Agropecuária responde por cerca de 80% da cesta básica, mas não decide sobre os preços
A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) demonstra preocupação com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com alta de 0,24% da inflação em agosto, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dia 9.
O agronegócio é responsável por prover 80% dos itens da cesta básica brasileira, que há três meses vem se constituindo em fator preponderante para o aumento da inflação. O preço do arroz subiu 19,2%, seguido por óleo (18,6%), leite (15,3%) e feijão (12,1%). Ante tais índices, a FAESP, que sempre defendeu a desoneração dos custos incidentes sobre esses produtos, reforça o alerta sobre o comprometimento da renda da maioria das famílias com a compra de alimentos essenciais para sua sobrevivência.
Fábio Meirelles, presidente da Faesp, explica que uma conjunção de fatores tem pressionado os preços dos alimentos: a alta do dólar, que encareceu os insumos, muitos deles importados e/ou com o preço regulado com base na moeda norte-americana; aumento das exportações, pois o câmbio está favorável às vendas externas; a entressafra de alguns produtos; e a corrida aos supermercados no início da pandemia.
“A sociedade pode contribuir para reduzir a pressão sobre a demanda, comprando menos e não estocando, pois não há qualquer risco de desabastecimento”, pondera Meirelles, acrescentando: “O governo, na medida do possível, deve buscar medidas capazes de equilibrar o câmbio, que baratearia os insumos. Também é essencial encontrar mecanismos, mesmo que contingenciais, para desonerar custos dos produtores e não aumentar mais seus impostos, como ameaça, por exemplo, um dos projetos relativos à reforma tributária”.
“A inflação é uma faca de dois gumes, com graves efeitos para o consumidor e todo o agronegócio”, afirma Meirelles, ao ponderar sobre o papel do trabalhador do campo, um dos setores mais impactados e um dos principais reféns da forte alta dos preços. “Não se pode culpar o produtor rural quando é ele quem provê a solução e trabalha incessantemente para garantir o alimento na mesa do brasileiro”, explica.
O Estado de São Paulo possui grande protagonismo na produção agropecuária nacional e, consequentemente, poderá ser um dos estados mais prejudicados com a alta dos preços. “Dispomo-nos a sugerir alternativas para essa questão”, completa o presidente da entidade.
Agronegócio – É evidente a capacidade de superação, resiliência e qualidade do setor. Houve crescimento de 1,2% da atividade no segundo trimestre, quando comparado ao período de 2019, e de 0,4% em relação aos três meses anteriores.
São Paulo tem papel decisivo nos resultados do PIB do agronegócio brasileiro, pois é produtor importante de café, arroz, amendoim, cana-de-açúcar, milho, frutas, soja, legumes e verduras. A agropecuária paulista também está avançada, principalmente nas regiões de Andradina, Araçatuba, Barretos São José do Rio Preto e Presidente Prudente. Quanto ao gado leiteiro, as principais regiões produtoras são o Vale do Paraíba, Campinas, Araraquara, São Carlos, Rio Claro, Mococa, Franca e Porto Ferreira.
A FAESP reforça a necessidade das autoridades em reavaliar o cenário de enfrentamento à pandemia da COVID-19, assim como as características dos setores produtivos, para garantir mais segurança jurídica, seja na aplicação da legislação do ICMS ou na adequação às especificidades dos tributos incidente no agro, um dos pilares mais importantes e essenciais para o Brasil.
O Brasil é um grande produtor de arroz – O arroz teve grande influência para que o IPCA chegasse a 2,44%, no último ano. Com o registro de alta na casa de 19,2%, o grão é um dos itens mais inflacionados da cesta básica.
Apesar da polêmica se vai faltar arroz, não há risco de desabastecimento, pois o Brasil é um grande produtor do alimento
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