O impacto do estresse da desmama sob o consequente desempenho produtivo de bovinos
Por Bruno Cappellozza, Pesquisa e Desenvolvimento da Nutricorp
Durante a vida produtiva dentro de uma fazenda, os ruminantes de corte e leite são inevitavelmente expostos a diversos tipos de situações que levam o animal ao estresse. Por definição, o estresse na pecuária é considerado como quaisquer situações que tirem os animais de sua zona de conforto (homeostase). Essas, anteriormente citadas, podem ser chamadas de estressores que, por vezes podem ser classificadas em: Físicos, como enfermidades, castração, descorna e lesões causadas por brigas entre os animais e/ou manejo; Psicológicos, como desmama, mudança de ambiente/fazenda, transporte, mudanças hierárquicas no grupo, restrição alimentar e hídrica e, por fim, Fisiológicos, resultado das mudanças no funcionamento dos sistemas endócrinos e neuroendócrinos, causadas pelos estressores físicos e psicológicos.
Dentre as etapas dos processos produtivos em bovinos de corte e leite, a desmama que constitui-se da separação do par bezerro/bezerra-vaca, inevitavelmente exige grande atenção da fazenda, já que os animais são expostos a diversos fatores de estresse, tais como o próprio ato da desmama, que afeta tanto a vaca quanto o bezerro, e fatores exclusivos aos bezerros, como: nova reorganização social dentro do grupo de bezerros recém-desmamados, novos ambientes (pastos, instalações e/ou fazendas), exposição a diferentes alimentos e novas fontes alimentares, bebedouros, colaboradores e manejo. Esses estressores e, principalmente, como o animal lida com esses estressores, podem comprometer a saúde e o desempenho produtivo dos animais durante toda a fase da recria.
De maneira geral, a desmama em bovinos de corte ocorre entre os meses de Abril e Agosto, quando os animais estão aproximadamente com 7 – 8 meses de idade e pesando, na média, algo em torno de 180 – 190 kg de peso vivo (PV). Após o processo da desmama, os animais podem ser vendidos para produtores que recriam esses animais e engordam no confinamento ou podem ser recriados na mesma fazenda e/ou grupo de origem desde o nascimento. Já em bovinos leiteiros, a realidade acaba sendo um pouco diferente, já que a separação do par vaca-bezerro(a) ocorre nas primeiras 48 horas após o nascimento e os bezerros(as) acabam sendo mantidos em instalações, chamadas de bezerreiros, por um período aproximado de 8 – 9 semanas até a desmama de fato acontecer.
Como relatado para bovinos leiteiros, o processo de separação do bezerro da vaca é realizado de forma abrupta, enquanto que em bovinos de corte diversas técnicas podem ser adotadas pelos produtores, tais como o desmame abrupto e lado a lado. No desmame abrupto, como o próprio nome sugere, os bezerros são separados das suas mães de uma hora para outra, sendo colocados após o desmame em pastos distintos e distantes. É sabido que essa técnica de desmame pode ser estressante para os animais (vaca e bezerros) e prejudicar de maneira significativa a saúde e o desempenho produtivo do rebanho. Por isso, é importante o desenvolvimento de tecnologias ou técnicas de manejo que possam reduzir o estresse da desmama, melhorando assim a saúde e o desempenho dos animais no período pós-desmama.
Uma das técnicas de manejo a ser considerada é a desmama lado a lado. Nessa técnica, os bezerros são desmamados e colocados em piquetes um ao lado do outro, estando separados assim apenas por uma cerca. Essa técnica permite, com limites através da cerca, um certo contato físico e visual entre a vaca e o bezerro, reduzindo assim o estresse e as respostas resultantes dele na saúde e desempenho dos animais. Entretanto, em algumas situações, a propriedade não possui a capacidade de realizar a desmama lado a lado, fazendo com que o desmame abrupto seja a única forma de desmame disponível e factível.
Com base nesses cenários, uma tecnologia vem sendo inicialmente utilizada em situações práticas com resultados extremamente positivosé o SecureCattle®, um produto análogo a uma substância que a vaca produz no momento do parto, chamada de Substância Apaziguadora Bovina (SAB). A Nutricorp vem realizando diversos experimentos com essa tecnologiapara demonstrar a efetividade na redução dos efeitos negativos ocasionados pelo estresse com uma consequente melhoria do desempenho e saúde do rebanho nesse período delicado para o sistema produtivo de bovinos.
O produto deve ser aplicado topicamente entre os chifres dos animais em diversos momentos de estresse, inclusive nocaso da desmama. O SecureCattle® é sentido pelos animais através do sistema olfatório por receptores localizados no órgão vomeronasal e no epitélio olfatório, gerando assim sinais para o Sistema Nervoso Central (SNC) que, por sua vez, causa um efeito apaziguador nos animais com uma consequente redução do estresse ocasionado pela situação de manejo a que os animais são expostos.
Nos estudos de pesquisa inicialmente conduzidos pela Nutricorp, a aplicação de 1 dose (5 mL/cabeça) de SecureCattle® no momento da desmama aumentou o ganho de peso diário (GPD) na ordem de 70 a 376 gramas/dia. Ao final do período de avaliação (45 dias), os animais que receberam o SecureCattle® estavam entre 3 e 16 kg mais pesados do que os animais que foram desmamados, mas não receberam a tecnologia da Nutricorp. Além disso, os dados de pesquisa com o SecureCattle® demonstram que o mesmo age pela redução nas concentrações circulantes de haptoglobina, um dos principais marcadores de estresse e inflamação em bovinos. Em outras palavras, quando as concentrações dessa proteína são reduzidas, os animais apresentam um status imunológico e de saúde mais fortalecido, assim como um melhor desempenho, seja ele através do GPD ou eficiência alimentar (EA).
Alguns pontos importantes sobre a tecnologia SecureCattle® devem ser considerados pelo produtor, tais como (1) o fato de o produto ser aplicado junto com o manejo programado e já realizado pela fazenda, não causando manejo extra à mesma e (2) o produto é aplicado de maneira tópica e, por isso não se faz necessário o uso de agulhas que podem levar a abscessos nos animais e trazer risco à segurança dos colaboradores da fazenda.
Em resumo, podemos concluir que a desmama causa um estresse nos animais, prejudicando assim a sua competência imunológica (saúde) e o desempenho do rebanho pós-desmama. Por isso, faz-se necessário o uso de algumas tecnologias para reduzir o estresse e suas respostas negativas no rebanho, tais como o SecureCattle® da Nutricorp.
–
–
Alfapress Comunicação
alfapress.com.br