Fraude no azeite de oliva: informação é peça-chave para o consumidor
Por Gustavo Campestrini
É isso, pelo menos, que um número cada vez maior de pessoas pensa. Enquanto buscam um estilo de vida mais saudável, mudam seus hábitos alimentares, suas técnicas de cozinha e seus ingredientes favoritos, enfrentam um inimigo silencioso e discreto: a má índole de diversas marcas do setor alimentício.
O cultivo de azeitonas é uma tradição milenar com origem na região mediterrânea. A produção de azeite marcou a nutrição, gastronomia, medicina e estética de uma civilização inteira. Mais que isso: continua sendo a opção mais clássica na hora de preparar um refogado ou temperar uma salada.
É fácil compreender porque o azeite de oliva se tornou aliado de pessoas que buscam um estilo de vida mais saudável e natural. O seu consumo tem sido associado à uma diminuição das chance de desenvolvimento de câncer, doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes. O Brasil, dentre os maiores importadores de azeite, ocupa o terceiro lugar no ranking mundial.
É nesse cenário que, somente no mês de julho, o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) proibiu a venda de seis diferentes marcas de azeite de oliva. As empresas responsáveis são acusadas de comercializar produtos com mistura de óleos, sem a presença de azeite de oliva e impróprios para o consumo.
Não é caso inédito no Brasil. Em 2017 uma operação similar retirou 64 marcas das prateleiras do mercado. Em 2018, foram no total 46 marcas reprovadas. Em virtude da dificuldade e do alto custo da produção do azeite de oliva, empresas utilizam meios fraudulentos para otimizar a produção e rendimento do azeite. Ou ainda, encontram formas para ludibriar ou induzir o consumidor ao erro.
Ninguém menos que o próprio consumidor para filtrar e selecionar os produtos que coloca em sua mesa. Nunca antes o acesso à informação foi tão simplificado – e, por vezes, descontrolado.
As dicas selecionadas abaixo reúnem tudo o que precisa-se saber para acertar na próxima compra:
- Rótulo. Mesmo que o termo “azeite de oliva” esteja em destaque, é importante reparar se em letras menores não aparece as expressões “óleo misto ou composto, temperos e molhos”.
- Embalagem. Deve ser de vidro e escura, para reduzir exposição à luz e oxidação do azeite. Pureza. Preferencialmente azeites virgens e, se possível, extravirgens. Esses produtos não passaram por refino industrial. Caso o azeite seja misto, ele deve obrigatoriamente apresentar os seus percentuais de composição.
- Acidez. Para um bom azeite de oliva, quanto menor a acidez, melhor sua qualidade. Azeites extra virgens devem ter acidez menor que 0,8% e azeites virgens entre 0,8% e 2%.
- Validade. Aqui vale o contrário dos vinhos: quanto mais fresco, melhor! O seu processo de oxidação é rápido e, com isso, perde-se seu aroma e sabor natural.
- Produção. O termo “prensado a frio” garante que o único método utilizado para extração do azeite foi o mecânico, que conserva o maior número de propriedades benéficas do azeite. Praticamente um suco fresco de azeitonas, certo?
- Envase. Atenção aos produtos envasados no Brasil: o envase do azeite de oliva em seu país de origem (isto é, no exterior) dificulta fraudes.
- Orgânico. Produtos orgânicos devem apresentar o selo “Produto Orgânico Brasileiro”, certificado pela IBD.
- Preço. O verdadeiro azeite de oliva costuma ter preço a partir de R$17,00. Produtos muito abaixo desse valor merecem desconfiança.
Caso ainda restem dúvidas, é possível fazer uma busca no site do MAPA. Para isso, é necessário acessar agricultura.gov.br e preencher o nome da marca do azeite na ferramenta de busca do site. Qualquer registro antigo ou atual de fraude ou inconformidade deve aparecer.
Como mencionado antes, informação há. Selecionar e assimilar essa informação é, de fato, um problema maior. Além disso, produzir e baratear estão no pensamento de cada cidadão moderno. Mais importante, no entanto, seria o homem reavaliar todos os seus valores, a fim de devolver aos produtos de qualidade o lugar que eles devem ocupar em nossas prateleiras.
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