A data é comemorada sempre na primeira sexta-feira de agosto, e apesar da cerveja estar sempre ligada ao universo masculino, desde os primórdios da bebida elas sempre tiveram participação em sua história
Em 2007, em Santa Cruz, na Califórnia, foi criado o Dia Internacional da Cerveja, comemorado sempre na primeira sexta-feira de agosto, com o objetivo de saborear a bebida e celebrar as cervejarias ao redor do mundo. Apesar de muita gente ainda associar o universo masculino ao hábito de tomar cerveja, as mulheres sempre tiveram participação ativa na cena cervejeira desde os primórdios da bebida.
Com relação à história da cerveja, sua produção teve início por volta de 4.000 A.C., e as responsáveis foram as mulheres da Suméria, que as produziam e comercializavam enquanto os homens saíam para caçar. Além disso, os sumérios também tinham uma deusa que representava a bebida, chamada Ninkasi.
Outra deusa também contribuiu para a história: Ceres é conhecida como a deusa dos cereais, daí a origem do nome cerveja. “Por volta de 1.800 A.C., foi escrito um poema chamado Hino para Ninkasi, que era a primeira receita de uma cerveja, cuja fórmula contém ervas e grãos variados”, explica Camila Nassar, técnica de produção da cervejaria Berggren.
Cervejeira por acaso – Natural de Itajubá, sul de Minas Gerais, Camila tem 32 anos e seu interesse pela produção de cerveja foi por acaso. “Estava procurando estágio obrigatório e qualquer lugar que abria uma vaga para engenharia, eu mandava meu currículo. Foi aí que surgiu a vaga de estágio em uma empresa do ramo cervejeiro, sendo que no assunto de cerveja eu só sabia beber e fazer balanço de massa em grandes equipamentos, confesso que nem sabia que dava para fazer cerveja em casa”, diz ela.
No mesmo ano ela começou a estudar sobre insumos (lúpulo, fermento, malte) e ler livros para cervejeiros caseiros. Em pouco tempo ela já comprou seus equipamentos para começar a fazer cerveja em casa e pôr em prática toda a teoria que acumulara. Apesar de ter aprendido muito com esse estágio, ela diz que vivenciou alguns episódios de preconceito.
“Em 2016 eu já era gerente de uma loja de cervejas de Campinas e, apesar de entender bastante sobre o assunto, muitos clientes gostavam de tirar dúvidas com um dos atendentes homens, porém, esses últimos sempre acabavam recorrendo a mim, o que deixava os clientes sem graça quando presenciavam tal cena.”, ressalta Camila.
Profissão que virou hobby – Já em 2018, ela começou a trabalhar em um pequeno brewpub em Sousas (Campinas), fazendo de tudo, desde a parte de entrega de Barril e montagem da chopeira para o cliente até a produção (brasagem). Em 2019, ela continuou sua trajetória na cervejaria Berggren, no laboratório, cuidando da qualidade de todo o processo. Posteriormente, ela foi para o setor de produção de cerveja. “Aqui foi onde menos sofri preconceito por ser mulher. Talvez pelo detalhe de não trabalhar diretamente com o público como nas outras empresas”, explica.
Hoje ela se diz realizada na profissão e que o trabalho se tornou um hobby, tanto que em alguns finais de semana ela fica em casa criando receitas e produzindo. “Trabalhar hoje com a marca é um sonho realizado, pois minha trajetória não foi fácil, tive sempre que provar que era capaz, estudar e mostrar meu potencial, mas creio que se eu fosse um homem tudo isso seria mais fácil”, finaliza Camila.
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Notícia Expressa
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