Projeto de startup, apoiado pela EMBRAPII, utiliza tecnologia semelhante à da NASA
Um equipamento capaz de fazer análises de solo de maneira rápida, econômica e sustentável é a novidade para o setor agrícola da startup Agrorobótica Fotônica, em parceria com a EMBRAPII (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial). A tecnologia adotada é a mesma do robô Curiosity, utilizada pela agência espacial norte-americana NASA, em missão exploratória de solo no planeta Marte.
A EMBRAPII tem uma linha de financiamento especial para startups com o objetivo de aumentar a competitividade delas no mercado promovendo a interação com outras empresas e beneficiando o setor industrial. Neste caso, o projeto, denominado LIBS (Laser Induced Breakdown Spectroscopy), foi desenvolvido em duas etapas. A primeira, em parceria com a Embrapa Instrumentação e, a segunda, com pesquisadores da USP, da Unidade EMBRAPII – Instituto de Física de São Carlos (Universidade de São Paulo).
O equipamento vai medir a quantidade de nitrogênio, micronutrientes e contaminantes em amostras de solos, plantas e fertilizantes. A tecnologia atua por meio de um laser de alta energia que focalizado sobre a superfície da amostra, gera um microplasma que fragmenta as moléculas possibilitando a análise detalhada dos elementos.
A inovação é pioneira para utilização agroambiental em larga escala para fins comerciais. A estimativa é que ela analise mais de 500 amostras por dia e ainda traz conceitos de sustentabilidade, pois não gera resíduos químicos. Para se ter uma ideia, um laudo completo de análise de amostra pode ser obtido em torno de 15 minutos, enquanto no método tradicional leva cerca de 15 dias.
Desta forma, o agricultor poderá elevar sua rentabilidade, pois 60% do aumento da produtividade corresponde a correta nutrição das plantas e 22% do custo-de-produção dos agricultores corresponde à corretivos e fertilizantes.
Segundo Aida Bebeachibuli, da startup Agrorobótica, spinoff da Embrapa Instrumentação, a inovação é de extrema importância para o agronegócio, uma vez que atualmente não há outro técnica similar que faça essa medida de forma direta. Com os dados mapeados, agrônomos e produtores rurais poderão tomar decisões mais efetivas no cultivo. “Uma das vantagens é a velocidade de processamento de amostras e o baixo custo de análise, quando comparado com os métodos de referência em que são necessários em torno de 13 procedimentos químicos diferentes, gerando muitos resíduos.”
Para o coordenador do projeto, Fábio de Angelis, a população mundial vai alcançar 10 bilhões de pessoas em 2050, necessitando um aumento de produtividade de 70% das principais culturas agrícolas. Isto só será possível com a digitalização dos mapas nutricionais de solos e plantas, uma vez que a correta nutrição das plantas responde por quase 60% da produtividade total das culturas agrícolas.”
Apoio para startups – A EMBRAPII é uma organização social que tem contrato de gestão com o Ministério da Educação (MEC), de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e Saúde. Em seis anos de operação, já apoiou quase 1000 projetos em parceria com empresas nacionais de diferentes portes e segmentos, totalizando R﹩ 1,5 bilhão em investimentos.
Em seu modelo de negócio, os valores dos projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) são divididos entre a instituição, as Unidades EMBRAPII (centros de pesquisa credenciados) e a empresa demandante. Os recursos aportados são não reembolsáveis. No caso de projetos com startups, há linhas especiais de financiamento que diminuem a contrapartida das empresas e aumentam as facilidades para inovar. A instituição conta ainda com acordo com o Sebrae que amplia a abrangência dos recursos aportados para micro e pequenas empresas. O objetivo é que os empreendedores também possam desenvolver e compartilhar suas propostas tecnológicas ganhando competitividade no setor produtivo.
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