Com a ILPF bem estruturada é possível diversificar a produção obtendo maior segurança e ganhos na fazenda
A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é a ferramenta mais eficiente quando o assunto é máxima produtividade aliada à sustentabilidade. A estratégia é ideal para o produtor que busca o melhor desempenho de suas lavouras de forma otimizada intensificando o uso da terra e ao mesmo tempo preservando o solo. Um dos maiores benefícios da técnica é sua versatilidade sendo uma solução que possui múltiplos sistemas de intensificação.
Contudo a ILPF não combina com pressa, o produtor precisa ter paciência para aferir as ferramentas, se adaptar ao sistema, para assim colher bons frutos. Um dos exemplos desse trabalho foi comprovado em um dos estudos realizados pela Embrapa. O projeto teve início em meados de 2014 em uma fazenda na região de Naviraí/MS e foi avaliado por cinco anos a fim de obter resultados concretos.
A propriedade era formada por solos arenosos de relevo plano a suavemente ondulado. Sob o clima tropical, a região conta com precipitação pluvial média variando entre 1.400 a 1.700 mm anuais, sendo janeiro o mês mais chuvoso com precipitações ao redor de 220 mm. Para a implantação, o solo foi corrigido quimicamente com calcário, gesso e fósforo, conforme as recomendações técnicas. Logo após a correção, foi semeada aveia para uniformização da área. Em seguida, foram plantadas as mudas de eucalipto que formaram a floresta e os renques de eucalipto que fazem parte do sistema de ILPF.
Além das adubações, controlaram plantas daninhas e pragas. Nas áreas destinadas aos sistemas de ILPF, foram implantadas fileiras simples, duplas, triplas e quádruplas.
Na safra de verão de 2014/2015, foram iniciados os cultivos dos sistemas produtivos. Nos talhões “a” dos sistemas de ILPF foi semeada a soja, e nos talhões “b”, semeadura da pastagem Brachiaria brizantha cv. Piatã.
Análise econômica – Os custos com a correção e preparo do solo para implantação das culturas anuais e das pastagens, considerados investimentos, foram amortizados pelo período de cinco anos e rateados entre os sistemas estudados.
Custos e receitas calculados neste estudo (entre 2014 e 2019):
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- Produção agrícola – insumos, manutenção e depreciação das máquinas e dos equipamentos, combustível, mão de obra, custos administrativos, equipamentos e benfeitorias;
- Produção pecuária – formação da pastagem, manejo sanitário animal e mão de obra utilizada no trato com os animais;
- Para a pecuária – foi levado em conta o custo da @ de carcaça/ha no período, multiplicada pelo preço do dia da comercialização dos animais (R$/@);
- Para a lavoura – considerou-se a produção (sc/ha) de soja e milho safrinha* e o preço médio da região no dia da colheita.
Custos e receitas não considerados neste estudo:
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- Implantação do maciço florestal
- Renques nos sistemas de ILPF
O resultado econômico-financeiro foi medido pela margem bruta, que é a diferença entre receita (resultante da venda dos produtos obtidos) e custo operacional (desembolso monetário por parte da atividade produtiva para a sua recomposição) e pela taxa de retorno, que consiste na relação entre a renda bruta e o custo operacional.
Análise do trabalho – De acordo com a engenheira agrônoma, Andreza Cruz, técnica em sementes da Soesp – Sementes Oeste Paulista, o trabalho realizado pela Embrapa tem pontos importantes de se destacar: Em inverno muito seco ou solos muito arenosos é melhor substituir a safrinha de agricultura no inverno por pecuária.
Foi necessário levantar os custos para analisar realmente o que valia a pena. “Muitas pessoas não fazem esse levantamento. Como, às vezes, o risco da safrinha de milho é tão grande, compensa fazer essa safrinha com boi. Deixar o pasto para virar palhada para entrar a agricultura no começo do ano quando voltam as chuvas. O risco é menor é o produtor ganha mais. O boi na entressafra é mais seguro”, destaca.
Segundo a engenheira agrônoma, quando o produtor começa a reformar as pastagens degradadas com agricultura, frequentemente essas áreas são as piores em relação ao solo, textura mais arenoso, pouca profundidade, pouca fertilidade, enfim, as áreas marginais da propriedade. Então, ele tem que ter em mente que esse cultivo, muitas vezes, não terá o mesmo retorno das áreas de agricultura tradicional, que há anos são manejadas, fertilizadas e naturalmente tem maior produtividade. “É preciso apenas que nessa área sejam amortizados os custos da reforma da pastagem. Isso que ele tem que buscar primeiramente, não altas produtividades”, diz a profissional.
Resultados obtidos – Os sistemas apresentaram renda líquida positiva e elevada taxa de rentabilidade, com grande variação. A renda bruta média do ILPF é 24,1% superior à do pasto permanente, e a renda do ILP é 45,1%, maior.
“Neste caso a ILPF só obteve menos renda bruta que o ILP porque ainda não está contabilizado o eucalipto – que em até dois anos será cortado e somará a renda. É esse resultado macro que o produtor tem que buscar. É preciso olhar a renda total e como nesse caso avaliou-se durante cinco anos ele conseguiu ter um panorama geral do que realmente valeu a pena”, finaliza Andreza.
* O cultivo do milho safrinha foi realizado em apenas duas safras, 2015 e 2016, nos talhões “a” dos sistemas de ILPF e ILP. Tendo em vista as baixas produtividades obtidas, decidiu-se que a partir da safra 2017 não seria mais cultivado.
ACESSE AQUI o estudo completo.
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