O primeiro trimestre apresenta boas perspectivas para o agronegócio brasileiro em 2021, segundo o professor da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) e especialista na área José Luiz Tejon Megido (foto).
A pandemia propiciou a busca por segurança alimentar em muitas nações. Com medo do desabastecimento, ocorreu um aumento dos estoques de segurança. Da mesma forma, com o anúncio da vacinação pelo mundo, vamos assistir em 2021 a uma ‘reinicialização’ da economia planetária.
“Quem tem matérias primas para vender encontra neste ano um ótimo campo para superar resultados econômicos e financeiros. E o Brasil tem commodities para vender. Enquanto o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos acaba de divulgar seu mais novo relatório de oferta e demanda de produtos agrícolas, reduzindo a estimativa de produção global de soja de 362,05 milhões para 361 milhões de toneladas, além da redução dos estoques finais de 85,64 milhões para 84,31 milhões de toneladas, aqui no Brasil teremos uma safra recorde”, explica.
Números de 2020 – Segundo dados da Secretaria de Comércio das Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, as exportações do agronegócio em 2020 tiveram ótimo desempenho, o segundo maior de toda a série histórica, atrás somente de 2018.
“Em valor, foram US$ 100,81 bilhões em 2020, contra US$ 101,7 bilhões em 2018. Em relação ao ano passado, o aumento foi de 4,1%. E obtivemos aumento pelo maior volume exportado. O complexo soja com grão, farelo e óleo foi o maior produto exportado, com US$ 35,24 bilhões e 101,04 milhões de toneladas”.
As exportações dos grãos representaram 81,1% do valor exportado. Na proteína animal, da mesma forma, crescemos e as perspectivas continuam positivas para 2021.
“Um movimento observado por integrações de aves, suínos, ovos, tem sido a busca de contratos diretamente com agricultores de soja e milho para assegurar o produto mais importante do seu canal de suprimentos, a ração”.
Em paralelo, estamos num mundo que dever retomar o crescimento, com perspectivas da China crescer 8% neste ano, a União Europeia 5% e os Estados Unidos, maior economia do mundo, 3%.
Projeção para 2021 – O último levantamento da safra de grãos feito pela Companhia Nacional de Abastecimento aponta que o Brasil deve colher 264,8 milhões de toneladas, um aumento de 7,9 milhões em comparação com a safra 2019/2020, quando a colheita foi 256,94 milhões de toneladas.
O maior pedaço desse bolo é o da soja, respondendo por cerca de 50% dos grãos. A área da soja cresceu 3,4% e a estimativa da safra é de 133,7 milhões de toneladas.
Outros grãos também têm destaque: arroz (10.904 milhões de toneladas), feijão (3.144 milhões de toneladas), milho (102.313 milhões de toneladas), soja (133.692 milhões de toneladas) e trigo (6.234 milhões de toneladas).
Para 2020/21, segundo a Conab, teremos recorde de 264,8 milhões de toneladas. Com algodão em pluma, 2.651 milhões de toneladas. Nesta matéria prima, há 20 anos, o Brasil era o segundo maior importador de algodão no mundo. Hoje, somos o segundo maior exportador global.
Na proteína animal, o Ministério da Agricultura vê o crescimento do frango, leite, bovinos e da pecuária de maneira geral, saindo de R$ 290,8 bilhões em 2020, para R$ 308,5 bilhões.
“A boa notícia do início deste primeiro trimestre é que a colheita já começou no maior estado produtor, o Mato Grosso. A produção poderá chegar a 35,43 milhões de toneladas, com uma ligeira queda em função da produtividade pelas condições climáticas adversas. Porém, com um aumento de área. Dessa forma, a situação ficou positiva. Sobre a estimativa anterior da Conab, a soja teve uma redução de cerca de um milhão de toneladas. E o principal fator para isso foi a insuficiência hídrica principalmente no Rio Grande do Sul”.
A renda agrícola brasileira deve subir 10% em 2021, podendo bater o valor bruto da produção bater quase nos R$ 1 trilhão.
“O número mais específico é de R$ 959,7 bilhões. As lavouras significarão 651,2 bilhões, aumentando em 12,2% na comparação com 2020. A soja deverá trazer uma renda no VBP de 2021 de R$ 303 bilhões, 24,4% positivos sobre 2020. O milho deverá ter um crescimento de 17,7% no seu valor bruto da produção, atingindo R$ 117,1 bilhões. E outras lavouras irão crescer, como prevê o ministério da agricultura: arroz, batata, cacau, mandioca e trigo. Desta forma, de maneira geral, a conclusão é de que começamos o primeiro trimestre vindo de ótimos resultados em 2020, e caminhando para uma nova super safra no Brasil, com preços das commodities em alta, além de uma taxa de câmbio favorável nas exportações”.
Segundo o especialista, este é um ano positivo, com oportunidades para lavouras e setores da proteína animal como pescado, além das demais.
“Hora para investimento no valor da sua propriedade agrícola, hora de cuidar da gestão, profissionalização e sucessão. Há muitas oportunidades para a distribuição, startups e para inovação. A inflação é um grande problema a ser administrado pelos governos, mas para um país forte no agronegócio como o Brasil, tudo indica que teremos ótimos resultados neste ano e na nova safra 2021/2022”.
Futuro do agro brasileiro – As oportunidades existem também para todo setor de hortifruti cultura. O país pode e deve acessar mercados novos, diversificando com frutas e vegetais. Além das oportunidades de bioeconomia, os títulos verdes e o aproveitamento da lei de remuneração por serviços ambientais.
O setor deve ter atenção especial para as lavouras de culturas perenes como cana, café e açúcar. “O dólar é incerto na sua cotação futura, e nosso maior cliente, a China, poderá restabelecer novas relações com os Estados Unidos sob o governo Biden, que também deverá intensificar ao lado da Europa barreiras não tarifárias associadas a questões da sustentabilidade”.
Os produtores devem investir em tecnologia, buscando produtividade aliado a rentabilidade.
“A digitalização, e o ingresso cada vez maior na agricultura de baixo carbono, onde somos os melhores do mundo, assegura acesso aos mercados doravante que serão cada vez mais regidos por um conceito de saúde”.
Com um planejamento estratégico das suas cadeias produtivas, o Brasil tem condições de dobrar o agro de tamanho até 2030, desde o a do ‘abacate’ ao z do ‘zebu’.
“O Brasil precisa, a economia precisa, o PIB do país precisa e toda a população brasileira precisa. Significará empreendedorismo e cooperativismo no antes, dentro e pós porteira das fazendas”.
O agronegócio significa cerca de 25% do total do PIB brasileiro e tem potencial para chegar a receitas de U$$ 1 trilhão de dólares nos próximos dez anos.
Pós em Agribusiness & Commerce – E é buscando contribuir para formar profissionais de ponta que possam atuar nesse mercado que a FECAP está lançando o curso de pós-graduação EAD em Agribusiness & Commerce.
O curso é voltado para empreendedores, profissionais que já atuem ou não em algum segmento do agronegócio, alunos formados em diversas áreas acadêmicas, objetivando canalizar seu foco empresarial e carreiras dentro do universo do agronegócio, com ênfase nas políticas e práticas do comércio de alimentos, fibras, rações, agroenergia, e o biocomércio. Outro diferencial é também a ênfase nos fundamentos do comércio que envolvem o agronegócio.
O currículo do curso é preparado com as competências necessárias para ser um gestor em organizações do complexo do agronegócio, no antes, dentro ou pós porteira das fazendas; da mesma forma no cooperativismo, associativismo, ONGs, mídia, nas funções públicas e/ou privadas, em organizações da sociedade civil, com valor agregado de práticas de comércio para aplicação em iniciativas próprias empreendedoras e/ou desenvolvimento de suas carreiras.
Os cursos de pós-graduação da FECAP permitem aperfeiçoamento profissional e desenvolvimento pessoal, capacitando o aluno para atuar com integridade e competência em uma área específica no mercado de trabalho.
As matrizes curriculares dos cursos de pós-graduação da FECAP são estruturadas visando despertar uma veia empreendedora em cada um dos seus alunos, partindo-se de conteúdos relevantes, práticos e contemporâneos.
A infraestrutura da FECAP atende a todas as necessidades do discente durante o curso, com laboratório de informática de alta tecnologia, salas de aula equipadas e uma biblioteca com acervo de mais de 60 mil exemplares.
Além disso, o nosso corpo docente é formado por professores titulados, em sua maioria doutores, mas que também têm uma vasta experiência de mercado.
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