o terceiro maior produtor e segundo maior exportador agrícola do mundo, o que demonstra a força crescente do agro.

Nesse cenário, as tecnologias de rastreamento aplicadas ao agronegócio ajudam muito na otimização das operações de campo, principalmente para produtores de commodities (cana de açúcar, café, carnes, soja etc.).

Sensores terrestres, drones, sistemas de rastreamento via satélite e outros dispositivos foram introduzidos no ambiente rural para coletar dados e variáveis, que influenciam produtividade, características do solo, incidência de pragas, variação climática, tratores e máquinas agrícolas são equipados com sistemas que permitem monitoramento e operação remotos, beneficiando o manejo da lavoura.

Para detalhar o assunto, entrevistamos Ivan Soares, Engenheiro de Desenvolvimento e Aplicações da Newtec Telemetria, que conta mais sobre a importância da tecnologia para o campo.

Quais são as diferenças do rastreamento tradicional para o que é feito no campo, com a telemetria?

Ivan Soares: a telemetria no campo é diferente da que é utilizada no transporte de veículos, que permite saber localização, comportamento do motorista, consumo de combustível, entre outros pontos.

Quando entramos no agronegócio, o interesse principal do agricultor é a gestão da fazenda.

O produtor tem ativos com alto valor (tratores, colheitadeiras etc.), prezar pela segurança desses é importante, mas o principal foco da telemetria está em saber quais são as atividades que essas máquinas estão realizando. É possível ter acesso a informações quantitativas e ativas sobre o que está sendo feito no campo, como também se está correndo da forma mais eficiente.

Ou seja, o foco é no que está sendo colhido, qual é o porcentual da colheita, por exemplo. O produtor está preocupado com a produtividade. Dessa forma, ele consegue saber quanto de sua plantação já foi pulverizada ou adubada, se as condições climáticas vão interferir nesse processo etc.

A telemetria no campo tem foco na gestão da atividade dos ativos e, assim, o ganho é a redução de custo, maior eficiência, ao entrar com manutenção preditiva; e mais assertivo ainda se focar nas preventivas para minimizar as corretivas, entre outros pontos que aumentam o lucro.

Como funciona a questão das manutenções? Por que elas são importantes?

Ivan Soares: Com manutenções feitas corretamente, o produtor reduz custos desnecessários. A telemetria permite prever o controle do horímetro da máquina e, assim, permite a previsão das Manutenções Preventivas em tempo real.

Realizando uma Telemetria voltada para os dados de diagnóstico do Ativo, é possível que quando algum parâmetro importante da máquina estiver com alguma anomalia ou tendência de gerar uma falha, a gestão de manutenção consiga atuar de forma Preditiva, evitando que ocorra uma quebra. Assim, evita a manutenção corretiva, que poderia gerar um custo muito alto e a indisponibilidade do ativo em momentos importantes, como de uma colheita.

Implantar uma telemetria com gestão da manutenção é cuidar da saúde de todas as máquinas da fazenda de forma on-line, enquanto todo trabalho acontece.

Quais são as principais variáveis que podem ser monitoradas pela telemetria no agro?

Ivan Soares: São relacionadas às atividades no campo, ou seja, quanto está sendo pulverizado, taxa de adubação, desperdício de material, se o operador pular uma das ruas da lavoura e não aplicar o produto, por exemplo, qual foi a produtividade da área, entre outros pontos. Tudo que está ligado ao ciclo da atividade, operador e máquina, para que aconteça da forma mais eficiente e segura.

Quanto e quando o produtor tem o retorno do investimento com a implantação da telemetria no agro?

Ivan Soares: O grande retorno é a maior previsibilidade das operações. Primeiro o produtor consegue se programar melhor, ter um cronograma das operações e, assim, obter economia, porque saberá exatamente quanto gasta para fazer uma operação. É possível saber quanto custa a hora do trator, quanto gasta em manutenção etc., tudo isso de forma simples, porque o sistema é objetivo e mostra os dados que vão realmente interessar para a tomada de decisões. Dessa forma, ele otimiza tempo, sabe onde pode economizar, se está gastando muito combustível, se usa apenas uma máquina, no lugar de duas, entre outras ações.

Tem algum exemplo?

Ivan Soares: Sim, para um cliente trabalha com colheitadeira de cana de açúcar e quando o operador chegava no final da linha e fazendo uma manobra gastava 24 litros de diesel por hora de manobra.

Ao desligar alguns componentes da máquina não necessários, durante a manobra, ele passou a gastar 16 litros por hora. É uma diferença de 8 litros por hora de manobra como benefício. O que daria uma economia média de R﹩ 66,00 de combustível dia por máquina, algo em torno de R﹩ 1.500,00 mês, sem considerar o desgaste dos componentes.

Como lidar com as áreas remotas, ou seja, sem conectividade, o que é muito comum no campo?

Ivan Soares: Sempre temos que pensar na conectividade e nem sempre teremos sinal. Então, uma boa opção é utilizar uma rede Lora Mesh, que é ideal para esse tipo de atividade, ou seja, você cria sua própria rede e pode se beneficiar de diversas tecnologias que requerem conectividade juntamente com uma ponte com GPRS, 4G, uma rede cabeada fixa etc.


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