A 24ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas entrou em sua semana decisiva. Até a próxima sexta-feira (14/12), líderes de mais de 190 países reunidos em Katowice, na Polônia, vão negociar as medidas de implementação dos compromissos assumidos no Acordo de Paris, firmado em 2015. Na esteira de soluções discutidas, especialistas vêm enfatizando a importância da adoção de políticas públicas como instrumentos eficazes na luta contra as emissões de gases de efeito estufa (GEE). E é nessa vanguarda que o Brasil tem figurado desde que criou o Programa RenovaBio, uma das iniciativas pioneiras para a descarbonização dos transportes no mundo.
Atualmente em fase de regulamentação, o RenovaBio foi tema de um evento organizado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), em um esforço integrado com foco na promoção do agronegócio nacional no exterior, e que conta também com o apoio de outras entidades do segmento produtivo brasileiro. No encontro realizado no Espaço Brasil da Conferência, sessões de palestras e debates tiveram a participação de executivos da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), da União Brasileira do Biodiesel e do Bioquerosene (UBRABIO), do deputado Federal, Evandro Gussi, e de representantes das ONGs Climate Bonds Initiative, da Coalizão Brasil Clima, Floresta e Agricultura e da World Bioenergy Association.
“O RenovaBio será a base para que este processo de transição para uma economia de baixo carbono seja bem-sucedido no Brasil. Trata-se de um mecanismo moderno de mercado, e não de subsídio ou um novo imposto. Combinar desenvolvimento ambiental com prosperidade econômica é primordial, pois este é o alicerce que proporciona investimentos em tecnologias mais limpas, como o etanol e outros biocombustíveis”, avalia a presidente da UNICA, Elizabeth Farina.
Em sua participação, Elizabeth resumiu o papel que o RenovaBio terá na substituição de fontes fósseis por renováveis em um segmento responsável por 20% das emissões globais de GEE. Nos próximos dez anos, de acordo com metas estabelecidas pelo Programa, o setor de transportes deverá reduzir em 10% as emissões de GEE oriundas do uso de gasolina e diesel por meio dos biocombustíveis. Com isso, estima-se que, em 2028, a p rodução de etanol de cana atinja aproximadamente 47 bilhões de litros. Para garantir que o produto seja fabricado de forma sustentável, haverá um processo de certificação com a comercialização de créditos de carbono em mercado organizado.
Para o diretor da UBRABIO, Donizete Tokarski que participou do debate, o potencial do biodiesel no mercado brasileiro é amplo, especialmente o do bioquerosene.
Predestinado à sustentabilidade – Ainda no evento moderado pela assessora Internacional Sênior da UNICA, Géraldine Kutas, o deputado Federal, Evandro Gussi, explorou a construção política do RenovaBio, que tem como característica o incentivo à eficiência produtiva e ambiental.
Evandro Gussi ressalta protagonismo do Brasil na área ambiental “O Programa é um modelo inovador e que pode servir de inspiração ao redor do mundo. Ao lado disso, além de mostrarmos a relevância dos biocombustíveis para a nossa matriz energética, também é preciso enaltecer um País que preserva 66% da sua vegetação nativa e o fato de ser um dos que menos usa área agricultável para produção”, enfatizou o parlamentar.
Os avanços e desafios envolvendo a agropecuária nacional no contexto das Mudanças Climáticas também foram abordados no evento. O facilitador da Coalizão Brasil Clima Florestas e Agricultura, André Guimarães, falou sobre o papel da ONG, e da importância da conservação ambiental e produção de bioenergia.
Já o CEO do Climate Bonds Initiative (CBI), Sean Kidney, destacou a disponibilidade de recursos para investimento de impacto na luta contra o aquecimento global e da necessidade de atuação em escala global. Salientou a importância da eletrificação da frota de veículos, especialmente da oportunidade que o Brasil tem no uso de biocombustíveis de aviação.
O presidente da World Bioenergy Association, Remigijus Lapinskas, enfatizou a importância da bioenergia, especialmente no setor de transportes. Elogiou as iniciativas do Brasil nesse sentido.
A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) é a entidade representativa das principais unidades produtoras de açúcar, etanol (álcool combustível) e bioeletricidade da região Centro-Sul do Brasil, principalmente do Estado de São Paulo. As usinas associadas à UNICA são responsáveis por mais de 50% da produção nacional de cana, 60% da produção de etanol e quase 70% da bioeletricidade ofertada para o Sistema Interligado Nacional (SIN). Na safra 2017/18, o Brasil produziu aprox imadamente 596 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, matéria-prima utilizada para a produção de 36 milhões de toneladas de açúcar, 26 bilhões de litros de etanol e 21,4 TWh para a rede elétrica nacional.
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