Quarto report mostra redução na exportação de carne bovina à UE; Embarques de soja em grãos cresceram 35% no primeiro trimestre
O Grupo Técnico de Monitoramento do Abastecimento de Alimentos e produtos agropecuários no Estado de São Paulo lança diagnóstico atualizado com os principais impactos da pandemia do Novo Coronavírus ao setor. Os dados englobam toda a cadeia, nos 645 municípios, e são de 13 a 17/04/2020.
Na primeira semana de abril, segundo o relatório, o volume de carne bovina in natura exportado teve alta de 9% em relação à última semana de março, sendo que a habilitação de novas plantas frigoríficas para o Egito, durante esta semana, deve contribuir ainda mais para a ampliação das exportações. Entretanto, foi registrado redução no embarque de carne bovina destinado à União Europeia, tanto em valor quanto em volume, no primeiro trimestre de 2020: a queda foi de 24,5 mil toneladas, em 2019, para 21,6 mil toneladas este ano.
De acordo com a Associação Europeia das Cooperativas Agrícolas, o setor de carne bovina europeu foi severamente atingido pela atual crise e o prolongamento da pandemia poderá ter efeitos adversos sobre as exportações brasileiras em função da potencial retração da demanda nos países europeus.
Em relação à carne de frango, mesmo com o reajuste das exportações e com a normalização da demanda do mercado asiático e do Oriente Médio, a fraca comercialização frente à baixa demanda do mercado interno, fruto da redução do poder aquisitivo da população e do fechamento de restaurantes, bares e escolas, reduziu as escalas de abates dos frigoríficos de aves forçando a renegociação dos contratos firmados com as granjas.
A desvalorização do suíno tem sido mais intensa, pressionando a relação de troca atual de animal vivo por milho ou por farelo de soja para o menor patamar desde setembro de 2018. Contudo, a permissão de retorno das compras de alimentos pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) tem gerado expectativa por parte dos produtores independentes de suínos que, conforme verificado ao longo das últimas semanas, continuam enfrentando dificuldade para vender os animais.
Durante a quarentena, a oferta de ovos caiu no Estado, segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. O que se deve a uma redução do plantel no final do ciclo de postura de 2019. A redução da renda e o aumento do desemprego, ao colocarem os ovos como única fonte de proteína acessível para uma fatia cada vez maior da população brasileira, eleva a demanda pelo produto e consequentemente os preços recebidos pelas granjas.
No âmbito das commodities, os embarques de soja em grãos cresceram 35% no primeiro trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019, ao passo que as exportações de farelo de soja caíram 22%. Se confirmada a redução de 20% a 30% na demanda interna por biodiesel, a indústria de esmagamento deverá reduzir ainda mais o ritmo de produção nos meses de maio e junho, o que reduzirá a oferta de farelo de soja para a União Europeia e outros destinos.
O Brasil registra recorde de milho já vendido: 60% entre safra verão e safrinha, sendo que o preço deve ser sustentado pelas exportações. As previsões de chuva, importantes para a safrinha, estão ruins, o que também deve contribuir a um cenário de custo firme para o segundo semestre.
As exportações brasileiras de café para os países europeus sofreram leve retração no primeiro trimestre de 2020, possivelmente associada ao fechamento de cafeterias e restaurantes. Já o setor de sucos não relatou dificuldades de embarcação ao mesmo destino até o momento. O IEA registrou que a indústria citrícola paulista tem pressionado os fornecedores de laranja a reverem contratos em plena entressafra da cadeia produtiva, em decorrência dos elevados estoques de suco ainda oriundo da safra passada, pressionando as cotações internacionais para baixo.
O preço da gasolina e etanol diminuiu devido à queda do preço do petróleo. Na quarta-feira, 15/04, a Petrobras reduziu em 8% o preço da gasolina nas refinarias, uma queda acumulada de cerca de 50% no ano.
As exportações brasileiras de frutas (incluindo nozes e castanhas) para a UE, no primeiro trimestre de 2020, caíram 13,8% em valor e 8,4% em volume, em relação ao mesmo período do ano passado. Cerca de 60% das exportações brasileiras de frutas têm a União Europeia como destino, portanto, mesmo que boa parte da produção possa ser absorvida pelo mercado interno, a renda dos exportadores tende a sofrer retração.
A produção de leite iniciou 2020 desacelerada, causando redução de oferta da ordem de -2,1%. Em apoio ao setor, o Ministério da Agricultura sinalizou um orçamento de R$ 130 milhões para o Programa PAA Leite, tendo como prioridade atender a cadeia da região do Nordeste. A medida auxiliará na manutenção da captação do leite por pequenos laticínios que trabalham com agricultura familiar.
Para a piscicultura, a comercialização pós Semana Santa apresentou queda em algumas regiões produtoras de peixes nativos. No entanto, a abertura de um novo canal de comércio de camarão com a Coreia do Sul deve ampliar as negociações externas. Três plantas foram habilitadas para a exportação, medida que irá auxiliar no escoamento da produção de camarão, que teve 80% de seu comércio afetado.
A CEAGESP mantém seu atendimento estável. Diante das dificuldades sazonais registradas na semana anterior para algumas culturas, foram observadas elevações de preços em produtos como tomate, batata, alho, cebola, mamão, laranja, limão, ovos, entre outros. Passado este período de maior procura, a tendência é que os preços apresentem redução e permaneçam satisfatórios ao consumidor.
Segundo o Instituto de Food Service Brasil (IFB), a redução do faturamento de operadores se manteve na faixa de 62% em comparação ao mesmo período de 2019, indicando estabilidade em relação à semana anterior. Embora 65,49% das empresas esteja operando com delivery, drive thru ou take away, 65,45% tiveram queda de faturamento superior a 70% em março.
Todos os portos continuam operando normalmente, adotando as medidas de segurança estabelecidas pela ANVISA e OMS.
O relatório visa dar continuidade ao monitoramento dos diversos setores de alimentos e produtos agropecuários através dos indicadores que foram previamente estabelecidos pelo Grupo Técnico de Monitoramento do Abastecimento de Alimentos e produtos agropecuários no Estado de São Paulo, que é composto pelo secretário de Agricultura e Abastecimento, Gustavo Diniz Junqueira, Presidente da InvestSP (Agência de Promoção de Investimentos e Competitividade), Wilson Mello, representantes da Prefeitura, da Associação Brasileira da Industria de Alimentos (ABIA), Associação Paulista de Supermercados (APAS), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL), Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo (FETCESP), Instituto de Foodservice Brasil e outros importantes representantes do setor privado.
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Assessoria de Comunicação
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo