A pandemia do novo coronavírus, que atingiu de forma significativa a economia de todos os países afetados, teve efeitos diferentes sobre os diversos setores da economia brasileira.
Segundo dados oficiais, o PIB (Produto Interno Bruto) recuou -1,5% no primeiro semestre de 2020 em relação ao segundo semestre de 2019. Mas setores como a indústria (-1,6%), por exemplo, sofreram mais do que o agronegócio (+0,6%).
Com atuação em diversas áreas, o Grupo Interalli percebeu os diferentes impactos. Enquanto terminais portuários comemoravam resultados positivos nas movimentações, o braço de energia precisou de flexibilidade para se adaptar.
“Como um Grupo atuante em diversos setores, pudemos perceber os diferentes impactos e como cada um reagiu à pandemia neste ano. O agronegócio se manteve firme, sustentando a economia brasileira neste momento difícil”, afirma Fabrício Fumagalli, diretor do Grupo Interalli. “Já nos setores de energia e combustíveis, o momento exigiu adaptabilidade, mas temos conseguido responder a este desafio e as perspectivas são positivas”.
Agronegócio registra resultados positivos – O agronegócio é responsável por 25% do PIB brasileiro (cerca de R$ 700 bilhões) e foi um dos setores que ajudaram a segurar a economia do país durante a pandemia.
Enquanto o PIB brasileiro deve ter retração de 6% em 2020, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o PIB do agronegócio pode crescer 2,5% no mesmo período, tomando como base as previsões de safra do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Segundo Helder Catarino, gerente do terminal graneleiro Interalli Grãos, do Porto de Paranaguá (PR), um dos principais fatores que contribuíram para este resultado foram as medidas do governo federal que permitiram a continuidade das atividades nos portos, considerados uma atividade essencial. “O que fazemos foi nos adequar para enfrentar e temos conseguido. Não paramos e estamos batendo recordes de crescimento”.
Segundo ele, o Porto de Paranaguá acumula um crescimento nas movimentações de 14% neste ano e o Interalli Grãos já registrou aumento de 12% nas suas movimentações. Índices que devem ser ainda maiores no final de 2020. “O segundo semestre de 2019 foi difícil, então o crescimento deve ser maior neste ano”.
Catarino ainda destaca que a continuidade das atividades, adotando as medidas de segurança necessárias, permitiu que a mão-de-obra nos portos não sofresse os impactos da pandemia. De acordo com ele, foram tomadas medidas como uso de máscaras, reforço da higienização, medição de temperaturas, kits de alimentação e higiene para caminhoneiros, entre outras.
“Nenhum terminal teve problema de falta de mão-de-obra, todo mundo conseguiu controlar bem”, comemora. “Como a gente não parou, não perdeu mão-de-obra, e existiu demanda, a gente está em um ritmo acelerado, mantivemos contratação de funcionários e os terminais todos estão em franco movimento”.
Sobre os fatores externos que mais contribuíram para os resultados positivos, Catarino ressalta a demanda crescente. “A China, que é o grande importador do agronegócio, está demandando. O país teve problemas com a safra e produção de carne, então ela precisa comprar e está comprando. Hoje, ela adquire cerca de 60% da carne exportada pelo Brasil e cerca de 80% da soja”, exemplifica.
Além da demanda, o câmbio favorável à exportação, a safra recorde de grãos, com cerca de 250 milhões de toneladas no Brasil, e a falta de chuvas, que permite a continuidade das atividades, ajudaram o setor. “Tudo de bom para a gente. Rodamos plenamente. Não nos faltou produto, não nos faltou gente, e conseguimos fazer um excelente trabalho”, afirma.
Ainda de acordo com Catarino, os resultados positivos podem ajudar, também, nos próximos anos. “Estamos com vendas para 2021 bastante acima da média. Os produtores venderam a safra nova, que nem foi plantada, e já estão vendendo a safra de 2022, que vai ser plantada em um ano. A demanda por alimentos está firme e sólida”, afirma.
Setor de combustíveis espera retomada – O setor de combustíveis foi um dos afetados pelas medidas de prevenção do novo coronavírus. Com o distanciamento social, fechamento de escolas, academias e comércio, entre outros, houve queda no consumo. Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), no primeiro semestre de 2020, as distribuidoras venderam 8,7% a menos do que no mesmo período do ano anterior.
Entre os meses de abril e julho a redução do consumo foi sentida com maior intensidade pelas empresas do setor. “Embora não tenha sido um impacto grande na movimentação de produtos, em virtude dos decretos que asseguraram as manutenção dos serviços essenciais, com a redução da demanda, naturalmente, percebemos entre os clientes uma preocupação em relação à importação de combustíveis”, explica Carlos Camillo, gerente do terminal de líquidos CBL, no Porto de Paranaguá (PR).
Camillo acrescenta que, por causa da sobra de combustível nas refinarias, houve também uma tendência da Petrobras de ocupar uma fatia maior do mercado neste ano, o que impacta a atividade das empresas que importam o produto. “Quando o mercado opera normalmente, a Petrobras mantém 80% da fatia do mercado, em média, e 20% fica aberto para importação. Agora, com a pandemia, como sobrou produto no Brasil e no mundo inteiro, naturalmente a Petrobras acabou segurando o preço”, explica.
O gerente da CBL lembra que a queda de preços ocorreu em todo o mundo e que ela chegou a valores expressivos em abril. “Os preços chegaram a ficar negativos no final de abril em razão da sobra de produto no mercado mundial. Então tudo isso acabou impactando nosso segmento de terminal de líquidos”.
Além das mudanças na demanda do produto, as medidas de segurança necessárias durante a pandemia também exigiram adaptabilidade das empresas, segundo Camillo.
“Tivemos impactos do ponto de vista financeiro e de operações para preservar a segurança durante a pandemia. Investimos em equipamentos, pessoas e materiais para continuar as atividades sem correr risco de contaminação”, afirma. “Entre as ações, fazemos alterações de processo, mobiliários, rotinas de trabalho de alguns setores e a reinvenção de atividades, tornando-as digitais”, exemplifica.
Mercado de energia começa a se recuperar – As medidas de prevenção da Covid-19 causaram um impacto significativo na geração e consumo de energia no Brasil. Segundo a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), a pandemia causou retração no setor a partir de março. Em junho, com o início das flexibilizações das medidas de prevenção, o consumo voltou a crescer, com tendência de retomada, apesar de os índices ainda se apresentarem baixos em relação a anos anteriores.
Ainda de acordo com a CCEE, nas três primeiras semanas de agosto, com a flexibilização de medidas de prevenção da Covid-19 e retomada de atividades econômicas, o consumo de energia no mercado livre aumentou 4,5% na comparação com o mesmo período de 2019. No mercado regulado, o volume consumido caiu 2% na mesma comparação.
Em relação à geração, as usinas hidrelétricas registraram crescimento de 12,9% na primeira metade de agosto na comparação com o mesmo período de 2019. A geração fotovoltaica teve aumento de 26,9% na mesma base de comparação. No Sistema Interligado Nacional (SIN), a produção de energia manteve-se praticamente estável (-0,1%) no período.
A energia solar e hidrelétrica são dois dos ramos de investimento do Grupo Interalli, que têm projetos para construção de PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e placas fotovoltaicas.
Segundo Simone Matico, gerente do setor de energia do grupo, o impacto maior foi sentido no começo da pandemia. “Tínhamos uma expectativa de começar a construção da PCH Salto Vermelho, por exemplo, neste ano. Mas por causa do cancelamento do leilão em março, por causa da pandemia, não pudemos avançar. A pandemia acabou atrasando o início de projetos”.
Com a perspectiva de recuperação, o grupo espera reforçar os investimentos em energia renovável e recuperar estes projetos atrasados.
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