O Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, está desenvolvendo pesquisa com o objetivo de estudar outra palmeira para produção de palmito.

O IAC está avaliando quatro espécies do gênero Roystonea, uma delas é a palmeira imperial, muito conhecida como espécie ornamental. Espera-se disponibilizar ao mercado de palmitos mais uma opção de consumo. Para se tornar um agronegócio, o cultivo tem que ser de uma palmeira precoce, isto é, produza dentro de 18 a 24 meses, e gere palmitos com características interessantes para o mercado in natura e em conserva. O palmito em estudo não escurece, assim como o palmito pupunha. Os experimentos estão instalados no Vale do Ribeira, principal região produtora do Brasil que conta com 22 municípios e o Programa Vale do Futuro, estabelecido pelo Governo do Estado de São Paulo.

Em termos de cultivo, a pesquisa busca precocidade e qualidade do palmito a fim de oferecer uma nova opção ao mercado, um novo sabor. Não se pretende substituir o palmito de pupunha ou de outras palmeiras, a proposta é ofertar um novo produto ao consumidor e uma nova opção aos agricultores e à indústria. De acordo com a pesquisadora do IAC, Valéria Aparecida Modolo, há produtores que já plantam essa palmeira, mas apenas de uma espécie, que é a oleracea. “Como o IAC tem outras espécies em seu Banco de Germoplasma, nós decidimos testar quatro”, comenta.

Valéria acredita que, no futuro, haverá um mercado de palmitos semelhante ao dos fungos comestíveis, que antes só tinha o cogumelo de Paris e atualmente conta com Shiitake, Shimeji e outros. São várias espécies e cada uma com suas características próprias. “Com palmito é a mesma coisa, são várias espécies de palmeiras e cada uma delas produz palmito com características de sabor e de textura interessantes, que podem ser apreciados em diferentes tipos de preparo”, explica. A diferença é que os fungos têm formatos diferentes e com isso o consumidor atrela a aparência ao sabor, o que não acontece com palmito. “Então a pessoa encara palmito como sendo uma coisa só e não é”, diz.

Valéria acredita que, no futuro, o consumidor vai aprender a escolher e comprar o palmito de acordo com o que deseja saborear e haverá mercado para palmito de pupunha, que é o mais consumido, palmito real, juçara, açaí e guariroba. “Esperamos ter várias espécies de palmeiras produzindo palmito e seus produtos identificados com suas próprias características, permitindo ao consumidor saber o que vai comer, deixando de ser um produto visto como generalizado, conforme ocorre atualmente”, conta.

Na avaliação de Valéria, o fato de o palmito ser muito parecido dentre os diversos gêneros de palmeiras pode confundir o consumidor que, por exemplo, compra pensando ser juçara e na realidade é pupunha. Sem conseguir identificar corretamente, o consumidor avalia que aquele palmito não está bom, mas na verdade é porque tem características diferentes do que ele desejava adquirir.

O projeto foi aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (FAPESP), em dezembro de 2019, e as plantas foram a campo em fevereiro de 2020. O experimento está instalado no Vale do Ribeira e vêm sendo avaliado. “O Vale do Ribeira é a maior região produtora de palmito, então é importante testar lá, onde estão as fábricas e tem muito cultivo para podermos comparar”, explica Valéria.

O estudo é composto por várias partes e envolve uma equipe multidisciplinar com pesquisadores do IAC, do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) e do Polo do Vale do Ribeira, todos vinculados à Secretaria de Agricultura. Estão sendo estudados o crescimento da palmeira, para ver se ela é precoce ou não, há também análise de dados econômicos, avaliação de aspectos de pós-colheita in natura e ainda das características de processamento desse palmito. “A multidisciplinaridade é importante para viabilizar um estudo completo; não adianta a palmeira ser boa em termos de crescimento e precocidade, se o palmito não tem qualidade e aceitação pelo consumidor”, explica.

A primeira colheita será feita na metade de 2021. Será possível avaliar a produção em termos de quantidade e qualidade, além do processamento do palmito. “Vamos envolver desde o plantio até o consumidor e avaliar a aceitação desse palmito processado e in natura”, resume.

A palmeira do gênero estudado não perfilha, isto é, não rebrota. Isso significa que após a colheita é necessário fazer novo plantio porque a planta cortada não brota novamente, ao contrário da cana-de-açúcar, por exemplo. A pupunha e o açaí perfilham. Nessas espécies há uma touceira, que vai sendo colhida ao longo do tempo, dando uma característica de perenidade à planta. “O perfilhamento é um benefício, por isso a pupunha é hoje uma das mais plantadas para produção de palmito”, explica a pesquisadora do IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).

O palmito é um cultivo considerado novo no Brasil, pois até cerca de 25 anos atrás só havia extrativismo. A pesquisadora relata que a vantagem de ser uma cultura nova está em não ter tantos problemas com pragas e doenças. Em áreas onde há concentração de cultivo, como o Vale do Ribeira, em São Paulo, pode começar a aparecer uma ou outra praga, mas que ainda é possível de ser manejada. “Ainda não acontecem incidências como se dá com as culturas milenares, como soja e arroz. A juventude da cultura faz com que ela ainda não tenha grandes problemas com pragas e doenças”, diz. O litoral da Bahia também produz bastante palmito e é o segundo maior produtor de nacional, atrás apenas do Vale do Ribeira.


Na foto, em sentido anti-horário: Palmito em estudo; Área em pesquisa em setembro de 2020; Palmeira imperial na fase adulta.


Assessoria de Comunicação
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo