Em 2018, o mercado do controle biológico movimentou R$ 464,5 milhões no Brasil, com projeção de crescimento em 25% ao ano

Os produtores rurais de todo o Brasil que optam por utilizar o controle biológico como método de manejo de pragas e doenças podem não saber, mas o produto que utilizam é oriundo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, desenvolvido por meio da pesquisa científica realizada pelo Instituto Biológico (IB-APTA). As cepas IBCB 66 e IB 425, usadas para a fabricação de bioinseticidas para controle biológico da mosca branca, ácaro rajado, cigarrinha-da-raiz do milho e cigarrinha-da-raiz da cana-de-açúcar, foram selecionadas pelo Instituto em 1986 e 2000, respectivamente, e hoje são usadas por mais de 90% das empresas que fabricam esses produtos biológicos. Todas as 75 biofábricas brasileiras de produção de produtos para controle biológico já foram assessoradas pelo Instituto de pesquisa paulista, que é referência no Brasil e no Mundo nesta área.

De acordo com Antonio Batista Filho, pesquisador do IB e coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), a cepa IBCB 66 é utilizada para o controle da mosca-branca e ácaro rajado nas culturas da cana, café, milho, melão, morango, flores e banana, além de ser eficiente para o controle da cigarrinha-da-raiz do milho. Apenas na cultura da soja, o uso dessa cepa do Instituto está em cerca de três milhões de hectares movimenta R$ 5 milhões por ano.

“A seleção desse grupo de cepas pelo IB tem permitido a produção de produtos pelas empresas privadas de todo o País para o controle de importantes pragas que acometem a agricultura brasileira. Essas empresas, além de usarem esse material do IB, ainda contam com assessoria do Instituto para sua implementação e funcionamento. A pesquisa científica auxilia, desta forma, todo o setor de produção no campo e na cidade, pois essas empresas geram empregos e renda para todos os brasileiros”, afirma.

O pesquisador do Instituto Biológico, José Eduardo Marcondes de Almeida, afirma que a cepa IB 425 é utilizada para o controle biológico da cigarrinha-da-raiz da cana, e também está disseminada por todo o País. O uso dessa cepa permite a redução em até 70% da incidência da praga, sem a necessidade do uso de defensivo agrícola.

“Cerca de 1,5 milhões de hectares de cana-de-açúcar no Brasil utilizam nossa tecnologia. O controle biológico da cigarrinha abriu nova oportunidade de negócio e, consequentemente, gerou novos empregos”, diz Almeida.

Com o uso do fungo M. anisopliae, houve redução de pelo menos 30% na utilização dos inseticidas thiametoxam e imidacloprido, no controle da cigarrinha-da-raiz da cana. O custo de aplicação dos defensivos agrícolas por hectare, atualmente, é de R$ 100 reais. Com o uso do controle biológico, é possível fazer o controle dessa praga ao custo de R$ 45 reais por hectare. A economia chega a R$ 21 milhões de reais por ano.

Almeida explica que o sucesso das duas cepas selecionadas pelo IB está na eficácia no controle biológico de diversas pragas importantes para a agricultura nacional e a permissão do uso em produções certificadas como orgânicas.

 

Controle biológico: um mercado de R$ 464,5 milhões – O controle biológico consiste na utilização de inimigo natural para o controle de determinada praga alvo. A tecnologia é considerada sustentável, por não utilizar produtos químicos, evitando a contaminação dos trabalhadores rurais, dos alimentos e do meio ambiente. Ele pode ser utilizado na agricultura orgânica e também em conjunto com defensivos agrícolas.

A técnica é considerada indispensável no programa de Manejo Integrado de Pragas (MIP) por combinar práticas culturais e químicas para a gestão da resistência, com ganhos reais de produtividade. A maioria dos produtos biológicos de controle é isenta de limites máximos de resíduos, atendendo as exigências dos mercados consumidores globais em relação aos resíduos de produtos químicos em alimentos.

De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio), a adoção de produtos biológicos de controle vem aumentando gradativamente na agricultura brasileira. Em 2018, o mercado brasileiro movimentou R$ 464,5 milhões, um crescimento de 77% em relação ao ano anterior.

Esses produtos são empregados, ainda de acordo com a ABCBio, em cerca de 10 milhões de hectares de um total de 77,4 milhões de hectares cultivados no Brasil. O setor projeta crescimento no mercado nacional de 25% ao ano, para os próximos cinco anos, contra 17% esperados no mercado global.

A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, tem a missão de coordenar e gerenciar as atividades de ciência e tecnologia voltadas para o agronegócio. Sua estrutura compreende o Instituto Agronômico (IAC), Instituto Biológico (IB), Instituto de Economia Agrícola (IEA), Instituto de Pesca (IP), Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) e Instituto de Zootecnia (IZ), além dos 11 Polos Regionais distribuídos estrategicamente no Estado de São Paulo.Balanço Social realizado pela Agência no biênio 2016/2017 mostrou que a cada real investido, a APTA retornou R$ 12,20 para a sociedade. As 48 tecnologias analisadas e adotas pelo setor produtivo tiveram R$ 10,9 bilhões de impacto econômico no período. Isso significa mais produtividade no campo, sustentabilidade da produção, renda para o produtor rural e alimentos de qualidade para a população. Facebook | Instagram | Twitter.

Por Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa – APTA
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